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Oposição venezuelana pede à OEA reunião sobre violação de direitos humanos

A oposição venezuelana pediu nesta segunda-feira à Organização dos Estados Americanos (OEA) que convoque uma reunião para discutir a gravidade da situação dos direitos humanos na Venezuela, após a prisão do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma. Em uma carta enviada ao secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, os líderes da oposição argumentaram que a detenção de Ledezma e a morte de cinco estudantes em estranhas circunstâncias revelam a gravidade da situação da Venezuela e seu impacto sobre a democracia. Os opositores esperam que a OEA, que reúne 34 dos 35 países da região (Cuba não participa ativamente) conclua que o governo da Venezuela “se desvia dos princípios democráticos”. Além disso, o governo venezuelano vem aplicando um ambicioso programa de censura à imprensa, ao fechar os principais jornais críticos ao mandato do presidente Nicolás Maduro ou assumir o controle de veículos independentes por meio de empresas fantasmas e falsos compradores, submetendo os jornalistas a uma variedade de pressões.

Enquanto isso, chama atenção o silêncio do Brasil diante da escalada da repressão praticada pelo regime bolivariano da Venezuela contra a oposição. O governo brasileiro vem sendo cobrado a se posicionar sobre a questão, mas reage com um protocolar silêncio, sob a justificativa de “não interferir em assuntos internos” de países vizinhos. No entanto, a prisão não deve passar em branco em Brasília. O deputado federal de Pernambuco e vice-líder da oposição na Câmara, Raul Jungmann (PPS), quer o país vizinho fora do Mercosul. Em nota oficial enviada à imprensa, ele criticou a falta de posição do governo da presidente Dilma Rousseff (PT) sobre o assunto e anunciou quatro ações, entre elas, a lei revogando a adesão da Venezuela ao Mercosul e a denúncia da prisão ilegal à Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA.

No domingo, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, já havia cobrado do governo brasileiro uma posição sobre as prisões de oposicionistas ao governo venezuelano do presidente Nicolás Maduro. Segundo o parlamentar, “não dá para os países democráticos assistirem a isso de braços cruzados, como se fosse normal prender oposicionista, ainda mais detentor de mandato”.

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Ledezman foi preso por cerca de 50 agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin), numa ação violenta, em que seu gabinete terminou invadido a tiros, e o prefeito, levado para um centro militar, sob a acusação de conspirar para derrubar Maduro. Não é por acaso que o prefeito de Caracas se une a uma longa lista de opositores presos, entre os quais Leopoldo López, ex-prefeito de Chacao, detido há um ano, durante os protestos; Enzo Scarano, ex-prefeito da cidade de San Diego, um dos epicentros dos protestos; e Daniel Ceballos, ex-prefeito de San Cristóbal. Além destes, María Corina Machado foi cassada da Assembleia Nacional após denunciar na OEA a repressão do regime nos protestos; o governo venezuelano também prendeu empresários, acusados de estocar alimentos, e jovens do movimento estudantil.

A repressão cresce à proporção que a popularidade de Maduro despenca, inclusive em redutos bolivarianos, sob o peso de uma economia em crise aguda, com graves sequelas sociais. A queda dos preços do petróleo e uma política econômica populista geraram uma inflação acima de 60%, a queda do PIB, a desvalorização do bolívar e a escassez de produtos de primeira necessidade. Associada a altos índices de criminalidade, essa situação motivou os protestos do ano passado.

*O Globo (editoriais), O Tempo e Diário de Pernambuco.

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Anistia Internacional e OAB-BA debatem ação da PM no Cabula

A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Bahia (OAB-BA) promove na próxima quinta-feira (26), a partir das 9h, a audiência pública “A ação da Rondesp no Cabula: limites para o uso da força da Polícia Militar”. A sessão vai discutir a ação da PM na Vila Moisés, periferia de Salvador, no Cabula, na madrugada do dia 6 de fevereiro, que resultou na morte de 12 homens e ferimentos em outros três, inclusive um policial militar. O evento acontece no auditório da OAB-BA, nos Barris.

O evento contará com a presença do assessor de Direitos Humanos da Anistia Internacional, Alexandre Ciconello, e do coordenador da campanha “Reaja ou será morto (a)”, Hamilton Borges, além do presidente da OAB da Bahia, Luiz Viana Queiroz, do vice-presidente Fabrício Oliveira,  de membros da Comissão de Direitos Humanos da entidade. Participam também representantes da Defensoria Pública, do Ministério Público, da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social e da Secretaria de Segurança Pública.

Leia também: Entidades exigem apuração de ação controversa da Rondesp em Salvador

*As informações são da OAB-Bahia

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Governos driblam efeitos libertadores da Internet para criar mordaça na era digital

Duas convicções se assentaram no pensamento contemporâneo sobre o jornalismo. A primeira é que a Internet é a força que mais tem revolucionado os meios de comunicação. A segunda é que a Rede e as ferramentas de comunicação e informação que gerou, como YouTube, Twitter e Facebook, estão transferindo o poder dos Governos para a sociedade civil e os blogueiros, cibercidadãos ou os chamados “jornalistas cidadãos”. É difícil não estar de acordo. Entretanto, essas afirmações escondem o fato de que os Governos estão tendo o mesmo sucesso que a Internet na hora de invadir os meios de comunicação independentes e condicionar a informação que chega à sociedade.

Além disso, em muitos países pobres ou de regime autocrático as ações governamentais pesam mais que a Internet na hora de definir como e quem produz e consome a informação. Há um fato surpreendente que ilustra isso: a censura está em pleno apogeu na era da informação. Em tese, as novas tecnologias tornam mais difícil, e em última instância impossível, para os Governos controlar o fluxo da informação. Alguns afirmam que o nascimento da Internet pressagiava a morte da censura. Em 1993, John Gilmore, um pioneiro da Internet, declarava à Time: “A Rede interpreta a censura como um obstáculo a contornar”.

Hoje, muitos Governos aprenderam a driblar os efeitos libertadores da Internet. Como os empreendedores, estão recorrendo à inovação e à imitação. Em países como Hungria, Equador, Turquia e Quênia, as autoridades imitam ditaduras como Rússia, Irã e China, censurando notícias críticas e criando suas próprias empresas estatais de comunicação. Também estão criando ferramentas mais sutis para atacar os jornalistas. Dessa forma, a esperança de que a Internet permitiria a proliferação de fontes de informação independentes e diversas se tornou realidade apenas para uma parte minoritária da humanidade, a que vive em democracias consolidadas.

Protesto pela liberdade de expressão na Venezuela - Foto: Alejandro Cegarra/AP
Protesto pela liberdade de expressão na Venezuela – Foto: Alejandro Cegarra/AP

Na Venezuela, dois dos principais jornais, críticos ao Governo, foram vendidos a empresas misteriosas. Lá, uso da Internet está crescendo a grande velocidade, apesar do ambicioso programa de censura aplicado pelo governo. Alguns de seus métodos permanecem ocultos, e vieram à luz em outros países. Um deles consiste em assumir o controle de veículos independentes por meio de empresas fantasmas e falsos compradores. Segundo Tamoa Calzadilla, que até o ano passado era diretora de investigação do Últimas Notícias, o jornal de maior circulação da Venezuela, nem na Europa nem nos Estados Unidos se faz ideia da quantidade e variedade de pressões a que os jornalistas de seu país são submetidos.

Calzadilla pediu demissão em sinal de protesto depois que compradores anônimos assumiram o controle do jornal e o novo diretor exigiu mudanças injustificadas em uma reportagem investigativa sobre os protestos contra o Governo. “Essa não é a censura de sempre, onde põem um soldado na porta do jornal e agridem os repórteres”, dizia-nos Calzadilla. “Em vez disso, compram o jornal, prestam queixa contra os jornalistas e levam-nos a julgamento, escutam suas conversas e transmitem-nas pela televisão estatal. É a censura do século XXI.”

Alegações de difamação também são claramente visíveis, conforme o Relatório de Transparência do Google, que foi lançado pela primeira vez em 2009. Ele compila os pedidos de governos para remover conteúdos de plataformas de empresas. O Brasil está classificado no topo da lista. O país também é o segundo com o maior número de ordens judiciais para remoção de mensagens publicadas no Twitter, entre julho e dezembro de 2014, aponta o relatório elaborado pela própria rede social. Ao registrar 27 decisões cumpridas, o país fica atrás apenas da Turquia, onde a rede social atendeu 328 determinações. Os Estados Unidos estão na terceira posição, com seis ordens judiciais. O levantamento mostra que o contexto político do Brasil catalisou as decisões judiciais contra os conteúdos publicados. Das 27 ordens emitidas, 18 delas estavam relacionadas às campanhas eleitorais. A Turquia e o Brasil também estão no top do ranking chamado “conteúdo retido”, no qual a mensagem fica indisponível apenas em um território específico. Aqui, a situação ocorreu com 101 publicações.

Além disso, jornalistas e defensores da liberdade de imprensa identificam a censura judicial como o segundo problema mais importante a afetar os jornalistas brasileiros e os meios de comunicação em geral, ficando atrás apenas da violência contra a imprensa. Agências de notícias e jornalistas são frequentemente submetidos à intimidação na forma de múltiplas ações judiciais que tentam impedir a cobertura de questões de interesse público, como parte de um fenômeno crescente na imprensa brasileira.

 Censura pelo mundo

Na Hungria, a Autoridade dos Meios de comunicação tem o poder de recolher informação detalhada sobre os jornalistas e sobre a publicidade e os conteúdos editoriais. No Paquistão, a autoridade reguladora estatal suspendeu a licença de radiodifusão da Geo TV, o canal mais popular do país, depois que o serviço secreto prestou contra a empresa uma queixa por difamação, após o assassinato de um dos jornalistas mais famosos da rede. Na Turquia, a legislação relativa à Internet confere à Direção de Telecomunicações autoridade para eliminar qualquer site ou conteúdo “a fim de proteger a segurança nacional e a ordem pública, bem como para evitar um crime”. Na Rússia, o presidente Vladimir Putin está reconfigurando a paisagem midiática à imagem e semelhança do Governo. Em 2014, vários veículos de comunicação foram fechados ou mudaram sua linha editorial de um dia para outro em resposta à pressão governamental.

A China é o país onde ficam mais patentes as contradições geradas pela Rede. A nação com mais usuários da Internet e o crescimento mais veloz da população conectada é também o maior censor do mundo. Dos 3 bilhões de internautas do mundo, 22% vivem na China (nos Estados Unidos, quase 10%). Pequim criou o que se chama de “Great Firewall” (grande firewall, o filtro da Internet) para bloquear conteúdos, incluindo páginas de informação estrangeiras. Calcula-se que dois milhões de censores controlam a Internet e a atividade dos usuários.

*Informações do El País, Portal IMPRENSA e ABI (Associação Brasileira da Imprensa).

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Prefeito de Caracas é preso por “conspirar” contra Governo Maduro. Presidente da Câmara cobra posição do Brasil

O prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, de 59 anos,  foi preso na última quinta (19) e indiciado por conspiração e formação de quadrilha. No dia seguinte, um juiz acatou as acusações do Ministério Público e ordenou que o prefeito fosse levado a um presídio militar. No Brasil, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, cobrou neste domingo do governo brasileiro uma posição sobre as prisões de oposicionistas ao governo venezuelano do presidente Nicolás Maduro. Segundo o parlamentar, “não dá para os países democráticos assistirem a isso de braços cruzados, como se fosse normal prender oposicionista, ainda mais detentor de mandato”. Na noite de sexta, o Itamaraty divulgou nota em que diz que o governo brasileiro “acompanha com grande preocupação a situação da Venezuela”, mas o texto se quer cita diretamente a prisão do prefeito.

O prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, foi preso sem mandado judicial - Foto: Williams Marrero /El Nacional
O prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, foi preso sem mandado judicial – Foto: Williams Marrero /El Nacional

Durante a entrega das cartas credenciais a embaixadores no Palácio do Planalto, na manhã de sexta, a presidente Dilma Rousseff havia dito que a detenção é uma “questão interna” da Venezuela. A procuradoria da Venezuela afirma que Ledezma tem ligação com estudantes presos por incitar os protestos antigoverno em 2014, nos quais morreram 43. O governo divulgou vídeos que supostamente provam que os jovens agiram sob ordens da direita. Até agora, porém, não foram apresentadas evidências contra Ledezma. Críticos dizem que a detenção do prefeito revela um esforço de Maduro para tentar desviar o foco da grave crise econômica e acirrar divisões da oposição antes da eleição parlamentar do segundo semestre. A prisão de Ledezma e de outros opositores, como Leopoldo López, também pelos protestos de 2014, segundo especialistas, é uma estratégia para rachar a oposição.

A prisão de Ledezma já provocou manifestações isoladas em Caracas e violência na cidade ocidental de San Cristóbal, mas não causou grande agitação no país profundamente polarizado. Decisões da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), a escassez de produtos básicos, de papel higiênico à farinha, e quase 70 por cento de inflação anual atingiram a popularidade de Maduro, eleito em 2013 para substituir o falecido Hugo Chávez.

*Informações do El País (Edição Brasil) e Folhapress (via Valor Econômico)

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