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Ônibus oficial da imprensa na Olimpíada é atingido no Rio

Um ônibus utilizado para transportar jornalistas brasileiros e estrangeiros entre as arenas dos Jogos Olímpicos Rio-2016 foi atingido e teve as janelas quebradas por volta das 19h30 desta terça-feira (9). O veículo fazia o trajeto entre a Arena da Juventude e o Centro de Mídia pelo BRT Transolímpico, via expressa com faixa exclusiva. As polícias civil e militar e as Forças armadas abriram uma investigação para apurar o caso. O patrulhamento na região foi reforçado.

Em nota, o Comitê Rio-2016 explicou que o motorista prestará depoimento à polícia e que o ônibus passará pela perícia oficial. Uma repórter do jornal carioca O Globo relatou que “ao menos duas pedras acertaram os vidros”, um policial que estava a bordo também afirmou que se tratavam de pedras. No entanto, testemunhas no local afirmaram que o veículo foi alvejado por tiros, segundo o Estadão.

De acordo com o Comitê Rio-2016, dois passageiros sofreram ferimentos leves. Um deles é o jornalista bielorrusso Artur Zhol. “A gente estava voltando do basquete, jogo Brasil e Bielorrússia, eu sentei perto da janela e ouvi um ‘buu’ pequeno, não foi muito alto. O vidro quebrou, ficou destruído e todos os jornalistas se jogaram no chão. Paramos perto de um carro de polícia, o policial entrou no ônibus, olhou, observou e seguimos o trajeto”, contou Zhol.

Centro de Hipismo

Esse é o segundo incidente envolvendo profissionais da imprensa, já que na tarde do último sábado (6/8), uma bala perdida atingiu a sala de imprensa do Centro Olímpico de Hipismo, enquanto as primeiras provas eram disputadas. O projétil foi encontrado por um australiano.

De acordo com o portal UOL, o Comitê Rio-2016 informou que ninguém ficou ferido e que seria realizada uma apuração do caso. Segundo autoridades, a bala pode ter sido disparada por traficantes que tentaram abater drones e um balão que estavam sendo utilizados para monitorar comunidades próximas ao local. O Ministério da Defesa informou que a segurança na região foi reforçada pela Força Nacional e pela polícia militar do Rio de Janeiro. O órgão disse ainda que nenhum equipamento dos jornalistas foi danificado.

  • Veja abaixo a íntegra do comunicado divulgado pelo Comitê Rio 2016 sobre o episódio desta terça (9):

Segundo relato do motorista, um dos ônibus do sistema de transporte de mídia deixou a Arena da Juventude, em Deodoro, por volta das 19h30 desta terça, 9 de agosto, em direção ao Parque Olímpico da Barra. Ao se deslocar pela via expressa Transolímpica, nas proximidades de Curicica, o motorista ouviu um barulho de dentro do ônibus que pensou ser da queda de um equipamento de fotografia.

Imediatamente, olhou pelo espelho retrovisor e percebeu que os passageiros estavam deitados no chão.

Continuou a dirigir por alguns metros até avistar uma viatura de polícia e parar.

Neste momento, percebeu que dois vidros do mesmo lado do ônibus estavam quebrados.

Retomou o percurso sob escolta da viatura e, com o deslocamento, os vidros das janelas quebradas começaram a ceder.

Após chegar ao Centro de Mídia, constatou que dois passageiros apresentavam ferimentos leves causados pelos estilhaços de vidro.

O motorista prestará depoimento à polícia ainda esta noite acompanhando por um gerente de Segurança do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Rio 2016.

Também esta noite o ônibus será submetido a perícia oficial pela polícia. Os resultados preliminares serão divulgados assim que estiverem prontos.

O Coordenador Geral de Defesa de Área (CGDA) do Exército e a Polícia Militar informaram que aumentaram o patrulhamento na região.

*Informações do Globo.com, Estadão e UOL. 

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Com foco nas Olimpíadas, RSF alerta sobre perigo de ser jornalista no Brasil

“Algumas vitórias não merecem medalhas”. Esse é o lema de uma campanha lançada pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) às vésperas dos Jogos Olímpicos do Rio. A ação quer denunciar os episódios de violências contra os jornalistas no Brasil, que registra ao menos 22 mortes de comunicadores desde as últimas Olimpíadas de 2012, por motivos diretamente ligados à sua atuação profissional. De acordo com a RSF, o país se tornou o segundo país com o maior número de jornalistas assassinados da América Latina.

Em grande parte dos casos, esses repórteres, radialistas, blogueiros ou outros comunicadores investigavam (ou mantinham uma posição abertamente crítica sobre) temas relacionados à corrupção local e irregularidades na gestão pública, especialmente em cidades de pequeno e médio porte. A isso se somam as grandes manifestações de 2013 e 2014, marcadas por um clima de violência generalizada, que estiveram acompanhadas de agressões aos jornalistas que cobriam os eventos e de detenções arbitrárias. A maioria das 190 agressões registradas pela Associação Brasileira de Jornalismo de Investigação foram obra da polícia, segundo a organização.

Leia também: Jornalistas de mais de cem emissoras cobrirão os Jogos Olímpicos

“A forte polarização política do país” também é apontada como combustível para criar um clima de desconfiança em relação aos jornalistas, que são, segundo a entidade, “insultados e agredidos pelos manifestantes que os associam com as linhas editoriais de seus meios de comunicação”, acrescenta. “Este problema não é novo. No entanto, o Estado brasileiro não tomou nenhuma medida para resolver esta questão”.

violência contra imprensa - númerosA RSF destaca que a violência crescimento da violência contra os comunicadores não é um fenômeno que passou despercebido pelo Estado brasileiro. Em 2014, a Secretaria de Direitos Humanos (SDH) publicou o relatório “Direitos Humanos dos profissionais de comunicação no Brasil” elaborado por um Grupo de Trabalho criado em 2012 para analisar esse contexto e apresentar medidas para reverter a situação. Com a participação de representantes do Ministério das Comunicações, do Ministério da Justiça, da Procuradoria Federal e de diversas organizações da sociedade civil, o grupo identificou 321 jornalistas vítimas de violências entre 2009 e 2014.

Realizada em colaboração com a Agência Cheeeeese, a campanha busca alertar a sociedade para os riscos da profissão e pressionar as autoridades para que tomem medidas concretas para garantir maior segurança aos jornalistas. Durante o período das Olimpíadas, o escritório regional da RSF no Rio de Janeiro estará presente em diferentes pontos da cidade para divulgar a campanha.

Confira aqui a lista com os nomes dos profissionais mortos.

*As informações são da EFE e do Portal IMPRENSA.

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Associação Brasileira de Imprensa rejeita hostilidades a jornalistas

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) divulgou uma nota que trata do agravamento das hostilidades contra jornalistas e veículos de comunicação “neste momento particularmente delicado da vida do país” e pede paz nas manifestações previstas para os próximos dias. De acordo com a instituição, “a espiral de violência que prosperou ao longo do ano passado estimulou recentemente inaceitáveis episódios de intolerância política com graves ameaças à liberdade de imprensa e à própria democracia”, defende o documento publicado neste sábado (12).

A ABI expressa solidariedade às vítimas do que chamou de “inaceitável processo de intimidação” e diz apoiar a iniciativa da Associação Nacional de Jornais (ANJ), a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a Associação Nacional de Editores de Revistas (Anaer), a Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abraer) em advertir as autoridades e alertar a opinião pública sobre as consequências imprevisíveis que novos atos dessa natureza produzirão sobre as garantias fundamentais.

“Esperamos que as manifestações previstas para os próximos dias ocorram de forma pacífica e que todos os profissionais de imprensa designados para a cobertura tenham absoluta liberdade em seu trabalho de levar a informação a toda a sociedade brasileira”, diz o documento, que é assinado pelo presidente da entidade, Domingos Meirelles, e diz ainda que não se pode tolerar que o Brasil repita em 2016 o “deplorável desempenho” do ano passado, quando a organização Repórteres Sem Fronteiras classificou o Brasil como o quinto país mais perigoso do mundo para o exercício da atividade jornalística. “Performance que ofende os valores de uma nação civilizada e cobre de vergonha a todos nós”.

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Obra sobre jornalismo investigativo triunfa no Oscar 2016

E o Oscar vai para… “Spotlight – Segredos revelados”. Um filme sobre jornalismo investigativo foi eleito a melhor produção do Oscar 2016, ao misturar jornalismo e direito, para contar a história da série de reportagens vencedora do Pulitzer de Jornalismo 2003. A premiação surpreendeu a crítica, que apostava mais em “O Regresso” – que rendeu finalmente o prêmio de melhor ator para Leonardo Di Caprio – e até mesmo, com o decorrer da noite das estatuetas, em “Mad Max”, que levou cinco prêmios. Mas, o filme do diretor Tom McCarthy, que também venceu Oscar de roteiro original, foi exitoso ao retratar nas telonas o trabalho que desvendou o maior escândalo de pedofilia envolvendo padres da Igreja Católica e como a instituição religiosa tentou abafar e encobrir durante décadas os crimes cometidos pelos sacerdotes.

“Spotlight” é o nome de um seção do jornal Boston Globe que trabalha com reportagens especiais. Neste grupo, jornalistas atuam de forma confidencial e vasculham grandes temas de Boston e dos EUA para narrar aos leitores. Ao longo de todo o ano de 2002, cerca de quarenta reportagens investigativas foram publicadas pelo jornal. Em materiais esporádicos publicados ao longo dos anos, o Boston Globe ainda ressaltou que o número de membros da instituição envolvidos em crime de abuso sexual poderia chegar a 271, apenas em Boston.

Ao contrário do trabalho regular de um jornalista, a equipe de Spotlight (Holofote) atua meses na apuração de fatos controversos e polêmicos. Na época em que investigam a conduta dos religiosos, ocorre o atentado às torres gêmeas, pelo grupo AlQaeda. Sua equipe é deslocada, provisoriamente, para narrar o drama do terrorismo. Mas, semanas depois, o grupo está de volta e concentrada nas dezenas de relatos sobre pedofilia e violência sexual na igreja católica de Boston.

A mensagem de “Spotlight” é básica: muitas reportagens não recebem a devida apuração. E um editor que acabara de chegar do New York Times para auxiliar o Globe observa que seu grupo de excelentes jornalistas não foi escalado para investigar uma série de denúncias sobre padres e bispos. É aqui que começa o enredo do filme: como apurar, como conseguir que as pessoas falem, como obter provas nas bibliotecas e cartórios, como checar as informações. O trabalho dos jornalistas da “Spotlight” não era novo. A forma de contar, sim.

Função jornalística

Não é de hoje que o jornalismo é narrado pelo cinema — seja como forma de poder, em “Cidadão Kane”; manipulação, como em “Rede de Intrigas”; ou da forma prática, como em “Todos os Homens do Presidente“, que trata do escândalo de Watergate, ocorrido em Washington, em 1972. Com este último, aliás, “Spotlight” tem sido comparado. Procurado por Imprensa, o editor-geral do Boston Globe, Walter Robinson — interpretado por Michael Keaton no filme —, compartilhou algumas de suas reflexões em relação ao jornalismo com base no que viveu entre 2001 e 2003.

Chefe do grupo “Spotlight”, setor especializado em jornalismo investigativo do jornal e responsável pela reportagem, Robinson defende a existência de equipes específicas dentro das redações. Para ele, essa é a forma de manter os profissionais totalmente concentrados na pauta. “A equipe fica mais focada se não precisar desviar suas atenções para editorias diárias”, comentou. Além da especificidade do trabalho, o editor acredita que o jornalista investigativo, por lidar com temas sensíveis, precisa de algumas características essenciais para conseguir ir a fundo dentro de uma apuração.

Apesar de defender o jornalismo sério e comprometido com a informação, Robinson refuta a hipótese dos jornalistas serem considerados pela sociedade como uma espécie de vigilantes. Usando as fontes do caso como exemplo, ele cita a importância em demonstrar o papel cívico da profissão. “Não somo vigilantes, somos repórteres. As fontes nos foram apresentadas e começaram a ter confiança para falar a partir do momento em que compreenderam o nosso comprometimento em denunciar tudo o que estava acontecendo”.

Serviço público

Sharmeen
Jornalista ganhou segundo Oscar por documentário

Quem também levou a estatueta por uma obra que denuncia situações de violência foi a jornalista paquistanesa-canadense Sharmeen Obaid-Chinoy. Ela Ela foi reconhecida pelo curta “A Girl in the River: The Price of Forgiveness” (“A garota no Rio: o preço do Perdão”, em tradução livre). O filme narra as mortes de meninas assassinadas pelos pais ou parentes em decorrência dos chamados “crimes de honra”. Após receber o prêmio, Sharmeen comentou a importância do reconhecimento. “O impacto da sua história é enorme, porque ele vai mudar vidas, e que vai salvar vidas, e não pode haver nenhuma recompensa maior do que isso”.

Em 2012, a cineasta também ganhou um Oscar por seu documentário “Saving Face”(“Salvando Rostos”, em tradução livre). O curta falava sobre as mulheres no Paquistão em busca de justiça depois depois de sofrerem ataques com ácido nos rostos.

*Informações do Portal IMPRENSABoston Globe e Diário da Manhã. 

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