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Escassez de papel segue ameaçando imprensa venezuelana

A imprensa da Venezuela vive o seu pior momento. Como se não fossem suficientes os assassinatos, agressões a profissionais, censura, perseguição, a crise do papel coloca milhares de profissionais de mídia em risco e prejudica o papel da imprensa no país. O governo do presidente Nicolás Maduro praticamente impediu no último ano a entrega de divisas para importações avaliadas como “não prioritárias” e retardou as de produtos básicos, o que provocou desabastecimento. Com a iminente falta de papel para a veiculação de periódicos, o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP) enviou um comunicado para o presidente, pedindo providências do governo para auxiliar as empresas de mídia.

Jornalistas protestam contra a falta de papel na Venezuela/Foto Juan Barreto - AFP
Jornalistas protestam contra a falta de papel na Venezuela/Foto Juan Barreto (AFP)

A escassez da matéria-prima já obrigou o fechamento de mais de dez impressos regionais, além dos que se limitaram às edições digitais ou reduziram o número de páginas. As denúncias ocorrem com maior frequência nos casos de jornais considerados críticos ao governo. No mês passado, importantes jornais como o El Nacional e El Nuevo País de Caracas, além do El Impulso de Barquisimeto receberam um empréstimo de 52 toneladas de papel enviados pela Associação Colombiana de Editores de Jornais e Meios Informativos (Andiarios).

De acordo com o Jornal de Notícias, a carta endereçada ao chefe de Estado venezuelano busca evidenciar os problemas atuais, “com a finalidade de solicitar a sua atenção sobre a enorme incerteza em que vivem os trabalhadores da imprensa escrita”. A associação entende que as autoridades devem agir para evitar uma eventual recessão na área. “Os nossos lugares de trabalho podem perder-se pelo efeito da crise em que se encontram as empresas para as quais prestamos serviço”.

Capa do El Universal informa redução de páginas/Reprodução
Capa do El Universal informa redução de páginas devido à escassez de papel/Reprodução

“É um fato notório (…) que, para continuar circulando, vários diários reduziram as suas páginas, mas a escassez de papel é cada dia mais crônica e ameaça a continuidade das operações”, afirma a nota, que ressalta que os jornais tradicionais que “empregam um número significativo de trabalhadores” podem ser os próximos a deixar de circular por conta da falta de papel. “O El Impulso, que tem 110 anos, o El Universal (105 anos) e o El Nacional (71 anos) empregam 284, 830 e 504 trabalhadores diretos, respectivamente”.

Sem a colaboração dos organismos adequados, o SNTP avalia que “esta crise tem piorado porque as empresas editoras não receberam, do órgão competente, as divisas (dólares) necessárias para importar o papel”. O sindicato acredita que a própria “constituição dispõe que o trabalho é um direito e que é dever do Estado fomentar o emprego”, e com o dever de respeitá-la, o estado deve atribuir “às empresas jornalísticas os recursos necessários para importar o papel e normalizar as atividades, preservar os postos de trabalho e os salários”.

Leia também: HRW pede interferência do Brasil para conter a repressão na Venezuela

A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) também denunciou algumas das atitudes do governo venezuelano, as quais avalia como um ataque à liberdade de imprensa. “O governo continua apostando “no fechamento dos jornais, por meio da sutil medida de negar as divisas para que assim não possam importar papel e outros insumos que não são produzidos na Venezuela”, explicou Claudio Paolillo, presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa.

Com a chegada de Chávez ao poder, vigora na Venezuela desde 2003 um sistema de controle cambial que impede a obtenção de moeda estrangeira na região, o que faz com que as companhias recorram ao governo para ter acesso aos dólares oficiais para as importações. Expondo a situação, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) acusou o governo venezuelano de continuar apostando em que se “fechem os jornais, mediante a sutil medida de negar-lhes as divisas para que assim não possam importar papel e outros produtos que não são produzidos no país”.

Liberdade de expressão na agenda da Unesco

Na última segunda-feira (5/4), o diário El Universal voltou a reduzir o número de suas páginas por conta da falta de papel. No dia seguinte, uma conferência de dois dias para celebrar o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, na sede da UNESCO, em Paris, terminou com uma declaração que destaca a contribuição da livre expressão para o desenvolvimento.

Fotógrafa cobre evento feminista no norte do Afeganistão/Foto: Fardin Waezi (UNAMA)
Fotógrafa cobre evento feminista no norte do Afeganistão/Foto: Fardin Waezi (UNAMA)

declaração aprovada pede que a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa, a mídia independente e o acesso à informação sejam totalmente integrados nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que substituirão os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) no próximo ano. O documento faz uma ligação das questões da expressão livre com a boa governança, que é uma das bases para o desenvolvimento.

O documento pede especificamente ao Grupo Aberto de Trabalho das Nações Unidas (OWG), o órgão que está preparando os ODS, para incluir a liberdade de expressão como parte de um objetivo da boa governança, como recomendado pelo Painel de Alto Nível das Nações Unidas de Pessoas Eminentes.

Mais de 300 participantes de quase 90 países estiveram presentes nas deliberações, incluindo várias delegações permanentes perante a UNESCO. Um total de 75 palestrantes tratou do tema “Liberdade de imprensa para um futuro melhor: formando a Agenda de Desenvolvimento Pós-2015”.

*Informações de O Globo, Portal Imprensa e Organização das Nações Unidas (ONU)

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Polícia prende 243 na Venezuela. No Equador, a imprensa se autocensura

Centenas de integrantes da Polícia Bolivariana da Venezuela e tropas da Guarda Nacional dissolveram quatro acampamentos mantidos por estudantes que protestavam contra o governo do presidente Nicolás Maduro e detiveram 243 pessoas, em uma operação realizada na madrugada desta quinta-feira (8), em Caracas. Os acampamentos, formados por pequenas barracas, foram montados há mais de um mês por militantes das facções estudantis mais radicais de oposição, vanguarda dos protestos que acontecem em várias cidades venezuelanas desde o último mês de fevereiro. Denúncias nas redes sociais dizem que o número de detenções está acima do divulgado oficialmente, passando de 600. A ação gerou revolta de parentes e novos confrontos entre manifestantes e policiais em pelos menos três pontos da cidade até a noite.

No dia anterior às prisões, estudantes venezuelanos estiveram no Congresso Nacional brasileiro para pedir o apoio do país contra a repressão aos protestos na Venezuela e pedir que o Brasil não venda armas ao governo de Nicolás Maduro. Os estudantes classificaram o atual governo venezuelano de uma “ditadura”. O relatório entregue pelo grupo aponta 44 mortes nos protestos, centenas de detenções, além de casos de tortura.

O ministro do Interior da Venezuela, Miguel Rodriquez Torres, anunciou que os acampamentos haviam sido desmontados. Rodriquez declarou na TV estatal que as 243 pessoas detidas seriam encaminhadas ao tribunal. Rodriguez disse que na operação foram “apreendidas drogas, armas, explosivos, morteiros, gás lacrimogênio, tudo o que utilizam diariamente para enfrentar as forças de segurança”. A decisão foi anunciada horas antes do horário marcado para uma audiência judicial que determinará se o líder oposicionista Leopoldo Lopez, detido desde fevereiro em uma prisão militar fora de Caracas, será julgado por acusações relacionadas aos protestos contra o governo ou se será libertado.

A batida policial foi o ápice de uma escalada repressiva que começou algumas horas antes, na quarta-feira à noite. Na ocasião se soube que a polícia política Sebin (siglas do Serviço Bolivariano de Inteligência) prendia no aeroporto internacional de Maiquetía, que serve à capital venezuelana,  Rodrigo Diamanti, dirigente da organização não governamental “Un Mundo sem Mordaza” (Um Mundo sem Mordaça). Já as autoridades venezuelanas tinham vasculhado na semana passada a sede da ONG, cujo trabalho se desenvolve na defesa da liberdade de expressão.

Também ao final da quarta-feira, dia em que havia sido suspensa a quarta reunião do diálogo de paz entre governo e oposição, o órgão diretor das telecomunicações, Conatel, anunciou o fechamento do programa Plomo Parejo, um popular espaço de denúncias e fofocas políticas conduzido na radioemissora capitalina RCR 750 por Iván Ballesteros. De acordo com os porta-vozes do órgão estatal, o programa contrariava o regulamento do setor ao “incitar à violência”.

O mais recente confronto surge no momento em que o Congresso dos Estados Unidos está se aproximando de impor sanções econômicas contra os líderes venezuelanos. Funcionários do Departamento de Estado norte-americano informarão um comitê do Senado na quinta-feira sobre os violentos protestos de rua que abalaram o país nas últimas semanas, e um comitê da Câmara dos deputados concluirá sua versão do projeto de sanções na sexta-feira.

O projeto de lei em debate no Legislativo norte-americano é relativamente modesto. A peça central é um fundo de US$ 15 milhões para a promoção da democracia e do Estado de Direito no país sul-americano. A medida restringiria a concessão de vistos a funcionários do governo venezuelano envolvidos na repressão aos protestos de estudantes e líderes oposicionistas, e congelaria seus ativos nos Estados Unidos.

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O país vem sendo sacudido por uma onda manifestações iniciadas em fevereiro que já causaram 41 mortes em todas as porções do espectro político, causando ferimentos a 785 pessoas. Ao menos 2,2 mil pessoas foram detidas em função dos protestos, nos últimos meses. O governo de Maduro está cada vez mais irritado com as manifestações, e na semana passada anunciou a detenção de 58 estrangeiros, entre os quais um norte-americano, por suspeita de incitação de protestos violentos de rua contra o governo.

Maduro e Rodriguez Torres denunciaram o que descrevem como “complô para promover a inquietação e derrubar o governo”. Os oposicionistas rejeitaram repetidamente as frequentes alegações do governo quanto a tentativas de golpe, definindo-as como esforço para desviar a atenção dos problemas do país.

Sem liberdade

A América Latina não é atualmente o melhor lugar para trabalhar como jornalista. Enquanto entidades denunciam a escalada da repressão na Venezuela, meios de comunicação do Equador se abstiveram de publicar uma ilustração que critica o presidente do país, Rafael Correa. O material gráfico trata da pressão que o governo faz à imprensa e foi produzido pela Associação Mundial de Periódicos e Editores de Jornais (WAN-IFRA) para ser divulgado no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.

Para os jornalistas do Equador, essa omissão reflete a autocensura a que os veículos de informação do país se submetem. “Os jornais que publicaram os anúncios da WAN-IFRA só colocaram os que se referiam à Etiópia e à China. Não publicaram nada sobre Correa nem na web, nem nos impressos”, disse Diego Cornejo, diretor executivo da Associação Equatoriana de Editores de Periódicos (Aedep) ao Centro Knight de Jornalismo nas Américas.

Já o governo de Cuba, prendeu e acusa de terrorismo quatro exilados cubanos residentes dos Estados Unidos e desconhecidos entre a oposição. A edição digital de terça-feira do diário Granma informou sobre a detenção em Havana. Cuba não revelou as circunstâncias da detenção dos quatro indivíduos, nem as idades ou fotografias dos detentos. Mas assegurou que todos eles “reconheceram que pretendiam atacar instalações militares com o objetivo de promover ações violentas” em Cuba e que com tais fins, “desde meados de 2013, três deles realizavam várias viagens à Ilha para estudar e modelar a sua execução”. Até o momento, nenhum membro das organizações mais ativas do exílio cubano no sul da Flórida diz ter escutado algo sobre os detentos e suas atividades em Miami ou Havana.

“Chamei vários outros grupos e ninguém os conhece. Tudo pode acontecer na vida, talvez façam parte de um grupo independente, mas eu o duvido muito. O estranho deste aparecimento é que acontece em um momento muito conjuntural para o Governo cubano. Tenho o temor de que o regime queira utilizar coisas como estas para justificar represálias contra a oposição interna”, disse ao El País o presidente do Movimento Democracia, Ramón Saúl Sánchez.

Esta nova denúncia de Havana ocorre justamente uma semana depois que o Departamento de Estado dos EUA decidiu manter Cuba, pelo trigésimo segundo ano consecutivo, em sua lista anual de países que patrocinam o terrorismo.

*Informações do jornal Folha de S. Paulo, El País (Edição Brasil) e Gazeta do Povo.

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VI Fórum Liberdade de Imprensa repudia ameaças ao trabalho jornalístico

O 6º Fórum Liberdade de Imprensa e Democracia, organizado por Imprensa Editorial, reuniu ontem (6), em Brasília, jornalistas, entidades, professores e estudantes para debater os rumos do jornalismo no país, em ano de Copa do Mundo e eleições presidenciais. No encontro, que discutiu a cobertura política, a censura prévia nas eleições e a difícil tarefa de conciliar a liberdade de imprensa e os interesses partidários, as investidas de líderes do PT contra a imprensa foram repudiadas.

O diretor de Conteúdo do Grupo Estado, Ricardo Gandour, avaliou que há uma tentativa de distorcer conceitos jornalísticos e jogar a sociedade contra repórteres e empresas de comunicação. “A tentativa de tachar a imprensa de partido da oposição é no mínimo perigosa para a democracia. O grande perigo que o jornalismo enfrenta é essa percepção distorcida da profissão que, infelizmente, alguns líderes importantes estão fomentando”, afirmou.

O segundo painel do Fórum bordou as  censuras judiciais contra a imprensa em anos eleitorais/ Foto: Portal Imprensa
O segundo painel do Fórum abordou as censuras judiciais contra a imprensa em anos eleitorais/ Foto: Portal Imprensa

Nas últimas semanas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do PT, Rui Falcão, e o ex-ministro Franklin Martins (Comunicação Social) focaram seus discursos contra veículos de comunicação. Documento elaborado por Falcão sobre a campanha eleitoral classificou a imprensa como “mídia monopolizada, que funciona como verdadeiro partido de oposição”.

Ricardo Gandour avaliou que a estratégia dos “líderes influentes” desconsidera uma atividade profissional que tem por característica mostrar o que está oculto e incomodar quem está no poder. “Não existe jornalismo que não incomoda”, ressaltou. “Agora, jogar o incômodo natural que o jornalismo provoca, transladado para o conceito de oposição, acoplado à palavra ‘partido’, é uma injustiça contra a imprensa”, completou. “Todos nós precisamos de uma imprensa livre.”

Leia também: No Dia Mundial das Comunicações, entidades repudiam condenações e violência contra jornalistas

No evento realizado no auditório do Museu da Imprensa Oficial, Eliane Cantanhêde, colunista da Folha de S. Paulo, disse que a investida de Lula contra a imprensa se agrava pela força da “figura” política do ex-presidente. Ela observou que a relação entre jornalistas e o PT era muito próxima quando o partido estava na oposição no âmbito federal. “É muito grave quando um líder com a influência e a visibilidade do ex-presidente Lula mantenha o mantra de que a imprensa persegue o bem”, afirmou. “A imprensa é um fator importante para a democracia de qualquer parte do mundo”, completou. “O PT e o Lula incitam manifestações contra nós. O ex-presidente está fazendo um grande mal à democracia.”

Em tom de desabafo, Denise Rothenburg, colunista do jornal Correio Braziliense que acompanha o cotidiano político de Brasília, reclamou do clima gerado contra a imprensa. “Ninguém aguenta mais a acusação de que fazer uma matéria crítica é um golpe”, disse. “O que falta é equilíbrio.” A jornalista Cristina Serra, da TV Globo, disse que a sociedade brasileira vive um clima de litigância e os jornalistas enfrentam pressões da política e do Judiciário. Cristina disse ainda acreditar “no papel de mediação do jornalista”.

post-face_liberdade_500x500pxRicardo Gandour observou que o jornalismo brasileiro fiscaliza os poderes municipal, estadual e federal. Ele afirmou que é natural que o governo central seja mais exposto à fiscalização. “A história está aí mostrando que todos os atores políticos são sujeitos e pacientes da imprensa, que amadure e melhora com a liberdade de informação”.

O jornalista destacou que a estratégia dos políticos de atacar a imprensa aproveita o desconhecimento das novas gerações e dos novos públicos das redes sociais em relação aos gêneros jornalísticos. Ele observou que antes se diferenciava mais um texto editorial, opinativo e informativo. “Eles distorcem conceitos essenciais da imprensa num momento em que a gente pode estar correndo o risco de deseducação midiática na alternância de gerações”, afirmou.

“Há um reducionismo e uma simplificação que ajuda a jogar a opinião pública e a sociedade contra a imprensa.” Avaliou ainda que os veículos de comunicação já passaram, nos últimos tempos, por riscos provocados pela mudança de plataforma, como a fragmentação da publicidade e a transição do impresso para novas mídias. Resta, na análise de Gandour, o “perigo” das investidas dos políticos contra o trabalho dos repórteres e empresas de comunicação.

O Ministro Ayres Brito, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, ressaltou que liberdade de imprensa é um valor constitucional. “Não existe liberdade de imprensa pela metade. Ela é plena, e isso significa que é íntegro e não há brecha. A liberdade de imprensa se autoexplica. O artigo 5º da Constituição fala de inviabilidade dos direitos à vida, e que a vida só é inviolável em condições de liberdade, igualdade e segurança. A liberdade vem em primeiro lugar e é referida na Constituição como liberdade de informação jornalística”, destacou o ministro.

Relatórios

O Fórum marcou, ainda, o lançamento do relatório especial sobre a liberdade de imprensa no Brasil elaborado pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), uma organização não governamental que monitora violações contra jornalistas de todo o mundo. Ele inclui capítulos sobre a violência e a impunidade, o marco civil e legislação sobre a internet, a censura judicial, obstruções para cobrir os protestos, além das recentes medidas do governo e as conclusões do Grupo de Trabalho. Inclui também recomendações do CPJ para o governo brasileiro sobre a forma de abordar estas questões.

Leia também: Relatório reprova Cuba e Venezuela no quesito liberdade de imprensa

Outro relatório, apresentado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) vem, desde os protestos de junho de 2013, compilando casos de violações contra jornalistas. A Abraji decidiu ouvir os jornalistas agredidos, presos ou hostilizados nas ruas desde o ano passado e produzir, a partir da experiência deles, um guia prático com algumas informações sobre o que acontece nas manifestações e como os jornalistas podem se proteger.

O levantamento anual da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), publicado em dezembro de 2013, aponta que a situação da liberdade de imprensa foi “grave” no Brasil. Segundo a RSF, a violência contra jornalistas na campanha para as eleições municipais de 2012 agravou ainda mais a situação, principalmente longe dos grandes centros de poder do País. A imprensa regional está exposta a ataques, violência física contra seus funcionários e ordens judiciais de censura, que também atingem os blogs.

*Informações de Portal Imprensa, O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo.

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Ministra defende liberdade de expressão em debate sobre comunicação e mercado

Nesta terça-feira (29), em apresentação para uma plateia de professores e alunos do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia criticou condutas que ‘buscam tutelar a sociedade’. A fala da ministra abriu o seminário ‘Comunicação e Mercado no Brasil: Desafios e Oportunidades’, que o Ibmec promove junto com o Instituto Palavra Aberta. No encontro realizado no Rio, a ministra disse que há no País “uma intolerância enorme para tudo o que seja diferente” e que “não adianta querer ser livre e abrir mão de pensar”.

"A liberdade de expressão impõe responsabilidade paralela, mas não tem nada a ver com censura", disse a ministra/ Foto: Antônio Cruz-ABr
“A liberdade de expressão impõe responsabilidade paralela, mas não tem nada a ver com censura”, defende a ministra/ Foto: Antônio Cruz-ABr

Cármen Lúcia defendeu uma discussão profunda sobre a relação entre liberdade e privacidade. “Temos a invasão de privacidade e a evasão de privacidade. A pessoa vai à Igreja fazer uma doação para o padre e quer que aquilo seja divulgado e publicado. Mas não quer aparecer quando namora escondido. E o jornalista não vai parar na hora que essa pessoa quer”, citou Cármen Lúcia. A ministra ressaltou a diferença entre a liberdade, “uma conquista permanente”, e o direito à liberdade, “que é a concretização da liberdade”.

O tema da intolerância foi retomado pelo presidente do Grupo Abril, Fábio Barbosa. Depois de dizer que “a falta de tolerância é a antítese da democracia”, Barbosa advertiu que o País está “vivendo um momento muito delicado de verdade única, de falta de convivência com a opinião contrária”. Para ele, “toda conduta que busca tutelar a sociedade é um risco para a liberdade de expressão. O politicamente correto exacerbado também é intolerante, porque ele não admite outro pensamento”.

O seminário marcou o lançamento de uma nova cátedra, sobre liberdade de expressão, fruto de parceria do Ibmec com o Instituto Palavra Aberta. A presidente do Instituto Palavra Aberta, Patricia Blanco, destacou que “a defesa da liberdade de expressão é uma luta cotidiana porque todos os dias aparecem novos desafios”.

O professor da USP Eugênio Bucci, presidente da Radiobrás entre 2003 e 2007, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse que liberdade e privacidade não são excludentes e, ao contrário, “a privacidade é uma conquista da liberdade”. “Não podemos cair na armadilha de acreditar que a liberdade é relativa por força da privacidade”, sustentou.

“Quando vivermos a liberdade como um valor, estaremos no caminho do desenvolvimento. Quem viveu a transição da ditadura para a democracia sabe o valor da liberdade. Vocês podem imaginar o que é não poder votar para presidente da República?”, perguntou aos alunos o vice-presidente de Relações Institucionais das Organizações Globo, Paulo Tonet Camargo.

Para Tonet, “a informação com credibilidade é a que continuará sendo consumida com certeza por milhões de pessoas”. Também participaram do seminário o diretor do Ibmec, Fernando Schüler, e o diretor de Políticas Públicas da Google no Brasil, Marcel Leonard.

*Com informações do Estado de Minas e O Estado de S. Paulo.

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