Jornalistas e radialistas de Feira de Santana e de outras cidades baianas participaram do 14º Fórum de Comunicação Social promovido pela Associação Baiana de Imprensa (ABI), no último dia 2. O evento, que foi realizado no auditório da Associação Comercial e Empresarial, no bairro Kalilândia, destacou os impactos das novas ferramentas de comunicação usadas em sites e a importância das redes sociais como Facebook, Twiter e WhatsApp.
O tema “Imprensa na era digital” foi discutido por Dilton Coutinho (Acorda Cidade), Ricardo Luzbel (Bahia Notícias) e Marcilio Costa (TV Subaé). O diretor da ABI, Agostinho Muniz, falou sobre a “Violência contra a liberdade de imprensa na Bahia”, com enfoque para os recentes processos movidos contra os jornalistas baianos Aguirre Peixoto, Biaggio Talento, Levi Vasconcelos, Valmar Hupsel Filho, Vitor Rocha, Regina Bochichio, Patrícia França e Felipe Amorim. A última palestra do fórum foi ministrada por Jorge Biancchi (De Olho na Cidade), sob o tema “Copa do Mundo – 2014”.
O radialista Dilton Coutinho observou que o site Acorda Cidade vem crescendo com as novas ferramentas da tecnologia e já passa de dois milhões de acessos por mês. Ele citou, por exemplo, a participação das pessoas através do WhatsApp. “Antes quando chovia em Feira de Santana, era preciso mobilizar toda nossa equipe para atender os chamados da população em ruas e avenidas alagadas. Mas agora, os internautas mandam fotos e vídeos e tudo está mais fácil”, disse.
Ricardo Luzbel, do Bahia Notícias, destacou o crescimento dos sites em termos de acessos com grande influência das redes sociais especialmente o Facebook. “Eu ouvi Dilton Coutinho falar sobre os acessos do site por dia. Quando ele inclui uma notícia no Facebook, a média de acompanhamento é de 200 seguidores. Isso significa que em pouco tempo vamos ter 15 mil acessos em uma única informação. E essas 15 mil pessoas que clicam na notícia vão imediatamente para o site. E isso se multiplica”, disse Luzbel.
O radialista Jorge Bianchi falou das dificuldades em se fazer a cobertura da Copa do Mundo de 2014. Ele disse que o custo geral das transmissões foi de 1 milhão de reais para a rede de rádio, incluindo a Sociedade e as demais da Rede Capuchinho de Comunicação (RCC) e a Rede Baiana de Rádio (RBR) com emissoras de Salvador e do interior.
O jornalista Jair Cezarinho diretor regional-norte da Associação Baiana de Imprensa, se mostrou satisfeito com o fórum, ressaltando a presença do jurista Augusto Aras, que afirmou que a Associação Baiana de Imprensa é uma entidade da mais alta relevância para a liberdade de expressão e de comunicação.
Violações ocorridas em manifestações, os desafios para a democratização da radiodifusão, violência contra comunicadores, e o uso do processo por difamação para cercear a liberdade de expressão estão entre os temas selecionados para nortear o debate “Liberdade de Expressão – nas mídias, nas redes e nas ruas”, programado para o próximo dia 18 de agosto, a partir das 19h, na Faculdade de Direito de São Paulo. O evento organizado pelo coletivo Intervozes e pela ONG Artigo 19 conta com a participação da Relatora Especial para Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, Catalina Botero, e o ex-Relator Especial para Promoção e Proteção do Direito à Liberdade de Opinião e Expressão da ONU, Frank la Rue, além do assessor de comunicação e informação da Unesco para o Mercosul e Chile, Guilherme Canela.
De acordo com a coordenadora-executiva do Intervozes, Bia Barbosa, o momento pelo qual o Brasil passa é bastante oportuno para a realização do debate. “Num momento em que crescem as violações ao exercício da liberdade de expressão no país, com repressões a manifestantes e a perpetuação de um sistema midiático concentrado e excludente ao conjunto da população brasileira, poder debater a importância da garantia deste direito com os relatores especiais da ONU e OEA, e ainda com a representação da Unesco na região, será de extrema importância para as organizações e movimentos brasileiros”, afirma.
A diretora-executiva da Artigo 19, Paula Martins, diz esperar que o encontro sirva ainda para aproximar sociedade civil e as Relatorias. “Um dos objetivos do evento é o de esclarecer sobre como mecanismos internacionais como as Relatorias da ONU e da OEA também podem ser utilizados como recurso na defesa e promoção da liberdade de expressão”, conta. Foram também convidadas para o debate organizações da sociedade civil que atuam na área.
Nascido na Guatemala, Frank La Rue é advogado especialista em direitos humanos, tendo atuado de 2008 a julho de 2014 como Relator Especial da ONU para a Promoção e Proteção do Direito à Liberdade de Opinião e Expressão. É fundador do Center for Legal Action for Human Rights (CALDH) e está envolvido na promoção dos direitos humanos há mais de 30 anos. Guilherme Canela é bacharel em Relações Internacionais e mestre em Ciências Políticas pela USP. Atualmente atua como assessor de comunicação e informação do Escritório da UNESCO no Brasil. Já a colombiana Catalina Botero Marino graduou-se em Direito e desde 2008, é Relatora Especial para Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). Seu mandato a frente do cargo vai até outubro, quando será substituída pelo jornalista uruguaio Edison Lanza.
*Com informações do Intervozes e da ABI (Associação Brasileira de Imprensa).
A Associação Bahiana de Imprensa (ABI-Ba) lamenta profundamente a morte de Eduardo Campos, candidato à Presidência da República pelo PSB, ocorrida em trágico acidente aéreo no dia 13 de agosto na Baixada Santista, SP. Neste desastre, também morreram o jornalista Carlos Augusto Leal Filho (Percol), o fotógrafo Alexandre Severo Gomes e Silva e o cinegrafista Marcelo Lira.
Eduardo Campos começou cedo na política. Foi deputado estadual (1991-1995), deputado federal (1995-1999; 1999-2003; 2003-2007); Ministro da Ciência e Tecnologia durante a Gestão Lula e Governador do Estado de Pernambuco em dois períodos (2006-2010; 2010-2014) quando se afastou para disputar a Presidência da República nas eleições de 2014. Eduardo era neto do líder político pernambucano e de expressão nacional Miguel Arraes.
A ABI-Ba se associa solidariamente a dor dos familiares de Eduardo Campos e dos jornalistas mortos.
A Associação Bahiana de imprensa (ABI) e o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB) reuniram representantes de entidades da sociedade civil, professores e estudantes de Salvador, na manhã desta quarta-feira (13), para o “abraçaço” do Palácio Arquiepiscopal, localizado na Praça da Sé (Centro). O abraço simbólico, que integra o ciclo “Três novos endereços de Cultura”, é a terceira atividade que as duas instituições realizam este ano com o propósito de reivindicar o início da obra de restauração do Palácio, monumento da arquitetura religiosa construído na primeira metade do século XVIII e que serviu de residência do arcebispado primaz do Brasil, tendo sido tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1938.
O debate sobre a situação da primeira sede do governo primaz da Igreja Católica, iniciado no dia 22 de abril, com a palestra do arquiteto e professor Francisco Senna, foi retomado no dia 29 de maio pelo arcebispo de São Salvador da Bahia e primaz do Brasil, dom Murilo Krieger. No último dia 29, a Arquidiocese de São Salvador da Bahia e a Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) na Bahia apresentaram o projeto de restauração do edifício para implantação do primeiro Centro de Referência da História da Igreja Católica do Brasil. De acordo com o arcebispo dom Murilo Krieger, a Igreja Católica tem o projeto pronto e está concluindo a captação de recursos para a obra. Ele anunciou que o BNDES financiará 50% e a outra metade será arcada pelo Banco Itaú e por uma terceira instituição a ser anunciada em breve.
A professora Consuelo Pondé de Sena, presidente do IGHB, continua expressando descrença, mesmo após a apresentação do projeto. Para ela, falta vontade política, além de conscientização dos baianos para efetivar o plano de restauro. “Queremos salvar o prédio que está à beira da destruição total, já que casa fechada é casa perdida. Eu acho um atentado, um crime contra o patrimônio deixar essa casa desativada. Eu não acredito nesse projeto e não tenho nenhuma expectativa. Lamentavelmente, aqui na Bahia, se faz um movimento, as coisas são estimuladas e depois cai tudo no marasmo”.
“Eu quero acreditar, mas tenho dúvidas porque o IPHAN tem o hábito de fazer tombamentos dos bens patrimoniais e não ajudar a resolver os problemas, como fez com o IGHB. Os projetos não funcionam na Bahia, a menos que se tenha um ‘padrinho’. Carlos Amorim [superintendente do IPHAN], para mim, conversa muito e fica nisso. De conversa já estou cheia, eu quero é ação”. A historiadora lembrou, ainda, a atuação do Instituto no episódio de derrubada da Sé. “Perdemos, como tantas outras instituições, mas não podemos ficar parados. Temos que bradar”, defende.
Segundo o presidente da ABI, Walter Pinheiro, o abraçaço acontece depois de duas semanas da apresentação do projeto, com o objetivo de incentivar no início das obras. “Junto ao IGHB, estamos atuando em favor da comunidade baiana, porque é inexplicável que um imóvel com essa expressão, localizado nessa posição de ampla visibilidade, e que é tombado pelo IPHAN, se encontre dessa forma degradante. Há pouco, ouvi turistas perguntarem ‘o que é esse prédio?’ e ficarem surpresos ao saber que se trata de uma construção histórica ligada à Arquidiocese e que está fechada há mais de uma década”.
“Para nós, da ABI, é ainda mais chocante porque estamos logo aqui na frente, nos deparando diariamente com esse quadro de abandono. Várias matérias foram feitas para retratar a necessidade de recuperação. Acompanhamos, inclusive, a elaboração do projeto. Sabíamos das dificuldades do governo para investir, mas é importante salientar que esse é um imóvel que completará 300 anos em 2015. Ele merece agilização na liberação do IPHAN, no aporte dos recursos necessários para o início das obras e o objetivo da ABI é dar um empurrão nesse processo”, concluiu Pinheiro.
Para a idealizadora do abraçaço, a administradora Alba de Aguiar, que é neta do advogado Manoel Pinto de Aguiar (1910-1991), a apresentação do projeto não deve desmotivar o movimento em busca da recuperação do Palácio. “Temos conhecimento sobre o projeto de restauração, participamos da reunião e sabemos do andamento porque acompanhamos todas as discussões referentes ao prédio. Mesmo assim, não podemos deixar de chamar a atenção da sociedade para a importância de recuperá-lo. Ele é uma joia, uma preciosidade do nosso patrimônio e a gente não vai descansar até que ele esteja a salvo”.
A estudante do 7º semestre do curso de História da Unijorge, Mariana do Carmo, comemorou a presença de estudantes dos ensinos fundamental e médio na cerimônia de abraçaço. “Esse ato é importante porque reclama a preservação de um imóvel que, embora seja símbolo de poder e opressão da Igreja, deve ser preservado por sua relevância histórica. É importante que as crianças conheçam a história da cidade, por meio de sua arquitetura, que aprendam a valorizar o nosso rico patrimônio histórico, do qual cuidamos muito mal. Precisamos lutar pela preservação não apenas do Palácio, mas de todo o Centro Histórico. Uma prova disso é que o Palácio Rio Branco, onde eu estagio, que é menos preservado do que o Memorial da Câmara, por exemplo”, afirmou.