A busca pelo furo, a batalha pela melhor notícia, um árduo trabalho pela informação. A cobertura dos fatos não é apenas dar a notícia, mas analisá-la, discuti-la, debatê-la. Neste 7 de abril, a Associação Bahiana de Imprensa (ABI), entidade que congrega profissionais vinculados à atividade jornalística de todo o estado, parabeniza os jornalistas que cumprem sua missão com dignidade, ética e respeito. São esses trabalhadores que dão olhos, ouvidos e voz à sociedade, que correm atrás da história e não desistem de perseguir a verdade, desvendando casos que impactam o mundo.
Em homenagem a esse profissional que desempenha papel tão fundamental, a ABI lista 10 filmes e um documentário que retratam o cotidiano do jornalismo, ofício frequentemente narrado pelo cinema — seja como forma de poder, como em “Cidadão Kane”; manipulação, como em “Rede de Intrigas”; ou da forma prática, como em “Todos os Homens do Presidente“, que trata do escândalo “Watergate”, ocorrido em Washington, em 1972.
Top 10
Todos Os Homens do Presidente
O Mensageiro
Cidadão Kane
O Jornal
Boa Noite, Boa Sorte
A Primeira Página
Spotlight – Segredos Revelados
Rede de Intrigas
O Diabo Veste Prada
Primeira Página: Por Dentro do New York Times (assista abaixo). Com acesso irrestrito à redação do New York Times, o filme discute o papel e os rumos do jornalismo.
E o Oscar vai para… “Spotlight – Segredos revelados”. Um filme sobre jornalismo investigativo foi eleito a melhor produção do Oscar 2016, ao misturar jornalismo e direito, para contar a história da série de reportagens vencedora do Pulitzer de Jornalismo 2003. A premiação surpreendeu a crítica, que apostava mais em “O Regresso” – que rendeu finalmente o prêmio de melhor ator para Leonardo Di Caprio – e até mesmo, com o decorrer da noite das estatuetas, em “Mad Max”, que levou cinco prêmios. Mas, o filme do diretor Tom McCarthy, que também venceu Oscar de roteiro original, foi exitoso ao retratar nas telonas o trabalho que desvendou o maior escândalo de pedofilia envolvendo padres da Igreja Católica e como a instituição religiosa tentou abafar e encobrir durante décadas os crimes cometidos pelos sacerdotes.
“Spotlight” é o nome de um seção do jornal Boston Globeque trabalha com reportagens especiais. Neste grupo, jornalistas atuam de forma confidencial e vasculham grandes temas de Boston e dos EUA para narrar aos leitores. Ao longo de todo o ano de 2002, cerca de quarenta reportagens investigativas foram publicadas pelo jornal. Em materiais esporádicos publicados ao longo dos anos, o Boston Globe ainda ressaltou que o número de membros da instituição envolvidos em crime de abuso sexual poderia chegar a 271, apenas em Boston.
Ao contrário do trabalho regular de um jornalista, a equipe de Spotlight (Holofote) atua meses na apuração de fatos controversos e polêmicos. Na época em que investigam a conduta dos religiosos, ocorre o atentado às torres gêmeas, pelo grupo AlQaeda. Sua equipe é deslocada, provisoriamente, para narrar o drama do terrorismo. Mas, semanas depois, o grupo está de volta e concentrada nas dezenas de relatos sobre pedofilia e violência sexual na igreja católica de Boston.
A mensagem de “Spotlight” é básica: muitas reportagens não recebem a devida apuração. E um editor que acabara de chegar do New York Times para auxiliar o Globe observa que seu grupo de excelentes jornalistas não foi escalado para investigar uma série de denúncias sobre padres e bispos. É aqui que começa o enredo do filme: como apurar, como conseguir que as pessoas falem, como obter provas nas bibliotecas e cartórios, como checar as informações. O trabalho dos jornalistas da “Spotlight” não era novo. A forma de contar, sim.
Função jornalística
Não é de hoje que o jornalismo é narrado pelo cinema — seja como forma de poder, em “Cidadão Kane”; manipulação, como em “Rede de Intrigas”; ou da forma prática, como em “Todos os Homens do Presidente“, que trata do escândalo de Watergate, ocorrido em Washington, em 1972. Com este último, aliás, “Spotlight” tem sido comparado. Procurado por Imprensa, o editor-geral do Boston Globe, Walter Robinson — interpretado por Michael Keaton no filme —, compartilhou algumas de suas reflexões em relação ao jornalismo com base no que viveu entre 2001 e 2003.
Chefe do grupo “Spotlight”, setor especializado em jornalismo investigativo do jornal e responsável pela reportagem, Robinson defende a existência de equipes específicas dentro das redações. Para ele, essa é a forma de manter os profissionais totalmente concentrados na pauta. “A equipe fica mais focada se não precisar desviar suas atenções para editorias diárias”, comentou. Além da especificidade do trabalho, o editor acredita que o jornalista investigativo, por lidar com temas sensíveis, precisa de algumas características essenciais para conseguir ir a fundo dentro de uma apuração.
Apesar de defender o jornalismo sério e comprometido com a informação, Robinson refuta a hipótese dos jornalistas serem considerados pela sociedade como uma espécie de vigilantes. Usando as fontes do caso como exemplo, ele cita a importância em demonstrar o papel cívico da profissão. “Não somo vigilantes, somos repórteres. As fontes nos foram apresentadas e começaram a ter confiança para falar a partir do momento em que compreenderam o nosso comprometimento em denunciar tudo o que estava acontecendo”.
Serviço público
Quem também levou a estatueta por uma obra que denuncia situações de violência foi a jornalista paquistanesa-canadense Sharmeen Obaid-Chinoy. Ela Ela foi reconhecida pelo curta “A Girl in the River: The Price of Forgiveness” (“A garota no Rio: o preço do Perdão”, em tradução livre). O filme narra as mortes de meninas assassinadas pelos pais ou parentes em decorrência dos chamados “crimes de honra”. Após receber o prêmio, Sharmeen comentou a importância do reconhecimento. “O impacto da sua história é enorme, porque ele vai mudar vidas, e que vai salvar vidas, e não pode haver nenhuma recompensa maior do que isso”.
Em 2012, a cineasta também ganhou um Oscar por seu documentário “Saving Face”(“Salvando Rostos”, em tradução livre). O curta falava sobre as mulheres no Paquistão em busca de justiça depois depois de sofrerem ataques com ácido nos rostos.
*Informações do Portal IMPRENSA, Boston Globe e Diário da Manhã.
O Cineclube Guido Araújo está a todo vapor e retomará suas atividades às 19h desta terça (16), com a exibição do filme “Dalva” (2014), no Teatro Dona Canô (Santo Amaro da Purificação). Dona Dalva Damiana de Freitas nasceu em 27 de setembro de 1927. É uma compositora e cantora popular brasileira, líder do Grupo de Samba de Roda Suerdieck e integrante da Irmandade da Boa Morte. Sua mãe foi operária da fábrica de charutos Danemman e o pai, sapateiro e guarda em Feira de Santana. Dona Dalva foi criada pela avó, que era lavadeira. Mãe de cinco filhos, começou a trabalhar aos 14 anos nas fábricas de charutos da região de Cachoeira.
Seu grupo teve papel importante para que o Samba de Roda do Recôncavo da Bahia fosse tombado pelo IPHAN como Patrimônio Imaterial Nacional e posteriormente reconhecido pela Unesco como Patrimônio Imaterial da Humanidade. Em 2012, recebeu o título de Doutora Honoris Causa da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).
Há três décadas, Muhammad Ali não luta mais no ringue. A lenda, porém, permanece. Um pouco da história do obstinado pugilista está contada no documentário “Eu Sou Ali – A História de Muhammad Ali”, de Claire Lewins. O filme segue em cartaz até esta quarta-feira (24), na Sala Walter da Silveira, às 15h. Narrado em primeira pessoa, a partir das gravações que Ali costumava fazer sobre diversos assuntos de sua vida, o filme apresenta um retrato íntimo e exclusivo do esportista, hoje com 72 anos. Somado a isso, há entrevistas de amigos e familiares, além de outras estrelas da comunidade do boxe, como Mike Tyson e George Foreman.
Em tratamento contra o Mal de Parkinson desde a década de 80, Ali recusa ser nocauteado pela doença. E, mesmo com dificuldade de se comunicar, ainda permanece com o mesmo espírito engajado e combativo que o motivou a negar participação na Guerra do Vietnã e a militar pelo fim do racismo.
Serviço:
Documentário “Eu Sou Ali – A História de Muhammad Ali”
Onde: Sala Walter da Silveira (Endereço: R. Gen. Labatut, 27 – Barris, Salvador – BA, 40070-100)