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Série de reportagem baseia audiência pública sobre estupros na Bahia

Pouco a pouco, o silêncio está sendo quebrado. Pouco a pouco, mais e mais vozes começam a ecoar. Desde que o jornal Correio* começou a publicar a série sobre estupros ocorridos na Bahia – intitulada “O Silêncio das Inocentes” –, na última quarta-feira, foram mais de 60 mil acessos ao conteúdo no site especial, além de milhares de compartilhamentos em redes sociais. E, para ajudar a promover a reflexão e o debate, nesta segunda-feira (14), a partir das 8h, uma audiência pública será promovida pelo Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), em parceria com o jornal, na sede do órgão, no CAB (5ª Avenida, n° 750). Com o tema “O Silêncio das Inocentes: um Debate sobre Estupros na Bahia”, o evento é baseado na série de reportagens e será transmitido pela internet, pelo site (assista aqui).

debate MP e correioQuem assistir à transmissão online, também poderá enviar suas perguntas ou contribuições. Para o evento, o Correio* ainda convidou a gerente de comunicação da campanha Chega de Fiu Fiu, Luíse Bello, que vai participar da mesa junto com os repórteres Alexandre Lyrio, Clarissa Pacheco e Thais Borges — responsáveis pela produção do especial —, a promotora Márcia Teixeira, a coordenadora do Serviço Viver, Dayse Santas, o delegado Adailton Adan, titular da 1ª Delegacia (Barris), e o obstetra David Nunes, do Iperba.

Silêncio quebrado – Na página do veículo, um dado chama atenção: o alcance da série já traz respostas e vítimas de violência sexual já procuram órgãos para denunciar abusos. Entre quarta e sexta-feira, pelo menos cinco mulheres buscaram a sede do Grupo de Atuação Especial em Defesa da Mulher (Gedem) do MP-BA, mobilizadas após a leitura das matérias. “Elas leram as reportagens e vieram nos procurar. Acho que já podemos ficar muito felizes (com a repercussão)”, afirma a promotora Márcia Teixeira, coordenadora do Gedem.

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SIP aponta que 16 jornalistas foram mortos na América Latina este ano

A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) informou que até o início de setembro 16 jornalistas foram assassinados na América Latina. Quatro no México, três em Honduras, no Brasil e na Colômbia, dois na Guatemala e um na República Dominicana. De acordo com a EFE, o relatório sobre os ataques a jornalistas foi divulgado antes da Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa, realizada no último domingo (4/10). O presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação, Claudio Paolillo, expressou sua indignação com as mortes.

Durante a apresentação do documento, foram citados casos como o do jornalista Moisés Sánchez Cerezo, diretor do semanário La Unión, em Veracruz, e de Ruben Espinosa, fotojornalista da agência AVC, correspondente da revista Processo e da Cuartoscuro, também em Veracruz.

Já no Brasil, a SIP recordou do caso de Djalma Santos da Conceição, da emissora RCA FM, de Evany José Metzker, que escrevia para o blog Coruja do Vale, e de Gleydson Carvalho, que apresentava um programa Rádio Liberdade FM.

A entidade lembrou que, desde março, emitiu 59 comunicados para a imprensa com pronunciamentos sobre casos que cercearam a liberdade de expressão. As resoluções elaboradas na reunião foram enviadas a 78 países, como Argentina, Brasil, Peru e Venezuela. Além dos assassinatos, também foram discutidos o encerramentos de jornais, o assédio a jornalistas e outros desafios para os meios de comunicação.

Paolillo destacou o fato de os assassinatos continuarem após o período contabilizado pela SIP. Só entre março e setembro, ocorreram 11 mortes. Ele pediu aos jornalistas presentes que mantenham a “batalha pela liberdade de expressão” e não desistam.

*Fonte: Portal IMPRENSA

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Cinegrafista demitida após agredir refugiados pode pegar cinco anos de prisão

As cenas de uma jornalista húngara chutando refugiados sírios que tentavam atravessar a fronteira da Sérvia para entrar na Hungria escandalizaram todos os veículos de comunicação daquele país. Após a divulgação das imagens, publicadas pelo jornalista Stephan Richter, a repórter cinematográfica Petra Lazlo foi demitida pela N1TV e pode ser condenada a até cinco anos de prisão pela agressão, que se tornou símbolo da crescente intolerância de países da Europa. Segundo o Jornal britânico The Guardian, a cinegrafista tem ligações com o partido de extrema-direita Jobbik, radicalmente contrário à imigração e defensor de ideias neonazistas.

Petra Lazlo era funcionária do canal N1TV na cobertura dos enfrentamentos entre refugiados e a polícia na cidade húngara de Roszke na última terça-feira. Enquanto filmava a fuga de refugiados sírios, ela foi flagrada colocando o pé na frente de um homem que tentava escapar de um policial, derrubando-o e agredindo com chutes outras pessoas. Nem mesmo o fato de o homem carregar uma criança em seu colo deteve a repórter, mais tarde flagrada chutando uma menina.

As cenas ganharam as redes sociais, e milhares de comentários pedem que Petra seja processada para responder de forma mais grave pelo ato. Perfis de repúdio contra a jornalista também já foram criados pelos internautas. O Comitê de Helsinque para os direitos humanos indicou que, como a repórter chutou várias pessoas, pode ser condenada a cumprir de 1 a 7 anos de prisão, uma vez que a violência foi direcionada contra membros de um grupo específico.

Interesses “cristãos”

Nos últimos dias, a situação na fronteira daHungria com a Sériva, em Röszke, tem sido bastante tensa. O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, é alvo de críticas pelo discurso contra a entrada de imigrantes estrangeiros e por ordenar a construção de uma cerca ao longo da fronteira com a Sérvia para tentar conter o fluxo de migrantes e refugiados que tentam atravessar a Hungria para chegar à Áustria e a Alemanha. Mais de 160 mil migrantes ou refugiados entraram na Hungria em 2015, segundo autoridades do país.

Orban é líder do Fidesz, partido de tendência nacionalista e conservadora. Recentemente, ele criticou os planos da União Europeia de criar cotas de recebimento de refugiados para países do bloco. E disse estar defendendo “interesses cristãos contra o fluxo de muçulmanos chegando à Europa”. Uma recente enquete revelou que 46% dos húngaros é contra a entrada de imigrantes no país, um índice que triplicou em 20 anos.

A Hungria é um dos países com um intenso fluxo imigratório de refugiados vindos principalmente do Oriente Médio, especialmente na Síria – que passa por Turquia, Grécia, Macedônia e Sérvia, até chegar a Budapeste, já na União Europeia e perto dos países mais ricos do bloco. Da capital húngara, os imigrantes tentam chegar à Áustria ou à Alemanha. Uma pesquisa registra que 66% da população húngara vê os refugiados como uma ameaça à estabilidade de seu país. Milhares de pessoas, porém, tem se posicionado a seu favor durante a atual crise, mobilizando-se para ajudá-los, apesar do repúdio explícito manifestado pelo Governo àquilo que considera uma invasão.

*Informações da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), BBC Brasil, El País (Edição Brasil).

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Ativista que comandou buscas por 43 jovens mortos é assassinado no México

DEU NO EL PAÍS – Esse homem desenterrou com suas mãos dezenas de cadáveres sepultados em valas clandestinas. Dizia que ficava arrepiado só de imaginar a forma como haviam sido assassinados, sozinhos, no meio da noite, com um tiro na cabeça. Foi morto no sábado também sem poder se defender. Miguel Ángel Jiménez, um dos líderes comunitários que se encarregou da busca paralela a das autoridades dos 43 estudantes de Iguala desaparecidos, foi executado enquanto dirigia um táxi de sua propriedade nas proximidades de seu povoado natal, Xaltianguis, a 50 quilômetros da cidade turística de Acapulco, no Pacífico mexicano.

Jiménez liderava uma organização composta por camponeses pobres e professores de escola que agem à margem das autoridades, a União de Povos e Organizações do Estado de Guerrero (UPOEG). Seus membros têm direito a portar armas leves e são responsáveis pela segurança e a ordem pública em municípios nos quais mal se vê traços do Governo mexicano. Em alguns lugares a única lei é a do crime organizado, atraído a essas terras pelas extensas plantações de maconha e ópio que povoam a região.

A polícia e a promotoria local compareceram à cena do crime – o interior de um táxi estacionado em um lugar de nome tão asséptico como Povoado quilômetro 48 – mas foram seus familiares que levaram o corpo de lá para ser enterrado. Segundo o jornal Reforma, Jiménez foi ameaçado de morte depois que seu grupo de autodefesa se dividiu. Jiménez acusou a nova facção, liderada por Plácido Macedo, de estar ligada ao narcotráfico.

Dias depois do desaparecimento dos 43 estudantes, que completará um ano daqui a um mês, Jiménez se instalou com barracas no centro da cidade de Iguala com meia centena de voluntários. Em sua maioria trabalhadores diaristas de chinelos e sombreiro. Com caminhonetes e facões fornecidos pelos moradores, os homens batiam os montes em busca dos alunos da escola de Ayotzinapa, desaparecidos desde o dia em que enfrentaram a polícia e narcotraficantes do município.

Nunca os acharam, mas os membros da organização encontraram pelo caminho valas repletas de cadáveres anônimos. O EL PAÍS acompanhou Jiménez em uma dessas expedições. Cavavam a terra com picaretas, pás e até com as mãos até abrir as valas ocultas. Dentro estavam os restos das pessoas desaparecidas pelas mãos do crime organizada. O líder comunitário contou assim como imaginava os últimos momentos das vítimas que eram arrastadas até o lugar para encontrar a morte: “Eram obrigados a cavar o próprio túmulo. Imagine você aqui na escuridão sabendo que irão matá-lo. Fico arrepiado ao pensar nisso”.

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