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Associação Brasileira de Imprensa rejeita hostilidades a jornalistas

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) divulgou uma nota que trata do agravamento das hostilidades contra jornalistas e veículos de comunicação “neste momento particularmente delicado da vida do país” e pede paz nas manifestações previstas para os próximos dias. De acordo com a instituição, “a espiral de violência que prosperou ao longo do ano passado estimulou recentemente inaceitáveis episódios de intolerância política com graves ameaças à liberdade de imprensa e à própria democracia”, defende o documento publicado neste sábado (12).

A ABI expressa solidariedade às vítimas do que chamou de “inaceitável processo de intimidação” e diz apoiar a iniciativa da Associação Nacional de Jornais (ANJ), a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a Associação Nacional de Editores de Revistas (Anaer), a Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abraer) em advertir as autoridades e alertar a opinião pública sobre as consequências imprevisíveis que novos atos dessa natureza produzirão sobre as garantias fundamentais.

“Esperamos que as manifestações previstas para os próximos dias ocorram de forma pacífica e que todos os profissionais de imprensa designados para a cobertura tenham absoluta liberdade em seu trabalho de levar a informação a toda a sociedade brasileira”, diz o documento, que é assinado pelo presidente da entidade, Domingos Meirelles, e diz ainda que não se pode tolerar que o Brasil repita em 2016 o “deplorável desempenho” do ano passado, quando a organização Repórteres Sem Fronteiras classificou o Brasil como o quinto país mais perigoso do mundo para o exercício da atividade jornalística. “Performance que ofende os valores de uma nação civilizada e cobre de vergonha a todos nós”.

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Jornalista turco, preso há seis meses, escreve carta para a imprensa de sua cela na prisão

O jornalista turco Hidayet Karaca, gerente geral da rede de TV Samanyolu, uma das principais redes de televisão turcas, está preso desde dezembro do ano passado sob a acusação de “liderar um grupo terrorista”. Foi divulgada nesta segunda-feira (15), uma carta escrita por ele de sua cela, na qual comenta a ameaça à liberdade de imprensa e a democracia na Turquia. No comunicado, escrito em janeiro deste ano, mas divulgado somente agora, Karaca ressalta a “caça às bruxas no país” contra profissionais de imprensa que defendam a democracia e uma maior transparência governamental. As acusações estão relacionadas à apresentação, cinco anos atrás, de um episódio de novela em um dos canais do grupo. Karaca foi detido juntamente com mais de vinte e quatro jornalistas experientes e executivos de mídia. A maioria dos quais foram liberados rapidamente.

Na carta Hidayet Karaca diz que é “vítima de uma caça às bruxas que tem sido lançada contra a imprensa livre, independente e crítica na Turquia. Qualquer jornalista que descubra a roupa suja de altos funcionários do governo é imediatamente rotulado como traidor e sujeito a um assassinato de caráter, abuso, perseguição e até mesmo processo legais sob acusações falsas, sem nenhuma evidencia”. Ainda segundo ele, o presidente Recep Tayyip Erdoğan e seus aliados no governo declararam guerra contra a mídia independente, tendo como pano de fundo as enormes investigações de corrupção que incriminaram altos funcionários do governo.

Outra prática comum é a tentativa de falência das redes de transmissões, através da aplicação de multas, intimidação aos anunciantes e o clientelismo entre líderes dos órgãos reguladores e governo federal. Num país em que 80% dos meios de comunicação são controlados por grandes grupos econômicos e empresariais atrelados ao governo que, em troca, recebem favorecimento em licitações e contratos públicos, o cerco à imprensa livre e crítica tem ficado cada vez maior. “O clima de medo tem um efeito estarrecedor em todos os grupos midiáticos que não estão alinhados com as políticas do governo e foram forçados ao silêncio”, afirma Hidayet Karaca.

Apesar desse quadro completamente obscuro e de todas as dificuldades Hidayet Karaca disse que nunca perdeu a fé na democracia. “Sei que estou pagando o preço por defender aquilo que acredito. Esse é o preço que, talvez, deva ser pago pela liberdade, autonomia, direitos e, acima de tudo, pela democracia. A mídia tem a responsabilidade de informar ao público sobre o que o governo está fazendo. Estou em paz com minha consciência, pois fiz o meu melhor parar servir ao interesse público em minha capacidade de profissional da mídia. Fiz o meu trabalho e continuarei fazendo-o enquanto puder”.

Condenação em Moçambique

Jornalistas moçambicanosO jornalismo no mundo continua uma profissão de alto risco. Em Moçambique, dois jornalistas do Expresso Moz, Anselmo Sengo e Nelson Mucandze, foram condenados a quatro meses de prisão e a pagar uma indenização no valor de 10 milhões de meticais, cerca de 830 reais, a favor de Filipe Paúnde, ex-secretário geral da Frelimo, pelo crime de difamação e abuso de liberdade de expressão, devido a uma reportagem intitulada “Paúnde vende Isenções”, publicada em Fevereiro de 2014. O artigo em causa dizia, a dado passo, que “Filipe Paúnde está em apuros por causa da alegada venda de direitos de isenção na importação de viaturas. Os beneficiários das isenções são preferencialmente comerciantes e vendedores de viaturas na cidade de Maputo e Matola”.

*Luana Velloso/ABI com informações do PORTAL IMPRENSA, Centro Cultural Brasil-Turquia, Opera mundi e Voz da América.

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Governo turco prende jornalistas por suposta ‘conspiração’

A polícia turca invadiu instalações de meios de comunicação ligados a um opositor do governo neste domingo (14) e prendeu 24 pessoas, incluindo executivos e ex-chefes de polícia, em operações contra o que o presidente Tayyip Erdogan diz ser uma rede terrorista conspirando para derrubá-lo. As invasões ao jornal turco “Zaman” – principal meio de comunicação crítico do Governo – e à televisão “Samanyolu” marcaram uma escalada da batalha de Erdogan contra o ex-aliado Fethullah Gülen, clérigo muçulmano que vive nos Estados Unidos, com quem está em conflito aberto desde que uma investigação por corrupção sobre o círculo próximo a Erdogan surgiu há um ano. Os dois dirigentes começaram a se distanciar depois da guinada autoritária do então primeiro-ministro Erdogan durante a repressão dos protestos de jovens em 2013.

A União Europeia, EUA e meios de comunicação da Turquia criticaram as detenções. Para comunidade internacional, ação viola direito à liberdade de imprensa e princípios democráticos. O Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ), com sede em Nova York, também condenou a batida policial. “Enquanto detalhes ainda estão surgindo, isso já é conhecido: as autoridades turcas, que possuem um histórico de perseguição política contra a mídia, não toleram reportagens críticas”, disse o diretor executivo do CPJ, Joel Simon. “Essas ações de mão pesada têm um sabor de vingança política”.

Segundo a mídia turca, três dos detidos funcionários da popular série de TV Tek Turkiye (Uma Turquia), do canal STV foram liberados nesta segunda-feira, mas 24 suspeitos ainda estariam sendo interrogados pela polícia local. O jornal Zaman, cujo editor-chefe Ekrem Dumanli está entre os detidos, foi às bancas nesta segunda-feira com a seguinte manchete: “Dia negro para a democracia”. “O Zaman manterá sua abordagem pró-democracia, pró-liberdade e pacífica sem medo algum”, diz o jornal, alertando que a Turquia estava sendo “arrastada para um precipício”.

“A imprensa livre não pode ser silenciada”, gritava em coro no domingo uma multidão concentrada diante da sede do Zaman em Istambul para defender seu editor-chefe. O próprio Dumanli fez um discurso no qual desafiava os agentes do departamento antiterrorista da polícia a prendê-lo. A polícia lhe mostrou uma documentação que citava o delito de “formação de quadrilha para tentar tomar a soberania do Estado”.

O presidente da Samanyolu, Hidayet Karaca, disse na sede da TV, em Istambul: “É uma vergonha. Infelizmente, na Turquia do século XXI, este é o tratamento que se dá a um grupo de meios de comunicação com dezenas de emissoras de televisão e rádio, internet e revistas”. Além de Karaca, foram detidos um diretor e vários redatores da rede.

A Procuradoria de Istambul informou que foram emitidas ordens de prisão contra 32 pessoas pela relação nesse caso, acusadas de delitos como “dirigir ou pertencer a uma organização terrorista”, “falsificação de documentos” e “calúnia”. Dois antigos chefes policiais, entre eles o ex-chefe do departamento antiterrorista de Istambul Tufan Ergüder, também foram detidos. Fontes oficiais tinham anunciado na semana passada que cerca de 400 pessoas, incluindo 150 jornalistas, seriam detidas por suas ligações com Gülen.

*Informações do El País (Edição Brasil), Portal IMPRENSA e G1/Mundo

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