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ABI e Gringo Cardia firmam contrato para reestruturar o Museu Casa de Ruy Barbosa

“Esta casa é incrível, tem um pé-direito alto, vários móveis interessantes. Agora, tendo uma noção do que tem aqui, eu posso começar a pensar no projeto”. Essa foi a impressão do arquiteto, designer e diretor artístico Gringo Cardia, ao se deparar com o interior da casa onde nasceu o jurista baiano Ruy Barbosa. Sua visita ao Museu Casa de Ruy Barbosa aconteceu na manhã desta quinta-feira (14), logo depois da formalização do contrato com a Associação Bahiana de Imprensa (ABI). O ato da assinatura foi celebrado durante o encontro do colegiado responsável pela agenda “Ruy Barbosa, 100 anos depois”, que reúne instituições baianas interessadas em preservar a memória do “Águia de Haia”.

A ABI é uma das entidades guardiãs da memória de Ruy Barbosa. Ao longo dos anos, a Associação já promoveu a edição de diversas publicações sobre Ruy e realizou nos seus espaços culturais e de terceiros, dezenas de eventos, como conferências, seminários e exposições de seu acervo. Desde o ano passado, por iniciativa da Associação, a programação do centenário de falecimento de Ruy, em 1º de março de 2023, começou a ser construída junto com outras importantes instituições do estado. Entre as principais atividades previstas para o marco estão a restauração do Museu inaugurado em 1949, o lançamento de um documentário, reedição de livros, a requalificação da Rua Ruy Barbosa e a instalação de um busto de Ruy Barbosa na cidade. Se depender das instituições envolvidas com o calendário comemorativo, os eventos serão à altura do homenageado.

E o primeiro passo para a reestruturação do Museu já foi dado. “Esse momento tem uma importância especial pelo que o Museu representa para nós. Não queremos reabri-lo do jeito que foi aberto em 1949”, frisou Ernesto Marques, presidente da ABI. O jornalista destacou a busca da ABI por patrocinadores para a tarefa de restaurar e entregar ao público o Museu. Ele aproveitou para fazer um convite aberto a todos os potenciais parceiros que tenham interesse na promoção da memória, da cultura da Bahia, a todas as empresas e instituições de fomento que queiram financiar o projeto.

O estúdio ACASAGRINGOCARDIA DESIGN destaca a atuação de Ruy Barbosa na área da educação e anuncia uma concepção museográfica que visa atingir, principalmente, o público jovem, para quem os legados são importantes referenciais de valores, identidade e direitos. “O museu terá uma linguagem tecnológica contemporânea, imersiva e interativa que fará os jovens interagirem de maneira lúdica e teatral com a vida de Ruy Barbosa e a busca dos direitos dos jovens contemporâneos”.

De acordo com Cardia, a casa necessita de muita restauração. “Ela precisa de uma reforma geral, mas é muito boa porque ela já foi construída com uma arquitetura para os trópicos, fresca. Mesmo sem ar condicionado, ela já tem uma climatização”, destacou. O plano museográfico prevê uma narrativa contemporânea para apresentar a história e o legado do jurista, político, intelectual e jornalista baiano Ruy Barbosa (1849-1923), uma das personalidades mais importantes do Brasil do século XIX e XX.

O gaúcho Gringo Cardia já deixou sua marca na cena cultural da Bahia. Por aqui, o renomado diretor artístico e curador assinou projetos importantes como o Museu A Casa do Rio Vermelho de Jorge Amado e Zélia Gattai, sobre os dois escritores, e o Museu Cidade da Música da Bahia, equipamento interativo, tecnológico, que conta a história da música baiana, e suas influências, além de ter feito direção de arte e capas de disco para Tom Jobim, Maria Bethânia, Gilberto Gil, Marisa Monte, Chico Buarque, Daniela Mercury, Carlinhos Brown, Ivete Sangalo e outros.

Foto: Joseanne Guedes

Os esforços da ABI para restaurar o Museu Casa de Ruy Barbosa integram a agenda “Ruy, 100 anos depois”, uma programação para celebrar o centenário de falecimento do ilustre jurista, em 1º de março de 2023. Um colegiado formado por instituições baianas, incluindo a ABI, articulam a comemoração da data, entre elas a Associação Comercial da Bahia (ACB), Academia de Letras da Bahia (ALB), Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), Academia de Letras Jurídicas da Bahia (ALJBA), Câmara Municipal de Salvador (CMS), Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), Ordem dos Advogados da Bahia (OAB), Santa Casa de Misericórdia da Bahia (SCMB), Tribunal de Contas do Estado (TCE), Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJBA), Secretária de Cultura do Estado da Bahia (Secult-BA) e Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de  Salvador (Secult).

A reunião de hoje foi semi-presencial. Enquanto representantes de algumas instituições participavam via videoconferência, outros membros da comissão recebiam Gringo Cardia na sede da ABI, entre eles o 1º vice-presidente da entidade, Luís Guilherme Pontes Tavares, o presidente do IGHB, Joaci Goes; e a professora Margareth Passos, representando o secretário da Educação do Estado da Bahia, Danilo Melo. O diretor de Cultura da ABI, Nelson Cadena, apresentou a programação do centenário até agora, destacando projetos sugeridos e o andamento das atividades.

Atuando há mais de 30 anos na área educacional, Cybele Amado, diretora-geral do Instituto Anísio Teixeira, detalhou os impactos que as atividades no centenário terão nas crianças e jovens e comemorou essa primeiro passo rumo à reestruturação do museu. “Ruy Barbosa tinha um  interesse muito particular pela educação e tomou decisões importantes, entrou no ativismo por uma educação pública de qualidade, com todos os direitos e oportunidades”, lembra a professora.

O IAT realizou um termo de cooperação técnica com a Secretaria de Educação do Estado e vai favorecer a mobilização, articulação e desenho pedagógico de todos os aparelhos culturais que serão construídos. Vamos fazer chegar à sala de aula todo o material produzido. “Meu sentimento é de uma alegria imensa, porque o meu sonho de escola se parece muito com o de Anísio Teixeira e Paulo Freire. Meu sonho de escola é que a gente ultrapasse os muros. É a ‘escola viva’, que me emociona profundamente”, completou a educadora. 

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Gringo Cardia fala de suas expectativas para o Museu Casa de Ruy Barbosa
Parte do Colegiado participou via videoconferência | Foto: Fábio Marconi
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ABI escala Gringo Cardia para projetar o novo Museu Casa de Ruy Barbosa 

O museu instalado na casa onde nasceu o “Águia de Haia” será repaginado pelas mãos do arquiteto e designer Gringo Cardia. A contratação do artista multimídia foi aprovada pela Diretoria Executiva da Associação Bahiana de Imprensa (ABI) no início de junho, para desenvolver o projeto conceitual do novo Museu Casa de Ruy Barbosa. Nesta quinta-feira (14/07), às 9h, a entidade vai receber Cardia em sua sede para a formalização do contrato. O ato de assinatura integra o encontro do colegiado responsável pela agenda “Ruy Barbosa, 100 anos depois”, comemorativa ao centenário de falecimento do jurista baiano.

O plano museográfico prevê uma narrativa contemporânea para apresentar a história e o legado do jurista, político, intelectual e jornalista baiano Ruy Barbosa (1849-1923), uma das personalidades mais importantes do Brasil do século XIX e XX.

O gaúcho Gringo Cardia já deixou sua marca na cena cultural da Bahia. Por aqui, o renomado diretor artístico e curador assinou projetos importantes como o Museu A Casa do Rio Vermelho de Jorge Amado e Zélia Gattai, sobre os dois escritores, e o Museu Cidade da Música da Bahia, equipamento interativo, tecnológico, que conta a história da música baiana, e suas influências, além de ter feito direção de arte e capas de disco para Tom Jobim, Maria Bethânia, Gilberto Gil, Marisa Monte, Chico Buarque, Daniela Mercury, Carlinhos Brown, Ivete Sangalo e outros.

“É um dos maiores especialistas em montagem de museus com linguagem interativa e adequada ao que se espera hoje de um museu, que ele atenda todos os públicos. Recentemente, ele desenvolveu diversos projetos na Bahia, já tem afinidade com o cenário local. Uma característica forte dele é não se limitar àquele conceito antigo de exposições de peças”, destaca Nelson Cadena, diretor de Cultura da ABI.

Referência nacional e internacional com prêmios no Brasil e no exterior, ele foi o responsável pelo projeto do novo “Museu da Cruz Vermelha Internacional”, em Genebra, na Suíça, com os premiados arquitetos Shigeru Ban e Francis Kéré. Este é o museu de maior visitação na Suíça. A Exposição ganhou o prêmio “Nova Linguagem de Museus”, no European Award of Museums (2015).

Agora, ele vai emprestar a sua experiência para trazer um novo conceito de museu para a Casa de Ruy Barbosa. “O museu terá vídeos gráficos históricos, feitos exclusivamente para contar os diversos aspectos da vida e obra de Ruy Barbosa e fazer um paralelo com a vida do jovem popular no Brasil, além de cenografia usando alguns objetos reais e instalações artísticas lúdicas, com games e a participação do público com seus monitores”, descreve o arquiteto.

Foto: Reprodução/Spectaculu

O estúdio ACASAGRINGOCARDIA DESIGN destaca a atuação de Ruy Barbosa na área da educação e anuncia uma concepção museográfica que visa atingir, principalmente, o público jovem, para quem os legados são importantes referenciais de valores, identidade e direitos. “O museu terá uma linguagem tecnológica contemporânea, imersiva e interativa que fará os jovens interagirem de maneira lúdica e teatral com a vida de Ruy Barbosa e a busca dos direitos dos jovens contemporâneos”.

De acordo com Gringo Cardia, o projeto será desenvolvido em três etapas: A primeira compreende conceito geral, descrição do conteúdo expositivo e dos vídeos gráficos, a apresentação dos espaços e das soluções cenográficas e temáticas abordadas; A segunda é a elaboração do projeto detalhado para construção, pesquisa e textos a serem produzidos para gerarem roteiros didáticos para todos os vídeos e apresentações; Por fim, a instalação da cenografia do museu e de todo o sistema tecnológico e projetos audiovisuais dentro da museografia.

Para o jornalista Ernesto Marques, presidente da ABI, a contratação da ACASAGRINGOCARDIA é uma sinalização “muito clara” de que tipo de museu a entidade pretende fazer para o renascimento da Casa de Ruy Barbosa neste centenário de morte do jurista. “É, ao mesmo tempo, um convite aberto a todos os potenciais parceiros que tenham interesse na promoção da memória, da cultura da Bahia, a todas as empresas e instituições de fomento que queiram financiar um bom projeto no Centro Histórico de Salvador, no ninho onde nasceu o Águia de Haia.

Segundo Marques, se trata de um museu para atingir também as juventudes, com uma abordagem interativa, imersiva, “não apenas no personagem Ruy Barbosa mas no Brasil que ele viveu e que ele projetou”, completa.

Os esforços da ABI para restaurar o Museu Casa de Ruy Barbosa integram a agenda “Ruy, 100 anos depois”, uma programação para celebrar o centenário de falecimento do ilustre jurista, em 1º de março de 2023. Um colegiado formado por 13 instituições baianas articulam a comemoração da data. Integram o colegiado representantes da Associação Comercial da Bahia (ACB), da Academia de Letras da Bahia (ALB), da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), Academia de Letras Jurídicas da Bahia (ALJBA), Câmara Municipal de Salvador (CMS), Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), Ordem dos Advogados da Bahia (OAB), Santa Casa de Misericórdia da Bahia (SCMB), Tribunal de Contas do Estado (TCE), Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJBA), Secretária de Cultura do Estado da Bahia (Secult-BA) e Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Salvador (Secult).

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Colegiado de instituições baianas realiza ato público no Museu Casa de Ruy Barbosa

1º de março de 2023 está logo ali. A exatamente um ano do centenário de morte do jurista, advogado, político e jornalista Ruy Barbosa (1849-1923), um colegiado de instituições baianas – responsável pela programação da agenda “Ruy, 100 anos depois” – deu um importante passo na manhã desta terça-feira. Atendendo a um convite da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), representantes do grupo visitaram pela primeira vez o Museu Casa de Ruy Barbosa, imóvel onde nasceu o “Águia de Haia”, no Centro Histórico da capital baiana.

A ABI é uma das entidades guardiãs da memória de Ruy Barbosa. Ao longo dos anos, a Associação já promoveu a edição de diversas publicações sobre Ruy e realizou nos seus espaços culturais e de terceiros, dezenas de eventos, como conferências, seminários e exposições de seu acervo. Desde o ano passado, por iniciativa da Associação, a programação do centenário começou a ser construída junto com outras 15 importantes instituições do estado. Entre as principais atividades previstas para o marco estão a restauração do Museu inaugurado em 1949, o lançamento de um documentário, reedição de livros, a requalificação da Rua Ruy Barbosa e a instalação de um busto de Ruy Barbosa na cidade. Se depender das instituições envolvidas com o calendário comemorativo, os eventos serão à altura do homenageado. 

De acordo com o professor Edvaldo Brito, representante da Câmara Municipal de Salvador (CMS) e da Academia de Letras da Bahia (ALB) no Colegiado, a visita representa uma reverência à memória mais destacada da Bahia. “Ruy Barbosa é para nós um orgulho, uma satisfação. Queremos que hoje seja o marco inicial das atividades, até chegarmos ao 1º de março de 2023, quando teremos os 100 anos de sua morte”, afirmou o presidente da Comissão Executiva do Colegiado para o Centenário. 

Brito lembrou da atuação de Ruy Barbosa no Direito, tendo sido, segundo ele, responsável por grandes eventos judiciários que se desenvolveram no Supremo Tribunal Federal. “Ruy concitou o Supremo para que julgasse sem se preocupar com as baionetas dos poderosos que estavam fora do seu prédio. Isso é um grande exemplo de bravura. Nós baianos temos que ser altivos como ele”, defendeu o advogado, que esteve em companhia do desembargador Lidivaldo Reaiche, representante do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) na Comissão Organizadora do Centenário.

Edvaldo Brito lamentou o estado do Museu, alvo de reintegração de posse em favor da ABI no início de fevereiro, e ressaltou a importância da revitalização do imóvel. “Um sentimento de profunda tristeza. Em qualquer parte do mundo, ter preservada uma casa que simboliza o nascimento de um grande patriota é natural. Na Bahia, não”, criticou. Sua fala emotiva não escondeu o desejo de ver o Museu de portas abertas e o legado de Ruy reconhecido. “Pelas placas que estão na parede, notamos a presença constante do Governo do Estado da Bahia na preservação da casa no passado. Espero que esse apelo de todos nós da Comissão, formada por 16 entidades representativas da Bahia, surta efeito. Que a voz dessas instituições ecoe nos ouvidos do governador do estado, que inclusive carrega o nome de Ruy”. 

“Um sentimento de profunda tristeza. Em qualquer parte do mundo, ter preservada uma casa que simboliza o nascimento de um grande patriota é natural. Na Bahia, não”

Edvaldo Brito

O presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, Joaci Góes, também enfatizou a relevância do local. “Isso aqui é uma verdadeira catedral da inteligência, mas não se encontra nas condições que deveria. Nós temos que restaurar esta casa para fazer dela um templo de visitação constante, de todos os brasileiros, no sentido até de servir para transformar, modificar, melhorar este ambiente normalmente pantanoso que nós vivemos no Brasil contemporâneo”, refletiu o jornalista e escritor. Para ele, a reunião desta manhã serviu para inaugurar um novo tempo. “É um início ao reconhecimento dessa personalidade solar”.

Luis Guilherme, Edvaldo Brito e Joaci Góes

Memória

O jornalista e pesquisador Jorge Ramos, diretor do Departamento Museu Casa de Ruy Barbosa,  festeja as iniciativas para resguardar a memória e fortalecer referências culturais da sociedade baiana. “É com satisfação que eu vejo que novamente a Bahia começa a se unir em torno de Ruy Barbosa. Estamos a um ano do centenário de morte dele e temos muito o que fazer para soerguer essa casa, que é um patrimônio. Ruy Barbosa é um patrimônio da Bahia, talvez um dos maiores”, destacou.

“Restaurar o berço onde ele nasceu é mais do que uma obrigação dos baianos, é um compromisso histórico que a Bahia tem com Ruy Barbosa”. Para Jorge Ramos, a campanha vai contribuir para que o imóvel volte a ter condições de habitabilidade. “Em respeito à memória de Ruy, essa casa deve ser reerguida, reconstruída, e aqui abrigar o imenso acervo que Associação Bahiana de Imprensa dispõe sobre Ruy Barbosa: os livros de Ruy Barbosa, objetos de uso pessoal, o mobiliário que foi doado pela família e que deve permanecer para culto eterno dos baianos a essa grande figura da Bahia do Brasil”, listou. 

Parte desse acervo recebeu os cuidados das bibliotecárias Graças Nunes Cantalino e Ana Lúcia Albano, membras do GEIRD – Grupo de Estudos Interdisciplinares da Raridade Documental. Graças, que esteve no local para acompanhar a visita, e Ana atuaram na etapa de transferência do acervo bibliográfico para higienização e acondicionamento.

A museóloga da ABI e responsável pelo Museu de Imprensa, Renata Ramos, espera que as juventudes tenham curiosidade de conhecer Ruy e preservar sua memória. “Não tem como mensurar a iniciativa de colocar novamente a Casa de Ruy no corredor cultural, não só pelo patrimônio arquitetônico mas pela história de Ruy Barbosa no campo educacional. Muitos estudantes visitavam o Museu para fazer pesquisas. Saber que ele estará aberto para a comunidade é de um valor incrível”, celebrou a restauradora e conservadora documental. 

Luis Guilherme Pontes Tavares, vice-presidente da ABI, chama a atenção para o fato de a casa ter sido reconstruída com base em imagens que retratavam a construção original. “Esta casa ruiu. Há registro do terreno baldio no final dos anos 30. A ABI, com a liderança do presidente Ranulfo Oliveira, empenhou-se em refazer a casa”. Ele contou que para isso  foram utilizadas como referência fotografias e desenhos, dentre os quais uma obra de Presciliano Silva. “Esta é uma casa que, nos anos 30, período em que surge o Iphan, tem o pioneirismo de ser uma casa restaurada a partir de iconografia. Isso faz dela um exemplar pioneiro e eleva a sua importância”, lembrou. Luis Guilherme aproveitou para acenar aos órgãos de preservação do patrimônio. “Deixo aqui o meu apelo ao Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional] e ao Ipac [Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia]. Que esse fato seja objeto de ênfase para mostrar que este é um prédio mais do que especial”, afirmou.

“Ficamos surpresos com o grau de degradação do imóvel, mas também felizes com o movimento da ABI em prol da recuperação deste, que, de fato, é uma referência importante na trajetória de Ruy Barbosa. A perspectiva da recuperação disso me deixa muito feliz”, parabenizou a arquiteta Milena Tavares, diretora de Patrimônio e Humanidades da Fundação Gregório de Mattos (FGM), uma das entidades que integram a Comissão. Profissional atuante há mais de 20 anos na área de preservação do patrimônio histórico em Salvador, ela explica que o primeiro passo é o projeto para a instalação do memorial, com os levantamentos orçamentários, para buscar recursos e realizar a obra. 

E a tarefa não será fácil, de acordo com Milena. “Percebemos claramente que as infiltrações danificaram forros e causaram um ambiente insalubre. Há nas paredes a proliferação de fungos, afloramento de sais solúveis. É urgente a recuperação do imóvel para não chegar ao estado de arruinamento”, salientou a arquiteta. Assim como Luis Guilherme Pontes Tavares, ela enfatiza que o Iphan, para a reconstrução do imóvel, levou em conta fotografias antigas e acredita que o projeto deve prever a missão de resguardar as características da casa. “Destaco a substituição dessas telhas, que não são coloniais e descaracterizam uma feição que se procurou recuperar”, indicou.

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Casa de Ruy Barbosa: Justiça determina reintegração de posse em favor da ABI

Uma decisão judicial proferida nesta quinta (13/01) garantiu uma importante vitória para a Associação Bahiana de Imprensa (ABI) na ação movida contra o Grupo Yduqs Educacional, responsável pela antiga Faculdade Ruy Barbosa – atual Centro Universitário UniRuy. A liminar determina a imediata reintegração de posse do imóvel que abriga o Museu Casa de Ruy Barbosa, no Centro Histórico de Salvador. O prédio pertencente à ABI foi cedido gratuitamente para a Faculdade Ruy Barbosa, através de convênio firmado em 10 de setembro de 1998. Em 24 de maio de 2019, contudo, o contrato foi rescindido pela instituição conveniada e a ABI verificou que o local se encontrava ocupado por outra empresa. (Acesse a decisão neste link)

Cada episódio do que parecia ser uma série televisiva trazia uma reviravolta, deixando mais distantes os sonhos da ABI de ver o museu de portas abertas, como organismo vivo que deveria ser. Foram perícias impedidas e adiadas, reuniões com promessas que não avançavam, e tentativas da ABI para entrar no equipamento cultural e salvaguardar seu rico acervo. Enquanto isso, o imóvel histórico onde nasceu o jornalista, jurista e político baiano estampava em sua estrutura as marcas do abandono e do descaso – intensificado após o furto ocorrido em setembro de 2018. As paredes brancas se vestiram com um amarelo descascado, o tom verde das portas e janelas escancara a falta de limpeza, no telhado faltam peças, pragas já deterioravam o acervo bibliográfico e mobiliário.

Até a decisão de ontem, os únicos êxitos da Associação tinham sido a catalogação e o traslado do acervo para o seu edifício-sede, na Praça da Sé, e a restauração do telhado. Ernesto Marques, presidente da ABI, ressalva que a obra foi executada sem a autorização da entidade, diante da recusa ao pedido de apresentação dos projetos técnicos. “Só teremos ideia da situação do imóvel quando pudermos entrar, mas só uma perícia poderá dimensionar os danos efetivos”, pondera o dirigente. Quanto ao acervo, Marques informa que os móveis da residência de verão de Ruy Barbosa ainda estão em poder do UniRuy, armazenados no galpão de uma transportadora. Livros, documentos, objetos pessoais e obras de arte compõem a parte do acervo já transferido para a sede da ABI e vão demandar muito tempo e recursos para o trabalho de higienização e restauro.

ABI quer solução negociada

A liminar considerou caracterizado o esbulho (apropriação indevida) a partir do momento em que a instituição de ensino se negou a restituir a posse do imóvel. De acordo com o documento, uma vez rescindido o convênio mantido com a antiga Faculdade Ruy Barbosa, deixou de existir suporte jurídico que justificasse o uso por parte da holding de educação superior que assumiu o UniRuy.

No entendimento da juíza Itana Rezende, as razões invocadas pelo Grupo Yduqs para manter a sua posse “não são capazes de obstar a retomada do imóvel, pois o fato de integrar o mesmo grupo econômico da Faculdade Ruy Barbosa não lhe confere legitimidade para ocupar a posição jurídica contratual da conveniada”. Tratam-se de pessoas jurídicas autônomas, com contrato social, CNPJ e estabelecimentos distintos.

“A ABI vai retomar a posse da Casa, que é nossa, depois de um longo processo. Tentamos até a exaustão uma saída negociada com o Uniruy, mas a demora já estava comprometendo todos os nossos planos de reabertura do Museu, sem que a instituição dissesse o que pretendia. Por isso, entramos com a ação”, explica Ernesto Marques. A entidade espera agora a realização de perícia no local. “Vai nos ajudar numa outra ação, que é a reparação por danos materiais, tanto por causa do imóvel quanto do acervo, e também por danos morais, considerando os prejuízos causados à imagem do museu”, afirma o dirigente.

A decisão possui força executiva imediata. “Decorrido o prazo de 15 dias sem a desocupação voluntária do imóvel, expeça-se mandado de reintegração de posse, independentemente de novo despacho, para ser cumprido de forma coercitiva, com auxílio de força policial e arrombamento, se necessário for”, diz o texto. No entanto, segundo Marques, a Associação pretende que a solução ocorra de maneira negociada com o Grupo Yduqs.

O próximo passo é o julgamento da ação de indenização por danos materiais, na qual as partes devem apresentar suas provas dentro de cinco dias.

Reestruturação

Nas décadas de 1970 e 1980, o Museu manteve a série Publicações da Casa de Ruy e estabeleceu convênio com a Fundação Casa de Rui Barbosa, do Rio de Janeiro, disso resultando intercâmbio administrativo e cultural. Na década de 1990, o museu baiano foi roubado e, na ocasião, a nascente Faculdade Ruy Barbosa, iniciativa do professor Antônio de Pádua Carneiro, propôs convênio com o propósito de manter o equipamento e estimular sua visitação.

No auge de suas atividades, a Casa de Ruy Barbosa costumava receber estudantes da instituição, principalmente do curso de Direito. Se depender da ABI, a antiga residência do “Águia de Haia” não vai mais figurar no Centro Histórico como um museu de portas fechadas (confira esta reportagem de Clarissa Pacheco, para o Jornal Correio*).

A instituição se prepara agora para reaver o prédio e retomar os planos de reestruturação do imóvel. Uma das ações está em curso desde julho passado: a articulação do centenário de falecimento de Ruy Barbosa, que ocorrerá no dia 1° de março de 2023. A ABI convocou instituições guardiãs da memória de Ruy Barbosa para montar a programação comemorativa do evento. A agenda “Ruy, 100 anos depois” prevê atividades junto à sociedade baiana e a tão aguardada reabertura do Museu Casa de Ruy Barbosa.

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