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Jornalistas lançam portal sobre segurança pública e direitos humanos

Com o apoio da Pública – Agência de Jornalismo Investigativo, repórteres investigativos se juntaram em um projeto para criar a “Ponte” (www.ponte.org), novo canal de informações sobre Segurança Pública, Justiça e Direitos Humanos, que entra em atividade a partir desta segunda-feira (23/6). O site, que conta com um grupo de 19 jornalistas renomados, vai seguir o modelo de produção jornalística baseada na formação de coletivo de profissionais, “unidos em um projeto sem fins lucrativos e independente, sem nenhum tipo de filiação partidária e aberto ao diálogo e à colaboração da sociedade”, como garante a nota divulgada pelo grupo. A intenção é aliar jornalismo, opiniões de acadêmicos e especialistas, com as ferramentas das novas tecnologias e da nova sociedade.

Entre os envolvidos, estão nomes como Laura Capriglione, André Caramante, Bruno Paes Manso, Natalia Viana e outros. Os profissionais se reuniram no início do ano para discutir o atual cenário da cobertura jornalística sobre o tema. A conclusão foi que a imprensa precisa adotar uma nova abordagem, respeitando questões éticas e princípios jornalísticos. “Essa é a melhor aposta no jornalismo este ano no Brasil. Precisamos falar de segurança pública com o viés dos direitos humanos”, afirma Natalia Viana, uma das fundadoras e diretora de estratégia da Agência Pública, incubadora do projeto.

Segundo Laura Capriglione, que atuou por quase dez anos na Folha de S. Paulo em pautas sobre segurança pública, a Ponte questiona os parâmetros da cobertura tradicional da grande imprensa. “Os programas vespertinos da televisão, que são tremendamente sensacionalistas, feitos praticamente aos gritos, com apresentadores histéricos, são programas que têm audiência altíssima. Isso mostra que existe um interesse da população nesse assunto”. Além disso, Laura afirma que o papel da imprensa com uma boa cobertura jornalística é determinante para o funcionamento correto da democracia no Brasil.

“Conquistas absolutamente essenciais para a democracia começam a ser colocadas em risco. Com a Ponte nós reafirmamos nossa aposta na democracia e no Estado Democrático de Direito. Então o nosso objetivo é, mesmo, defender princípios sempre de maneira pluralista, apartidária e independente, que é o que configura o melhor jornalismo. Se a questão da segurança pública, da justiça, dos direitos humanos, não é tratada com a seriedade e com a urgência que ela precisa, a democracia corre um sério risco no Brasil. E, ao contrário, a gente pode envergar mesmo para uma sociedade de linchadores, de pessoas que acham tudo bem fazer justiça com as próprias mãos, e não dar o direto de defesa para as pessoas”, defendeu a jornalista em entrevista ao Portal Imprensa.

A página terá atualizações diárias, com reportagens predominantemente em texto, mas também com conteúdo multimídia. A redação da Ponte opera dentro da sede da Pública, em São Paulo (SP). A agência também faz parte do conselho editorial do projeto, auxiliando na discussão de pautas, e também ajudando a equipe a se estruturar como instituição. A expectativa é que a “Ponte” se torne totalmente independente até 2015.

De acordo com o jornalista Bruno Paes Manso, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP) e um dos fundadores da “Ponte”, o projeto não pretende “corrigir” a cobertura da imprensa tradicional, mas sim propor uma nova abordagem. “A mídia fala de uma série de assuntos, como política, economia, tem cobertura do congresso, do senado, Copa do Mundo, transporte, etc. A questão da segurança pública acaba ficando para outro plano. Sendo que, na nossa avaliação, esse é um assunto muito importante e que é mal coberto”, diz Manso.

Além de Laura, Caramante, Manso e Natália, fazem parte da equipe Caio Palazzo, Claudia Belfort, Fausto Salvadori Filho, Gabriel Uchida, Joana Brasileiro, Maria Carolina Trevisan, Marina Amaral, Paulo Eduardo Dias, Rafael Bonifácio, Tatiana Merlino, William Cardoso, Ana Paula Alcântara, Guga Kastner, Luís Adorno e Milton Bellintani.

Leia o manifesto publicado no site e confira abaixo o vídeo de introdução da “Ponte”:

*Informações de Lucas Carvalho para o Portal Imprensa, com Portal Comunique-se.

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Ataques da polícia ao trabalho jornalístico nos protestos anti-Copa

Pelo menos seis repórteres foram feridos, cinco deles pela polícia, durante protestos contra a Copa do Mundo em várias cidades do Brasil, segundo informações divulgadas pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) referentes ao dia de abertura do evento, na última quinta-feira (12). Na tarde de ontem, um policial militar identificado como sargento Edmundo Faria prendeu a repórter do jornal O Globo Vera Araújo, quando ela tentava filmar uma ação de PMs na Quinta da Boa Vista, na zona norte do Rio de Janeiro. A jornalista, que foi levada algemada para a delegacia, registrou o caso como abuso de autoridade.

Na manifestação de São Paulo, foram feridas as profissionais da rede de televisão CNN Barbara Arvanitidis e Shasta Darlington; a freelancer Michelle Spgea; o jornalista argentino Rodrigo Abd, da agência Associated Press; e o assistente de câmera do SBT Douglas Barbieri. Em Belo Horizonte, outra sede do Mundial, o fotógrafo Sergio Moraes, da agência Reuters, sofreu um contusão leve no crânio após ser atingido por um objeto enquanto cobria uma manifestação.

Após os incidentes ocorridos na abertura do evento, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) emitiu nota oficial sobre as agressões sofridas por jornalistas durante as manifestações ocorridas no Brasil no dia de abertura da Copa do Mundo. Sob o título “É preciso garantir a segurança e o trabalho dos jornalistas e da população”, a entidade faz um alerta à sociedade brasileira e conclama as autoridades à tomada de medidas que assegurem a integridade física e o direito ao trabalho dos jornalistas brasileiros, estrangeiros e demais profissionais de comunicação. “As agressões a profissionais de imprensa, que no Brasil vêm se tornando corriqueiras, são expressões de uma inaceitável escalada de violência e constituem um perigoso ataque às liberdades democráticas no país”.

A Abraji também condenou “o uso excessivo da força” por parte da polícia e informou que desde maio do ano passado 177 jornalistas ficaram feridos durante suas respectivas coberturas. Já o Ministério Público do Trabalho em São Paulo recomendou aos veículos de comunicação que adotem medidas de proteção à saúde e à segurança dos profissionais da área, em especial na cobertura de manifestações e grandes eventos, como a Copa do Mundo.

Segundo a notificação do MPT/SP, as empresas devem fornecer gratuitamente equipamentos de proteção individual (EPI), de uso obrigatório, compatíveis com o grau de periculosidade ou insalubridade a ser enfrentado e treinamento para dos EPIs. As empresas também devem emitir a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) em todo caso de acidentes profissionais, além de assistência à saúde e seguro de vida, “promovendo o acesso à seguridade social e à remuneração adequada, especialmente quando em trabalhos de risco ou viagens a serviço”.

“É preciso dar garantias de segurança e liberdade de expressão aos profissionais da imprensa que trabalham na cobertura de grandes eventos e manifestações. Esses profissionais estão no olho do conflito e precisam ter toda a infraestrutura, apoio e equipamento de segurança que permitam realizar seu trabalho sem prejuízo à sua saúde”, afirma a procuradora do Trabalho Mariana Flesch Fortes, representante regional da Coordenadoria de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho, que assina a notificação. Mariana pondera que o trabalho dos profissionais frequentemente os coloca sob o risco de intimidação, assédios e violências de todo tipo. Para ela, é dever das empresas proporcionar mecanismos que permitam o exercício do trabalho em condições seguras.

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O Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG), por meio da Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos, expediu recomendação para as forças de segurança do estado a fim de que sejam tomadas medidas para garantir o direito de ir, vir e permanecer e o livre exercício da profissão dos repórteres e jornalistas que estejam cobrindo qualquer evento independentemente de estarem credenciados ou vinculados a empresas jornalísticas. A decisão foi tomada após Karinny de Magalhães, integrante da Mídia Ninja, grupo que registra e transmite protestos em todo o país na internet, ter sido presa, quando transmitia ao vivo a manifestação contra a Copa do Mundo em Belo Horizonte. A promotoria de Direitos Humanos do Ministério Público, a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais e a Defensoria Pública acompanham o caso.

De acordo com “Guia da Copa do Mundo de Direitos Humanos”, do Centro de Estudos Latino-americanos de Comunicação e Cultura/ ECA-USP, se a Copa do Mundo medisse os índices de respeito aos direitos humanos de cada país participante, o Brasil não levantaria a taça na final. Sequer teria levado o jogo de estreia contra a Croácia, já que o país do leste europeu tem uma taxa de homicídios 20 vezes menor do que a nossa. Se servir de consolo, o Brasil pelo menos ficaria à frente de países como o Irã, onde o respeito à liberdade individual praticamente inexiste, como destaca a publicação que é baseada em dados atualizados da ONU (Organização das Nações Unidas) acrescidos de informações da Anistia Internacional e dos Repórteres sem Fronteiras, entre outras organizações defensoras dos direitos humanos.

*Com informações de O Globo, R7, EFE e O Povo Online

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Observatório de Direitos Humanos confirma ataques químicos na Síria

O Observatório Sírio de Direitos Humanos confirmou dois ataques químicos na cidade de Kafr Zita, na província central de Hama, em 11 de abril e 22 de maio, informou o grupo nesta terça-feira (27). A ONG explicou que pôde verificar o uso de gases tóxicos jogados por helicópteros do regime dentro de barris de explosivos, graças ao testemunho de médicos, vítimas e moradores da cidade. Além disso, a organização tem certificados médicos e vídeos dos dias desses ataques. Pelo menos seis membros da equipe internacional que supervisiona a destruição de armas químicas na Síria foram sequestrados nesta terça-feira por um ‘grupo terrorista’ na província de Hama.

Por meio de um comunicado, publicado pela agência de notícias oficial ‘Sana’, o Ministério de Relações Exteriores do país árabe disse que o comboio da missão conjunta da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) foi interceptado pelos sequestradores perto da cidade de Taiba al Imane. Uma bomba teria explodido ao lado de um dos carros. Mais tarde, a agência da ONU afirmou que a equipe estava bem e retornando à base.

Infográfico: Reprodução/G1- Mundo
Infográfico: Reprodução/G1- Mundo

“Dois veículos com 11 pessoas, cinco inspetores e seis motoristas foram levados por grupos terroristas”, informou ministério em nota publicada na agência local SANA. Também através de comunicado, o governo de Bashar al-Assad culpou os rebeldes pelo ataque e os acusou de cometer “crimes terroristas” contra equipes da ONU.

No final de abril, a Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ), responsável por supervisionar a destruição de tais armas e verificar se o país está seguindo os acordos internacionais, anunciou a constituição de uma missão para investigar esse e outros supostos ataques com gás cloro que teriam ocorrido nas semanas anteriores.

A missão conjunta da ONU e da OPAQ no país árabe revelou na semana passada que todas as reservas sírias de isopropanol, produto que pode ser utilizado para produzir gás sarin, tinham sido destruídas. Ainda há 7,2% dos materiais químicos declarados pelas autoridades sírias no país árabe esperando a transferência para o exterior e posterior destruição.

*Informações da agência EFE via G1/Mundo e O Globo

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Situação dos direitos humanos piora na Europa e na Ásia

Disputas territoriais, questões étnicas e religiosas, luta por independência ou contra governos totalitários. Em todos os continentes é possível identificar focos de tensão que colocam em risco as liberdades coletivas e individuais, em um ataque aos direitos humanos. Na Europa e na Ásia, a crise é, sobretudo, geopolítica e militar, com graves ameaças à paz mundial. De um lado, a situação na Ucrânia, que é a mais profunda crise política ocorrida no continente europeu desde a guerra de agressão contra a antiga Iugoslávia, em 1999; do outro, a guerra civil na Síria, que se arrasta desde o início da primavera árabe, em 2011, e o avanço do regime ditatorial na Tailândia, confirmado nesta quina-feira (22) com o 19.º golpe de Estado em 82 anos.

Praça central de Kiev amanhece com incêndios apagados e um cenário de devastação/ Foto: Olga Yakimovich - Reuters
Praça central de Kiev (Ucrânia) amanhece com incêndios apagados e um cenário de devastação/ Foto: Olga Yakimovich – Reuters

Os conflitos na Ucrânia que ocupam os noticiários recentemente são resultado de uma divisão interna histórica no país acirrada pelo abandono de um acordo de associação à União Europeia (UE) e de manutenção das tradicionais relações com a Rússia. A atual crise política na Ucrânia e o envolvimento da Rússia no conflito estão sendo monitorados pela ong Parceria Internacional para os Direitos Humanos, do inglês International Partnership for Human Rights (IPHR). A entidade tem sede em Bruxelas e atua como grupo de influência no Parlamento Europeu.

Recentemente, a IPHR enviou uma missão à Ucrânia para monitorar a situação das pessoas que foram deslocadas à força e tiveram de deixar a Crimeia, devido às várias restrições práticas e políticas que aconteceram após a anexação da península pela Rússia. A IPHR, cuja missão é reforçar grupos da sociedade civil que lutam pela defesa dos direitos humanos, lembra que a União Europeia tem obrigação, de acordo com os tratados que regem o funcionamento do bloco, mais recentemente o Tratado de Lisboa (2007), de ter sua política externa guiada por princípios de direitos humanos e democracia.

Batalha entre polícia e manifestantes: de um lado, armaduras e capacetes. Do outro, paus, pedras e coquetéis molotov/ Foto: Stringer - Reuters
Batalha entre polícia e manifestantes: de um lado, armaduras e capacetes. Do outro, paus, pedras e coquetéis molotov/ Foto: Stringer – Reuters

Enquanto isso, Moscou e Pequim votaram ontem (22) contra uma resolução assinada por mais de 60 países, vetandouma resolução do Conselho de Segurança da ONU que levaria o Tribunal Penal Internacional (TPI) a investigar crimes de guerra ocorridos durante os três anos de enfrentamento fratricida na Síria. A união entre Rússia e China para bloquear mais uma proposta contra o regime de Bashar al Assad aconteceu um dia depois de um acordo histórico que garante o fornecimento de gás à China pelos próximos anos, com a contrapartida de um forte respaldo econômico e político de Pequim à Rússia.

Moscou definiu a tentativa francesa de levar os crimes de guerra sírios ao TPI como “uma manobra publicitária”, que só serviria para prejudicar os esforços na busca por uma solução política da crise. contando a votação de hoje, Moscou e Pequim já bloquearam em quatro ocasiões propostas relativas à Síria, onde estima-se que mais de 160.000 pessoas já tenham morrido e quase 10 milhões tenham sido expulsas das suas casas em decorrência do conflito, iniciado há mais de três anos.

Frustrado, o autor da proposta, o embaixador francês Gerard Araud, recordou ao Conselho o que estava em jogo, ao dizer que essa instância da ONU “não esquecerá os crimes cometidos na Síria nem os chefes que os ordenaram”. “Hoje se mata, se tortura e se estupra na Síria no âmbito de uma política deliberada de aterrorizar e castigar” a população civil, concluiu Araud.

Preocupação Internacional

Manifestante pró-democracia traz mensagem contra o golpe de Estado/ Pongmanat Tasiri - EPA
Manifestante pró-democracia traz mensagem contra o golpe de Estado/ Pongmanat Tasiri – EPA

Já a Tailândia vive as consequências do golpe militar, perante a preocupação e críticas de vários países. Depois da imposição da lei marcial e da falta de entendimento entre Governo e opositores, os militares acabaram por tomar o poder e suspenderam a Constituição. A confirmação do golpe de Estado aconteceu quinta-feira (22), quando o general Chan-ocha, chefe do Exército, se autoproclamou primeiro-ministro provisório, função em que se manterá até que seja encontrado um novo candidato definitivo. Na declaração televisiva, o militar evitou usar a expressão “golpe de Estado”, preferindo falar na necessidade de os militares tomarem o poder, como uma medida “para o país regressar à normalidade rapidamente”.

Além de decretado o recolher obrigatório entre as 22h e as 5h, foi proibida qualquer reunião de mais de cinco pessoas “por razões políticas”. Todas as televisões e rádios tiveram de interromper a programação e, ainda que a internet e as redes sociais não pareçam afetadas, o aviso contra mensagens que incitem à violência ou critiquem os líderes militares deve ser levado a sério: “Caso se detectem violações a estas regras, suspenderemos de imediato o serviço e os responsáveis serão identificados e acusados pelo fato”.

Vários países manifestaram a sua preocupação ou mesmo a sua discordância face à ação tomada pelo Exército. A França e a Alemanha estão neste grupo, assim como as associações de defesa dos direitos humanos. Após um período de clara convulsão no país, com muitas manifestações que causaram pelo menos 28 mortos em seis meses, este golpe de Estado foi mal recebido pelos norte-americanos. “Tem implicações negativas na relação entre os dois países”, garantiu o secretário dos EUA John Kerry, citado pelo “The Guardian”, sem esconder a convicção de que “não há qualquer justificação para este golpe”.

*Com informações da RFI, El País (Edição Brasil) e Expresso Imprensa.

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