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RSF disponibiliza dez sites bloqueados por autoridades em ação contra a censura

Em uma iniciativa inédita para contornar a bloqueio de sites por governos que violam os direitos humanos, a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) está usando a técnica conhecida como ‘espelhamento’ para duplicar os locais censurados e colocar as cópias nos servidores de gigantes da internet como a Amazon, Microsoft e Google. Desde ontem (12/3), estão disponíveis dez meios de comunicação digitais que foram bloqueados por autoridades em 11 países como Cuba, China e Rússia. A ação é para comemorar o dia internacional contra a censura cibernética. De acordo com a EFE, para promover a campanha “Liberdade colateral“, um sistema replica os endereços e permite que a organização obtenha as páginas censuradas pelos governos para disponibilizar o acesso aos internautas.

Os cubanos, por exemplo, poderão consultar a página da agência independente Hablemos Press, fundada em 2009. Graças aos seus trinta correspondentes em 15 províncias do país, a entidade pôde denunciar as violações dos direitos humanos cometidas pelo regime, o que provocou a censura em 2011. Já os iranianos, vão ter acesso, pela primeira vez desde o ano 2000, ao site Gooya News, um meio marcado pelo pluralismo, já que divulga notícias da oposição e do regime, mas é proibido no interior do país pelas autoridades.

A RSF disse ainda que criará “espelhos” hospedados em grandes servidores, como o Google e Amazon, para reabrir estes meios, cujo bloqueio pelas autoridades do país provocaria graves prejuízos econômicos às empresas. “Para ajudar a tornar notícias e informações disponíveis nesses países livremente informados, todos os internautas são convidados a participar nesta operação, colocando esta lista em redes sociais com a hashtag #CollateralFreedom”, apela a entidade.

Na Bahia…

A recente censura do blog político “Por Escrito”, editado pelo jornalista Luís Augusto Gomes, chama atenção pela sutileza. Conhecido por sua posição autônoma e independente, o veículo foi invadido e retirado do ar após o ataque de hackers. Os piratas da internet chegaram a hastear, em comemoração, uma “bandeira” de ocupação do site, que teve que ser reconstruído. Para Luís Augusto, o caso evidencia a situação da imprensa e da liberdade de expressão no Brasil. “É um atentado contra a liberdade de expressão, um crime político que simboliza o risco que correm todos os veículos de comunicação do meio digital. No Brasil, não estamos livres dos que têm ojeriza ao debate e à livre circulação de ideias”, defendeu o jornalista, que costuma publicar duras críticas ao governo, além de bastidores e reflexões sobre o cenário político baiano e nacional. Motivo pelo qual, aliás, já foi alvo de discursos inflamados proferidos por parlamentares na Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, quando o “Por Escrito” publicou uma matéria sobre a disputa pela presidência da Casa.

Em reunião de Diretoria, realizada nesta quarta-feira (11), a Associação Bahiana de Imprensa (ABI) decidiu encaminhar uma declaração às autoridades encarregadas pelas investigações dos ataques orquestrados por hackers ao blog “Por Escrito”. O objetivo da ABI é exigir rigor na apuração e na punição dos responsáveis por mais essa violação que atenta contra a liberdade de imprensa.

 Confira alguns sites já espelhados e disponibilizados pela RSF:

  1. Grani.ru , bloqueado na Rússia, está agora disponível em https://gr1.global.ssl.fastly.net/
  2. Fergananews.com bloqueado no Cazaquistão, Uzbequistão e Turcomenistão, está agora disponível em https://fg1.global.ssl.fastly.net/
  3. O Tibet Post International , bloqueado na China, está agora disponível em https://tp1.global.ssl.fastly.net/
  4. Dan Lam Bao, bloqueado no Vietnã, está agora disponível em https://dlb1.global.ssl.fastly.net/
  5. Mingjing Notícias , bloqueado na China, está agora disponível em https://mn1.global.ssl.fastly.net/news/main.html
  6. Hablemos de Imprensa , bloqueado em Cuba, está agora disponível em https://hp1.global.ssl.fastly.net/
  7. Gooya Notícias , bloqueado no Irã, está agora disponível em https://gn1.global.ssl.fastly.net/
  8. Centro do Golfo para os Direitos Humanos , bloqueadas em Emirados Árabes Unidos, está agora disponível em https://gc1.global.ssl.fastly.net/
  9. Bahrain Espelho , bloqueado no Bahrein e Arábia Saudita, está agora disponível em https://bahrainmirror.global.ssl.fastly.net/

*Com informações do Portal IMPRENSA, EFE e Collateral Freedom.

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ABI BAHIANA Notícias

ABI se solidariza com diretor da instituição agredido por PMs em Cachoeira

Mais um caso de violência policial reforça o grave cenário de abusos e violações aos direitos humanos na Bahia e reacende o debate sobre os limites para o uso da força militar nas abordagens. Durante a reunião da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), realizada na manhã desta quarta-feira (11), um dos diretores da entidade, o jornalista e advogado Romário Costa Gomes, relatou ter sido brutalmente agredido por policiais militares, no último dia 16 de fevereiro, na cidade de Cachoeira, no Recôncavo Baiano. Com a presença dos diretores, o presidente da ABI-Bahia, Walter Pinheiro, prestou solidariedade ao colega. Uma representação preparada por três advogados será protocolada na Corregedoria da Polícia Militar, na Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia e na Secretaria de Comunicação Social do Estado da Bahia. O documento será encaminhado à ABI-Bahia, à Ordem dos Advogados do Brasil Seção Bahia (OAB-BA) e ao Sindicato dos Jornalistas do Estado da Bahia (Sinjorba), para que estas instituições dirijam-se diretamente ao Governo do Estado, para cobrar responsabilização e punição dos agressores.

Segundo a ‘Guia para Exame Médico-Legal’, requerido pela Delegacia Territorial de Cachoeira, o advogado alega que foi agredido fisicamente pelo 1º Sgt. Elinaldo de Souza Bonfim e pelo soldado Jackson dos Santos Souza, quando abordado no centro da cidade, acusado de estar obstruindo o trânsito. Romário Gomes, que alegou não usar drogas e não estar sob efeito de substância entorpecente, foi acusado de desacatar os policiais envolvidos na operação, da qual participou também o soldado Edson dos Santos Leal. O relatório assinado pelo médico clínico da Santa Casa de São Félix, Zacarias dos Apóstolos, atesta que Romário Gomes apresentava escoriações e hematomas no antebraço e punho, nas mãos e cotovelos.

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“Eu trafegava numa ladeira, em Cachoeira, que dá acesso uma avenida à beira rio. Reduzi a velocidade para cumprimentar duas pessoas e deixá-las atravessar a rua, quando surgiu uma viatura ao meu lado, impedindo o acesso de quem estava do sentido contrário. O sargento chamou a minha atenção ‘para que não obstruísse a via’. Eu respondi que estava em movimento lento, mas quem estava obstruindo a passagem era a viatura policial, por estar na contramão. Mas eles são ousados e prepotentes, não admitem que apontemos seus erros. O sargento, transtornado, com olhos esbugalhados e avermelhados, passou a desferir palavras de baixo calão e determinou que eu parasse o veículo e abandonasse a direção: ‘Pare essa p**** desse carro ali na frente!’. Como me recusei e segui, fui perseguido pela viatura. Parei 50m depois, ao perceber que eles faziam zig-zag na pista para eu bater o carro. Fui obrigado a deixar o carro, já que abordado pelos soldados, que empunhavam três metralhadoras. Ordenaram que eu levantasse as mãos e as pusesse em cima do carro, abrisse as pernas e braços. Eu não entendi e não atendi. Fui chutado violentamente nas duas pernas pelo policial Santos Souza, mesmo já tendo me identificado como advogado e jornalista”, relata Gomes.

Humilhação

De acordo com o jornalista, durante a abordagem, populares protestavam contra os policiais, afirmando se tratar de um cidadão considerado e prestigiado por toda a cidade, mas não adiantou e o sargento ainda apontou a metralhadora para os cidadãos. “Dei a carteira da OAB e da ABI, alertei que ele estava falando com um advogado e jornalista. Ele desdenhou afirmando que ‘aquilo não valia nada’. Após a abordagem, fui algemado com as mãos para trás e jogado de forma brusca no camburão da viatura, onde permaneci por cerca de uma hora, em frente à Delegacia de Cachoeira até ser conduzido para a Delegacia de Maragogipe.

Ao sair da Delegacia de Cachoeira, o sargento retirou as algemas da vítima, afirmando se tratar de um ‘favor’. “Quando aleguei ser uma pessoa idosa, ele respondeu com mais violência e desrespeito: ‘Idoso tem que se f****!’. Então, repeti que ele estava falando com um jornalista e advogado. Ele respondeu que ‘jornalista, advogado, juiz, promotor, para ele, não valiam nada”. Até hoje tenho dificuldades em fazer alguns movimentos com as mãos, além de escoriações nas pernas, causadas pelos coturnos dos policiais. Foram muitos os prejuízos”. Durante o trajeto, o veículo da vítima ainda permaneceu na mão do sargento Elinaldo, que não teria pedido permissão para dirigi-lo e vistoriá-lo sem a presença de seu proprietário.

“Quando o delegado solicitou ao soldado Santos Souza que trouxesse a documentação do carro, fiquei surpreso ao perceber a rapidez com que achou, dando a entender que já havia revirado o interior do veículo. Um fato que chama atenção no Auto de Entrega emitido pela Delegacia Territorial de Maragogipe é a discrepância entre a quantia em espécie entregue à unidade pelos policiais e o valor alegado pela vítima. Segundo Romário, entre seus pertences no carro apreendido, havia novecentos reais (em nove cédulas de R$100) que desapareceram, além de moedas de R$1 e cédulas de R$2 que totalizavam R$ 152, único valor devolvido pela polícia.

No dia seguinte à agressão, Romário Gomes procurou o Departamento de Polícia Técnica de Santo Amaro, que estava fechado, uma vez que os profissionais estavam à disposição do Carnaval de Salvador. No dia 18 de fevereiro, o jornalista conseguiu realizar o exame de corpo de delito em Santo Amaro, depois de três tentativas.

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ABI BAHIANA Notícias

Reunião da ABI discute invasão de hackers ao blog político ‘Por Escrito’

A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) decidiu, em reunião realizada nesta quarta-feira (11), encaminhar uma declaração às autoridades encarregadas pelas investigações dos ataques orquestrados por hackers ao blog “Por Escrito”, editado pelo jornalista Luís Augusto Gomes. O objetivo da instituição é exigir rigor na apuração e na punição dos responsáveis por mais essa violação que atenta contra a liberdade de imprensa. “É evidente que se trata de um cerceamento à liberdade de expressão. Isso não é um fato raro, mas tem que ser fortemente combatido. A ABI se mostra vigilante e disposta a cobrar apuração dos fatos”, afirmou o presidente da entidade, Walter Pinheiro, em apoio ao veículo.

Leia também: Blog político ‘Por Escrito’ é atacado por hackers e retirado do ar

O blog foi vítima de duas invasões de hackers em menos de quinze dias, tendo ficado fora do ar. Na segunda vez, o hiato foi de nove dias. Os piratas da internet chegaram a hastear, em comemoração, uma “bandeira” de ocupação do site, que retomou as atividades no último sábado (7). O editor do “Por Escrito”, Luis Augusto Gomes, relatou a situação durante a reunião na sede da ABI e agradeceu a atenção da entidade. O jornalista afirmou ter procurado novamente a unidade policial para prestar queixa, mas por falta de documentos pretende formalizá-la na tarde desta quarta-feira.

“Agradeço o acolhimento que a ABI dá a essa questão, incluindo o assunto no site institucional e tratando-o em reunião. Agradeço também a disposição da entidade em acompanhar a investigação policial, cujo desfecho será de grande importância para a imprensa baiana, uma vez punidos os responsáveis pela ação criminosa. O site já havia sofrido ataques, pelo menos cinco. Mas, desta vez, tivemos que reconstruí-lo”, afirma Luís Augusto Gomes.

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Wikipedia e mais oito instituições processam EUA por “vigilância em massa” na internet

A Wikimedia Foundation, organização sem fins lucrativos administrada pela enciclopédia Wikipedia, processou nesta terça-feira (10) o governo dos EUA e a Agência de Segurança Nacional (NSA) por vigiar a internet “em massa” para ter acesso a supostamente milhares de documentos de cidadãos dentro e fora do país. De acordo com EFE, a denúncia apresentada na Corte do Distrito de Maryland foi apoiada por outras oito organizações, entre elas Human Rights Watch (HRW), Anistia Internacional (AI) e a ONG Escritório de Washington para a América Latina (WOLA). Essa ação judicial constitui uma nova frente legal para os defensores do direito à privacidade que criticaram os programas de espionagem dos EUA desde 2013, quando o ex-analista da NSA Edward Snowden revelou operações de espionagem em massa.

Ação movida pelo Wikipedia constitui uma nova frente legal para os defensores do direito à privacidade - Foto: Reprodução
Ação movida pela Wikipedia constitui uma nova frente legal para os defensores do direito à privacidade – Foto: Reprodução

As instituições explicam que, como organizações defensoras dos direitos humanos e instituições relacionadas com o mundo da informação, emitem “centenas de milhares de documentos internacionais sensíveis na internet a cada ano”. “A Fundação Wikimedia se comunica com centenas de milhões de pessoas que visitam as páginas da Wikipedia para ler ou contribuem para o grande repositório de conhecimento humano que Wikimedia mantém em linha”, especifica o processo.

Como organizadores de caráter social, consideram que “a troca de informação de maneira confidencial, livre de vigilância e sem ordens judiciais do governo, é essencial”, enquanto “a vigilância viola a privacidade e solapa a capacidade dos litigantes para realizar suas missões”. Para pedir à corte que respalde seus argumentos, sustentam que a atitude do governo americano e da NSA viola a lei de Vigilância de Inteligência Exterior (Fisa, em sua sigla em inglês) de 2008.

Os litigantes exigem que o tribunal considere ilegal a “vigilância em massa” da NSA a americanos e outros cidadãos do mundo. Além disso, a ação exige que o governo dos EUA elimine de sua base de dados todas as comunicações supostamente interceptadas ilegalmente. Os autores da petição consideram que a “vigilância em massa” viola a Constituição dos EUA, especialmente as emendas referentes à liberdade de culto, de expressão, de imprensa, assim como a proibição de apreensões irracionais, que neste caso seriam de dados.

“A NSA realiza sua vigilância, tendo acesso diretamente à coluna vertebral da internet nos Estados Unidos, composta por cabos de alta capacidade, interruptores de luz e roteadores que transportam vastas quantidades de informação de americanos e outros cidadãos do mundo”, sustentam os querelantes, que ainda a argumentam que, enquanto se produzem as comunicações entre os americanos, a NSA intercepta dezenas de documentos de texto, comunicações internas do país e “dezenas de milhares” de termos de busca utilizados para localizar informação na Internet. A petição está dirigida a altos cargos do governo americano, como o procurador-geral Eric Holder; o diretor da NSA, Mike S. Rogers; e o diretor de Inteligência Nacional, James Clapper.

 *Informações do Portal IMPRENSA, EFE e Revista Época Negócios.

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