Notícias Pensando a imprensa

Teimosa e otimista, Cleidiana Ramos leva para o Pelourinho sua comemoração de 25 anos de jornalismo

Já faz 25 anos que Cleidiana Ramos insiste em ser jornalista – um tanto pesquisadora e professora também, nos últimos anos, mas sempre jornalista. Neste ¼ de século, ela palpita sobre como ela e colegas mantêm um jeito de ser e fazer jornalismo: “Nós temos sido pessoas teimosas, resistentes, desconfiadas. Isso faz parte do método”, resume Ramos.  

Nesta terça-feira (19), Cleidiana promove mais um dos seus eventos que celebram a escolha, feita há 25 anos, de ser jornalista. O mais marcante deles ocorreu em setembro, quando comemorou, em um formato similar, na cidade em que cresceu, Iaçu, município próximo a Itaberaba, na região do Piemonte do Paraguaçu. 

A celebração será a partir das 19h, na Casa do Benin, museu que fica, para quem está descendo, no final da Ladeira da Praça, no coração do Pelourinho. Pela manhã, quando lembrou aos seus convidados sobre a dificuldade com o trânsito e estacionamento na região por conta da decoração de Natal, Cleidiana deixou escapar marcas da sua forma de ver a vida: a sensibilidade e o otimismo.  “Vale  sair bem mais cedo e buscar alternativas de acesso como Baixa dos Sapateiros, Barroquinha  e semelhantes. Mas a experiência de circular por essa área tão especial vale a pena”, escreveu. 

Otimismo
A generosidade não se aplica apenas ao Centro Histórico de Salvador, mas também ao ofício de jornalista. São duas regiões por vezes desacreditadas, não por Ramos. 

“Eu não tenho uma avaliação pessimista [do jornalismo]. Com todos os problemas, com todas as crises dos negócios, que não é uma crise do jornalismo, mas talvez dos negócios em jornalismo. Eu tenho certeza que essa profissão ela tem cada dia mais importância, ela vai ser cada dia mais necessária”, avalia. 

A pesquisadora e jornalista sugere que é preciso olhar o acesso à informação como algo mais complexo do que parece, além de acreditar, com 25 anos de experiência, em mudanças no papel do jornalista, que opera hoje muito na frente da “curadoria” das informações. “Nós jornalistas temos essa responsabilidade social de traduzir as mais variadas informações no mundo que está passando por um processo muito complicado, não por conta da ausência, mas por conta de uma, digamos assim, epidemia de disseminação de informações”, contextualiza. 

Grande inspiração
As mudanças rápidas e radicais que o jornalismo vem enfrentando têm exigido mais dos profissionais da área. Para Suely Temporal, jornalista e diretora da Associação Bahiana de Imprensa, o perfil do profissional que quer sobreviver no mercado de comunicação hoje inclui persistência, resistência, resiliência, foco, determinação e, ao mesmo tempo, capacidade de adaptação. 

“Apesar de não ter tido a oportunidade de conviver com Cleidiana, posso afirmar com segurança que ela reúne todas essas características que citei acima, adicionadas à competência e inteligência”, afirma Suely, segunda-vice presidente da ABI. “Sua dedicação à cobertura jornalística das questões etnico-raciais ganha dimensão ainda maior pois se torna referência para gerações futuras”, diz Suely. 

Uma das marcas da carreira de Cleidiana foi sua contribuição, de 2003 a 2015, na concepção, reportagem e edição dos especiais do Dia Nacional da Consciência Negra do Jornal A Tarde. Uma edição que era esperada com ansiedade pelos leitores cujo projeto venceu prêmios como o do Banco do Nordeste (2009) e o Abdias Nascimento (2013).

Também de olho no futuro do jornalismo, a diretora de Comunicação da ABI, a jornalista Jaciara Santos, também acredita que o perfil de Cleidiana não só inspirou como pode continuar inspirando profissionais. 

“Embora tenha chegado ao mercado bem depois de mim, Cleidiana e eu fomos contemporâneas no jornalismo. Ela pelo A Tarde, eu, pela Tribuna da Bahia e depois pelo Correio”, lembra Jaciara.  “Sempre admirei seu profissionalismo e tinha certeza absoluta de que ela era (e é) uma jornalista que marcaria presença no jornalismo. Feliz por ter acertado”, afirma.

Grande água
Cleidiana conta que escolheu celebrar. O que vem fazendo ao longo do ano em uma série de ações batizada de Projeto I-Omi. A explicação, divulgada pela equipe, é: “O termo é uma junção do elemento “I” que na língua tupi pode ser traduzido livremente como “Grande”. Já “Omi” é uma palavra em iorubá para água. Essa junção dos termos traduz as duas referências territoriais e de identidade da jornalista: o sertão e a herança afro-brasileira”. 

A também professora e pesquisadora lançará em Salvador dois livros dentro desse projeto. Cibervida, Cibermorte, Cibersorte – sua primeira obra ficcional –  e a segunda edição de Os Caminhos da Água Grande, seu TCC em jornalismo que ganhou notas com informações atualizadas sobre a cidade de Iaçu. Cibervida, Cibermorte, Cibersorte é uma coletânea com histórias ligadas a conflitos, tensões, acertos e redenção a partir da interação com tecnologias da informação e comunicação. 

Uma série de lives no Instagram, uma campanha de crowdfunding no Catarse para viabilizar a publicação dos livros, um site, além de uma parceria com as secretarias de Cultura, Comércio e Turismo e de Educação de Iaçu também fazem parte do projeto. 

“Na verdade, tudo isso é para marcar o meu amor por essa profissão. Eu sempre quis ser jornalista e foi essa decisão que eu tomei ali pelos 18, 19 anos, e da qual eu nunca me arrependi”, justifica. 

Quem é
Cleidiana Ramos nasceu em Cachoeira, no recôncavo baiano, em 6 de março de 1975. Cresceu em Iaçu, território do Piemonte do Paraguaçu, na Chapada Diamantina. Ela mora em Salvador há 33 anos, desde que se mudou para  ingressar na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom-Ufba), na turma de 1994.  

Na mesma universidade, tornou-se doutora em antropologia (2017) e mestra em Estudos Étnicos e Africanos (2009).  De 1998 a 2015, Ramos integrou a equipe de reportagem do jornal A Tarde de onde foi repórter especializada em religião, culturas e cobertura étnico-racial. 

Atualmente, Cleidiana Ramos é professora visitante no Campus XIV da Universidade do Estado da Bahia, em Conceição do Coité. Também coordena o projeto multimídia A Tarde Memória e está realizando a curadoria do acervo do Cedoc A Tarde e mantém pesquisas no campo da Antropologia da Festa, Antropologia das Religiões, Cibercultura, Jornalismo Literário e Webjornalismo.

SERVIÇO
Comemoração dos 25 anos de Jornalismo de Cleidiana Ramos
Lançamentos

  • Os Caminhos da Água Grande ( 2ª edição), Egba, 2023
  • Cibervida, Cibermorte, Cibersorte, Egba, 2023.

Quando: 19 de dezembro de 2023, (terça-feira), às 19 horas.
Onde: Casa do Benin, Pelourinho, Salvador, Bahia.

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ABI BAHIANA Notícias

Presidente da ABI debate o papel democrático da imprensa em entrevista ao Jornal A Tarde

O jornalista Ernesto Marques acabou de ser reconduzido para seu segundo mandato à frente da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), num processo de mudança geracional que começou lá atrás com os jornalistas Samuel Celestino e Walter Pinheiro, e que tem ganhado força na gestão atual. Nessa entrevista exclusiva ao A TARDE, Ernesto fala da importância de se unir esforços para o fortalecimento da imprensa e da democracia e reforça que “há uma percepção de impunidade da internet que precisa ser combativa”.

Ao ser questionado sobre a proposta do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, de regular a imprensa, ele dispara: “A regulação da imprensa é uma falsa polêmica”. E completa: “O que está lá dissolvido na proposta não tem nenhum dispositivo que trate sobre controle, censura, que trate sobre nada desse tipo. É uma proposta de regulação econômica das empresas de comunicação, a partir de parâmetros que são bastante conhecidos em democracias muito consolidadas, como Estados Unidos, que desde 1943 proibiram a propriedade cruzada. Ou seja, o mesmo grupo não pode ter rádio, jornal, televisão”.

Confira e entrevista no Portal A Tarde

Osvaldo Lyra – Ernesto, você acabou de ser reeleito para a presidência da ABI. Que avaliação você faz hoje do trabalho da entidade?

Eu sempre faço sempre questão de dizer que é, na verdade, a continuidade de um processo iniciado bem lá atrás, quando Samuel (Celestino) decidiu passar o bastão para Walter (Pinheiro) e já tinha essa perspectiva de fazer essa transição geracional. Eu posso resumir isso com uma coisa que eu tenho chamado genericamente de projeto ABI 2.0. Faz uma alusão a essa coisa da tecnologia, mas não é pura e simplesmente você passar, incorporar recursos ou rotinas que envolvam o uso de alguma ferramenta tecnológica. É um pouco mais do que isso. Hoje a minha preocupação central se resume em uma palavra: sustentabilidade. Essas entidades como a ABI precisam ser sustentáveis. Elas têm que ser viáveis porque senão não ficam em pé.

Osvaldo Lyra – A ABI sempre teve uma presença muito marcante na sociedade ao longo desses anos. Como vocês da entidade viram o último resultado do processo eleitoral e a vitória do presidente Lula?

Esse é um dos assuntos que chegou a gerar discussões acaloradas via WhatsApp, no grupo da diretoria. Isso não afetou em hipótese alguma as atividades da ABI. A gente só se pronunciou em situações assim muito limites, como aquela decisão do ministro Alexandre de Moraes que de certa forma afetou a Jovem Pan. E até que foi uma função um tanto controversa, até entre pessoas com as quais eu tenho mais afinidade ideológica, entre a companheirada mais da esquerda.

Porque eu entendi que, a despeito da boa intenção do ministro Alexandre de Moraes, e relevando inclusive, colocando em segundo plano as minhas opiniões pessoais sobre a qualidade do que a Jovem Pan chama de jornalismo, que eu não considero rigorosamente jornalismo, mas eu acho que é um precedente muito perigoso quando você admite que uma autoridade do Judiciário possa ter qualquer tipo de poder de decisão sobre o que pode e o que não pode ser dito no meio de comunicação, qualquer que seja. Então, o processo eleitoral não nos afetou, ficamos concentrados no que une todo mundo, que é a defesa da democracia. Acho que o limite seria esse. E felizmente ninguém ultrapassou.

Apesar de ter alguns diretores que são apoiadores abertos, assumidos do presidente Bolsonaro, não vi pelo menos nenhuma declaração pública de alguém que tenha feito defesa de golpe de estado, ou coisa parecida. Como todo apoiador ou eleitor do presidente que não conseguiu se reeleger, tem uma certa inconformidade, mas faz parte da vida. Assim como todo mundo lamentou a desclassificação brasileira. Ninguém vai na porta do quartel nem aqui nem no Catar para pedir a anulação da partida contra a Croácia.

Osvaldo Lyra – Muito se fala sobre a possibilidade de o presidente Lula regular a imprensa, isso volta e meia é falado, mas há muita dúvida sobre o que realmente seria essa regulação. Preocupa? É algum tipo de cerceamento à liberdade do trabalho da imprensa?

Não. Em hipótese alguma. O presidente Lula, inclusive, quando foi anunciar os primeiros ministros, dentre eles o governador Rui Costa, ainda não tinha anunciado Margareth, ele fez uma declaração muito contundente para a imprensa, sobre o padrão de relacionamento que ele pretende ter com a imprensa, que não é muito diferente do padrão de relacionamento que ele teve.

Diga o que quiser dizer de Lula, mas eu não tenho registro de nenhuma atitude hostil dele, mesmo quando ele era duramente denunciado, criticado, atacado. Nem mesmo contra as pessoas, acho que Lula sempre teve uma visão muito clara de que o profissional daquele veículo ali, por mais que ele não goste da função daquele veículo, é uma pessoa, é um trabalhador. Com relação ao acesso à informação, ele também foi muito contundente. Então, eu não acredito que ele dê essa tônica.

Osvaldo Lyra – Fora isso, em relação à regulação da mídia, eu acho que é uma falsa polêmica. É compreensível que pessoas que não sejam da área, ou que não tenham se preocupado em fazer alguma investigação, uma pesquisa básica…

O que está lá dissolvido na proposta não tem nenhum dispositivo que trate sobre controle, censura, que trate sobre nada desse tipo. É uma proposta de regulação econômica das empresas de comunicação, a partir de parâmetros que são bastante conhecidos em democracias muito consolidadas, como Estados Unidos, que desde 1943 proibiram a propriedade cruzada. Ou seja, o mesmo grupo não pode ter rádio, jornal, televisão… Veio um pouquinho depois com mais força. A regra é a mesma. Alguns limites que precisam ser dados para que você garanta até a concorrência. É a essência do capitalismo.

Então, eu não acho que isso seja uma prioridade do governo. Eu até gostaria que fosse, mas não vi nenhuma declaração nesse sentido. E se por acaso isso for colocado em discussão, acho que a gente precisa fazer uma discussão aprofundada, séria e desassombrada, porque não vi nessa proposta nada que fragilize a democracia, muito pelo contrário. Por isso, a regulação da imprensa é uma falsa polêmica”.

Osvaldo Lyra – Bolsonaro sempre teve uma relação muito conflituosa com a imprensa. A derrota dele diminui os ataques e os desrespeitos que estavam acontecendo com a categoria?

Eu não tenho dúvidas. Porque veja, isso não acontecia antes. Com o próprio presidente Michel Temer não tinha esse padrão de conduta. A presidente Dilma muito menos. E olhe que Dilma foi profundamente agredida e desrespeitada como mulher, inclusive. De várias formas. E a gente não via em momento algum esse tipo de agressividade. O ex-presidente Fernando Henrique menos ainda. Pode-se dizer o que quiser do presidente FHC. É aquela história do príncipe, do sociólogo, um cara extremamente elegante. Esse tipo de coisa só tem precedente na ditadura e lá com o general Milton Cruz.

Então, não tenha dúvida de que a partir de 1º de janeiro, a ordem com certeza será respeitar a imprensa como instituição fundamental da democracia, como são os três poderes constituídos. Nós somos essencialmente empresas privadas de comunicação. Mas a gente veste mesmo essa fantasia do quarto poder. E de fato a imprensa tem um poder, isso é inegável. Mas nós não somos um poder constituído. Um poder que se constitui, inclusive, por questões econômicas. E essa dimensão econômica que em qualquer país avançado e com a democracia bastante consolidada, tem regulação. E aqui no Brasil precisa ter também. É uma questão de civilização, de avanço civilizatório. Você não permitir violência.

Osvaldo Lyra – Como você vê os impactos causados pelas fake news? Você acredita que a sociedade está mais amadurecida com relação à necessidade de não contribuir com essa rede de notícias falsas?

Não. Infelizmente, a gente ainda não viu um avanço nesse sentido. Muito pelo contrário. Todos os sinais nos levam a manter uma preocupação elevada e uma preocupação também em encontrar maneiras da sociedade se proteger. Porque ontem eu estava entrevistando o coronel Marchesini, comandante-geral do Corpo de Bombeiros, e estava lembrando exatamente sobre isso. A gente lembrar daquela brincadeira de mau gosto feita em Itabuna, que gerou cenas de cinema. Todos querendo sair em pânico da cidade de uma vez e tudo engarrafado, naquele desespero, por causa de uma notícia falsa. Coisa parecida aconteceu em Mutuípe. Pessoas que aplicaram golpes aproveitando da solidariedade de quem queria colaborar com as pessoas que estavam perdendo tudo.

Então, infelizmente a gente vê até uma certa avidez de passar adiante conteúdos sem algum tipo de verificação, ou às vezes conteúdos sabidamente falsos.Então, há uma percepção de impunidade da internet que precisa ser combativa. Mas eu não vejo solução para isso com uma visão de curtíssimo prazo. E aí não se vê limite, nem se tem escrúpulo na hora de atacar uma pessoa, na hora de expor a intimidade de alguém, na hora de atacar uma empresa, uma instituição. E, como eu disse, é uma situação preocupante e sem solução de curtíssimo prazo. Mas é uma coisa que nos obriga um combate permanente.

Osvaldo Lyra – A ABI é uma entidade que reúne jornalistas e empresários da comunicação. Como você avalia o mercado da comunicação local? Quais os maiores gargalos? Falta de vagas, baixas remunerações, falta de incentivo para o empresariado?

Veja, eu sempre digo que a gente tem uma desproporção entre o talento, a capacidade empreendedora tanto dos profissionais quanto dos empresários executivos. Tanto que a gente sempre está exportando gente. Tanto empresários, quanto profissionais criativos. Agora tem uma produção também muito maior com tanta faculdade de comunicação. Está diminuindo o número de cursos, mas ainda são muitos, continuam formando pessoas. Tem um espaço muito promissor no mercado. É preciso fazer uma aproximação com o Sinapro e com o sindicato das empresas de rádio e televisão, e também com o Sinjorba, mas ainda há outras instituições do segmento da propaganda que precisam estar unidos.

Então, a gente está deixando que a condição de melhoria se crie em função das decisões da macroeconomia ou das decisões de comunicação de governo. Mas acho que tem outra parte que poderia contribuir para melhorar esse ecossistema para a atuação de todos nós compreendendo comunicação e cultura no espectro mais amplo.

Eu acho que a gente poderia contribuir para melhorar esse ecossistema se a gente tivesse capacidade de buscar o que nos unifica. E defender algumas questões que afetam a gente como tributos, acesso a financiamentos, oportunidade da criação de… A exemplo da área de tecnologia com as incubadoras. E várias coisas que a gente poderia pensar juntos, e eu acho que todo mundo sai ganhando. A gente faz sempre esse discurso de ir devagarzinho, conseguindo ampliar o diálogo com algumas entidades. Mas acredito que ainda é muito pouco.

Osvaldo Lyra – Foi uma luta a ABI conseguir recuperar o controle da casa de Ruy Barbosa, e vem aí o museu de Ruy Barbosa com a curadoria de Gringo Cardia. O que esperar desse novo projeto da ABI, Ernesto?

Eu acho que o que está em vista é uma coisa muito boa. Porque não é só reabrir um museu repaginado. Também é uma ação que envolve prefeitura, envolve o governo do estado, envolve um conjunto de entidades que se mobilizaram para não deixar o centenário da mostra passar em branco e que vai somar muito para revitalizar um pedaço do setor da cidade, porque não é só abrir o museu e esquecer lá novamente. É ter um projeto consistente, ver a ocupação de uso desse museu e de ocupação do seu entorno. Esse que é o grande barato dessa história.

O projeto que o Gringo concedeu é um projeto de um museu muito interativo, como são os museus que ele trabalha, mas tem um componente que acrescenta um caráter de utilidade mesmo. Porque um museu voltado para as juventudes. Para as juventudes. Então, eu destaco o que eu achei uma coisa muito interessante, que é a previsão de instalação de dois estúdios de podcasts, para que estudantes, escolas, grupos de jovens tenham aquilo ali como ponto de apoio para reflexão crítica, como foi Ruy Barbosa como jovem, como adulto, como político… Mas sempre refletindo a partir de questões que estão no dever da gente. Os pensamentos de ação de Ruy Barbosa estão aqui agora nessa crise toda que o país está atravessando. Militares na política, o papel das cortes superiores, da liberdade de imprensa, fake news. Tudo isso está na obra de Ruy.

Então, é um museu pensado para isso. Para ser muito dinâmico, para ser muito vivo, e para ser um polo que ajude o entorno a se manter também vivo, para daqui a pouco poder falar em revitalizar a rua Ruy Barbosa. Isso vai acontecer com o esforço articulado entre prefeitura e governo do estado, atendendo a essa provocação da ABI, mas é fundamental manter o espaço vivo ocupado por feiras, por eventos funcionado no próprio museu e no seu entorno. Eu estou muito entusiasmado. Agora é um projeto que a gente vai ter que captar entre R$7 e R$8 milhões, não é fácil, mas a gente tem isso também com um alento para a virada a partir de primeiro de janeiro, e uma compreensão que se espera com certeza muito mais interessante, mais ampla, mais avançada sobre o papel da cultura no desenvolvimento. Estamos bastante otimistas.

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ABI BAHIANA

ABI emite Nota de Pesar pela morte do jornalista Renato Simões

A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) manifesta seu profundo pesar pelo falecimento do jornalista Renato Simões, presidente do jornal ATARDE.

Renato Simões é dos últimos de uma geração de herdeiros de grandes empresas de comunicação que se entregou com paixão ao jornalismo. As transformações que ele imprimiu na empresa de sua família impactaram na comunicação baiana e isso faz dele uma personagem das mais importantes da história da imprensa baiana.

Também como autor de ficção, destacamos em Renato Simões o olhar arguto que produziu os livros Crônicas d’aqui e d’além, Anônimos e Oitenta a e Todos.

Neste momento de luto, saudade e tristeza, a ABI se solidariza com os familiares do jornalista.

Salvador, 04 de novembro de 2021.⁣

Ernesto Marques
Presidente da ABI

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Especial 8M: Jornalista Caroline Gois relata desafios da profissão

Ela está há mais de 14 anos liderando equipes, coordenando processos de treinamento, gestão e motivação pessoal, em ambientes de redação jornalística e corporativo. Para a jornalista baiana Caroline Gois, diretora do Portal A Tarde e sócia do Grupo Mucugê, a troca do dia a dia da reportagem pela atuação na área comercial aconteceu de maneira gradativa e natural. Aos poucos, mergulhou na comunicação digital voltada para o desenvolvimento de veículos e focou na convergência midiática. Desde então, elaborou projetos e estratégias em gestão de crise para empresas consolidadas no setor da comunicação.

Movida pela “vontade de contar histórias”, acumulou experiências no radiojornalismo, webtv e produção de conteúdo interativo para website, através de passagens pela TV Record Bahia, Rede Bahia, Rádio Metrópole, Rádio Itapoan FM e Site BNews. Hoje no Grupo A Tarde, ela contribui também com o Jornal e a Rádio, com o apoio dos líderes destas plataformas para convergir os conteúdos e levar a inovação ao centenário. Nesta entrevista especial do Dia Internacional da Mulher, a jornalista, formada em 2003 pela Unijorge, revela os desafios que a levaram ao topo do mundo corporativo, em cargos majoritariamente ocupados por homens. Confira!

O que a levou a escolher o jornalismo como profissão?

A vontade de contar histórias, principalmente as histórias das pessoas e do país. Sempre entendi o Jornalismo como um caminho que possibilita a construção da história de nossa sociedade e como um meio que contribui para a construção e percepção social.

Em que momento você decidiu sair da reportagem para trabalhar com comunicação digital e prestar consultoria a corporações? Qual foi a motivação?

Na verdade, não houve um momento exato. As coisas foram acontecendo. À medida que fui tendo experiências na área, galguei cargos de liderança e, quando me vi, estava no meio digital. Aprendi junto com o desenvolvimento da mídia digital, já que quando comecei era tudo muito novo e recente. A oportunidade veio até mim e aproveitei. Desde então, as experiências foram se acumulando e me senti pronta para contribuir junto às empresas com os conhecimentos que adquiri em minha trajetória.

A participação da mulher no mercado de trabalho tem crescido. Embora a presença seja maior, esse crescimento se dá de forma lenta e os desafios continuam grandes. Como jornalista, qual é o seu maior desafio?

Levar ao mercado a prática de que somos capazes de estar em cargos de liderança e em posições que transformam e gerenciam processos ainda hoje pilotados por homens. Fazer com que nosso profissionalismo e capacidades sejam reconhecidos.

Para você, enquanto mulher jornalista, qual a representatividade de ocupar um cargo de direção em uma empresa consolidada?

O exemplo de que qualquer mulher pode chegar onde cheguei. Que até nós mesmas precisamos ir além do fato de sermos mulheres. Somos profissionais. Precisamos confiar que a gente consegue e acreditar em nós.

O fato de ser mulher já fez você sofrer algum tipo de preconceito/assédio moral ou sexual no contexto profissional?

Já sofri assédio moral. Assumi cargos de liderança onde demais líderes eram homens. Minha opinião ficava em segundo plano, havia exposição e descrédito. Era nítido para mim e para a equipe que era pelo fato de eu ser mulher. Hoje, reconheço e falo sobre isso como algo que não permitiria mais. Mas, o que ocorreu me fortaleceu ainda mais para chegar onde cheguei e me sentir respeitada, como hoje me sinto.

Você tem passagens por portais de grande repercussão na Bahia e ampla atuação no ambiente digital. O que você definiria como principal transformação do jornalismo desde a sua formatura?

A consolidação do Jornalismo Digital em suas diversas plataformas.

Como avalia o papel da mulher na sociedade contemporânea?

Sem dúvida alguma, este papel se transformou. Ainda assim, vivemos presas e aprisionadas nas questões culturais que apontam a mulher como um ser frágil e limitado, cuja melhor função que ela pode exercer é ser mãe e dona de casa. Mas, temos mais vozes, mais representação, mais exemplo. É um caminho sem volta. Hoje, a mulher pode e deve reconhecer seu verdadeiro papel na sociedade. Papel este que é o que ela quiser.

Mulheres ainda avançam em ritmo lento ao topo do mundo corporativo. Qual conselho daria para aquela mulher que deseja trilhar esse caminho na comunicação? Quais as maiores barreiras para alcançar o sucesso nessa área?

A dica vai para as mulheres e para qualquer profissional. Queira ir além e vá. Saia da caixa ou transforme a caixa que você conhece. Seja mais que jornalista – seja gestora, líder. Porque fazer comunicação vai além de entrevistar, fazer release ou postar em sites. Fazer comunicação é lidar com outras pessoas, entender o colaborador e sentir a fonte. É planejar, organizar e executar. Independente da função que exerce na empresa, faça sempre um pouco mais. Se reinvente e esteja preparada para gerenciar crises. Afinal, se somos capazes de gestar um ser, amamentar, ser mulher, esposa, amante e cuidar da casa, podemos qualquer coisa. A limitação está dentro de nós. Liberte-se disso e vai conquistar o que deseja. Sobre desafios? Sem estes, a gente não segue em frente.

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