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Fake News: Agências de checagem unidas no combate à desinformação eleitoral

Imagine saber que um programa de governo pretende promover perseguição a religiosos. Ou que um instituto de pesquisa vai cancelar entrevistas com apoiadores de determinado candidato. E ainda: que urnas apresentam votos pré-registrados. Para combater a desinformação eleitoral, sete organizações de checagem reeditaram a coalizão de 2018. AFP Checamos, Aos Fatos, Boatos.org, Projeto Comprova, E-Farsas, Fato ou Fake e Lupa atuaram entre os dias 1º e 2 de outubro, apurando conteúdos com potencial para comprometer as escolhas dos eleitores, no primeiro turno das Eleições 2022. Iniciativa será repetida no final de semana do segundo turno.

De acordo com a CNN, todas as checagens publicadas e republicadas pelas organizações foram marcadas nas redes sociais com a hashtag #CheckBR, de modo a facilitar a busca por informações confiáveis sobre o pleito.

Diversas entidades ligadas à atividade da imprensa estão com iniciativas em curso para combater as chamadas fake news. Uma dessas ações é a campanha “Fake News. Quem compartilha também mente”, lançada na semana passada numa parceria entre o Sindicato das Agências de Propaganda do Estado da Bahia e a Associação Bahiana de Imprensa (ABI).

  • O Portal Imprensa elencou 9 conteúdos eleitorais falsos checados pela CheckBR:

1) Alexandre de Moraes não pediu retirada de vídeo em que Bolsonaro aparece emocionado. A gravação na verade foi feita durante um culto no Palácio do Planalto em dezembro de 2019.

2) Vídeo que mostra confusão entre petistas em Aracaju é de 2013 e não tem relação com ato de Lula. Imagens foram gravadas em 2013, durante Processo de Eleições Diretas do PT daquele ano, em Aracaju (SE).

3) Plano de governo de Lula não prevê legalização de drogas ou perseguição a religiosos, como sustenta um vídeo que circula nas redes.

4) O aplicativo Pardal, da Justiça Eleitoral, não foi utilizado para o envio de queixas sobre urnas eletrônicas durante as eleições de 2022, ao contrário do que afirmam publicações nas redes. 

5) É falso que Datafolha orienta pesquisadores a cancelar entrevista com apoiadores de Bolsonaro. Vídeo engana ao afirmar que o Datafolha não entrevista eleitores de Jair Bolsonaro em suas pesquisas de intenção de voto. O autor da gravação diz ter sido abordado por uma pesquisadora em Niterói que, ao ver que estava vestido com camisa do presidente, cancelou a entrevista. 

6) É falso que urnas tinham votos pré-registrados para Lula em Serafina Corrêa (RS). Imagens falsamente atribuídas na verdade retratam uma ação policial na região metropolitana de Manaus, em 2018. Policiais militares não apreenderam urnas eletrônicas com votos computados para o ex-presidente. 

7) É falso que Polícia Federal identificou urnas com votos já registrados em Brasília. Em agosto, a equipe técnica da PF participou da inspeção de todas as etapas do sistema eletrônico de votação, e não há registros de problemas. Vulnerabilidades em urnas citadas em vídeo de 2014 de Diego Aranha, professor assistente de segurança de sistemas na Universidade de Aarhus, na Dinamarca, já foram corrigidas.

8) Vídeo de urna em porta-malas de Uber em Campo Grande não mostra irregularidade. Segundo o TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul), os cartórios eleitorais entregam as urnas devidamente lacradas, na semana que antecede as eleições, aos presidentes das seções eleitorais, que ficam responsáveis pelo transporte do equipamento até o local da votação.

9 ) Notícia sobre bloqueio do WhatsApp no Brasil é de 2015, não atual. Portanto, é falso que uma decisão judicial recente determinou a suspensão do WhatsApp no Brasil por dois dias. Vídeo usado nas peças de desinformação foi exibido na GloboNews em 16 de dezembro de 2015.

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“Fact Check” do Google está disponível no Brasil

O Google anunciou a chegada da função Fact Check ao Brasil. O recurso promete destacar informações verdadeiras nos resultados de busca e no Google Notícias para reduzir o risco de leitores caírem em notícias falsas. Para diferenciar os conteúdos, a tag “verificação de fatos” vai entrar em funcionamento ao lado do nome do site que publicou a reportagem. A novidade foi lançada em outubro de 2016 nos Estados Unidos e Reino Unido, e depois na França e na Alemanha. Hoje, a checagem de notícias também chega ao México e Argentina. Em todos os países o Google estabeleceu parcerias com entidades que trabalham com fact checking. No território nacional estão envolvidas a Agência Lupa, Aos Fatos e Agência Pública.

Para fugir de notícias falsas, o Google estabeleceu algumas regras que os publicadores de conteúdo devem seguir. Entre os critérios para ganhar a tag “verificação de fatos” está a necessidade da organização ser não partidária e oferecer ao leitor a capacidade de entender o que foi verificado e quais conclusões chegaram. Além disso, é importante que as análises sejam transparentes com citações e referências a fontes primárias. Caso um site não siga as regras para a marcação, o Google poderá remover o veículo ou blog dos resultados de busca.

“A checagem de fatos se firmou como uma área importante do jornalismo nos últimos anos dentro de veículos tradicionais e startups de mídia, que trabalham para averiguar a veracidade de informações sobre mitos urbanos, política, saúde e até a própria imprensa”, diz Richard Gringas, vice-presidente da divisão de notícias do Google, em nota.

Como usar

Para aproveitar o recurso do Google no Brasil basta pesquisar por determinado assunto que tenha notícias envolvidas no campo tradicional de buscas, ou acessar o Google Notícias no navegador web e aplicativos para Android e iPhone (iOS). As informações checadas terão a tag “verificação de fatos” sinalizada próxima ao título. Vale notar que não encontramos muitos exemplos além dos que foram divulgados pelo próprio Google nesta mesma quarta-feira.

Leia também: Redes sociais e redações se unem contra notícias falsas na internet

Além do Google, o Facebook e o Snapchat também anunciaram mudanças contra notícias falsas. A rede social de Mark Zuckerberg está testando um filtro contra boatos nos Estados Unidos e na Alemanha, também em parceria com organizações jornalísticas. No Facebook, caso um post seja considerado suspeito, um alerta “desvaloriza” a informação no feed. Já o Snapchat atualizou as diretrizes do Discover para acabar com informações falsas e imagens chocantes.

*Informações do Techtudo e do G1

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