Mês: abril 2014
O Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), com o apoio da Bahiatursa, Secult e Unijorge, marca nesta segunda (7 de abril) um gol de placa ao começar uma semana de debates sobre a mais importante manifestação cultural na constituição do perfil identitário do brasileiro: o futebol. Trata-se do seminário “Paixão Futebol Clube”, com a presença de especialistas, jornalistas, professores, ex-jogadores e interessados na história do futebol. São 114 anos de curtição com a bola desde que Zuza Ferreira desembarcou de Londres com as primeiras gorduchas e um livro de regras na mão. É a primeira vez, neste tempo todo, que os baianos reúnem uma seleção de pesquisadores para conversar frente a frente com a torcida.
O encontro coincide com a fase final do campeonato baiano, disputado desde 1905, quando o Internacional, formado por ingleses e integrantes da colônia britânica, foi o vencedor. Nesta edição, Vitória e Bahia voltam a disputar o título, nos dias 6 e 13 de abril, em partidas programadas para a Fonte Nova e o Estádio de Pituaçu.
Durante o encontro, o antropólogo Jeferson Bacelar vai tabelar com Aloildo Gomes Pires, autor, entre outros, do precioso e raro livro ‘Popó-o craque do povo’, único registro do primeiro ídolo. A cineasta e doutoranda em Sociologia, Priscila Andreata, vai levar o público a um passeio cinematográfico com a bola no pé, em parceria com o jornalista João Carlos Sampaio.
Na quarta-feira, o ‘colombaiano’ Nelson Varón Cadena, guardião de nossa memória, forma a dupla de zaga de pesquisadores com o professor, jornalista e mestre em Comunicação e Cultura Contemporâneas, Luis Teles.
Na quinta-feira, o tema é Futebol e Ídolos: a goleada de conhecimento estará com a dupla de artilheiros Galdino Silva e Normando Reis, autor do livro Bahia: uma história de glórias. São dois pesquisadores tão dedicados ao tema que frequentam diariamente o arquivo do IGHB em busca de confirmações para suas informações esportivas.
No encerramento, o professor e jornalista Paulo Leandro levará parte do conhecimento produzido sobre a transformação da torcida de futebol, como resultado da tese de doutorado orientada por Maurício Tavares, na Universidade Federal da Bahia.
Fred Flávio do Chame-Chame estará todas as tardes com jogadores campeões do futebol baiano, para debater com os torcedores e curtidores da bola em Salvador. “Ao final do encontro, os pesquisadores planejam fundar uma associação com o objetivo de reunir toda esta produção de conhecimento a fim de divulgar e fazer com que os baianos tenham mais informações de qualidade sobre esta manifestação cultural capaz de vencer todas as barreiras de etnia e classe social”, complementa Paulo Leandro, coordenador da iniciativa.
As inscrições são gratuitas, basta aparecer todas as tardes, entre 14 e 17 horas, na arena do IGHB, localizado na Piedade (em frente ao Shopping Center Lapa) ou encaminhar email para [email protected]. Mais informações no tel. 71 3329 4463 (das 13h às 17h).
O que: Seminário Paixão Futebol Clube
Coordenação: prof. Paulo Leandro (Ufba)
Quando: 7 a 11 de abril, das 14h às 17h
Onde: Instituto Geográfico e Histórico da Bahia
Avenida Joana Angélica, 43 – Piedade
CEP 40050-001
ww.ighb.org.br/ (71) 3329 4463
CLEIDE NUNES – 9974 5858
PROGRAMAÇÃO
Dia 7 (segunda-feira) – Futebol e História – Jeferson Bacelar e Aloildo Gomes Pires
Convidados: Zé Carlos (campeão brasileiro pelo Bahia), Emerson Ferretti (ex-goleiro e atual presidente do Ypiranga) e Quintino Barbosa (técnico de futebol, eleito o melhor técnico do campeonato baiano 2013)
Dia 8 (terça-feira) – Futebol e Cinema – Priscila Andreata e João Carlos Sampaio
Thiago Mastroianni (Narrador e apresentador do Globo Esporte da TV Bahia, além de apresentador da Equipe CBN EM CAMPO – CBN Salvador), André Hiltner (repórter esportivo da Equipe CBN EM CAMPO – CBN Salvador) e Sinval Vieira (Ex-diretor do Vitória e da FBF, assessor técnico da SUDESB e comentarista da Rádio Transamérica)
Dia 9 (quarta-feira) – Futebol e Mídia – Luís Teles e Nelson Varón Cadena
Newton Mota (ex-coordenador das divisões de base do Bahia, Vitória, dentre outros clubes do Brasil), Cristina Mascarenhas (editora do Bahia Esporte da TV Bahia e apresentadora da Equipe CBN EM CAMPO – CBN Salvador), e Alberto Leguelé (ex-jogador do Bahia e Flamengo que disputou os jogos olímpicos de 1976).
Dia 10 (quinta-feira) – Futebol e Ídolos – Normando Reis e Galdino Silva
Elton Serra (Comentarista Equipe CBN EM CAMPO – CBN Salvador e colunista do site iBahia.com), Bruno Queiroz (repórter esportivo da Equipe CBN EM CAMPO – CBN Salvador), Hailton Andrade (editor de esportes do site IBahia.com e comentarista da Equipe CBN EM CAMPO – CBN Salvador),, Rodrigo Cintra (ex-árbitro de futebol e atual comentarista de arbitragem da TV Bahia).
Dia 11 (sexta-feira) – Futebol e Torcida – Paulo Leandro e Fred Flávio
Edu Lima (ex-jogador do Vitória, Bahia e comentarista de esporte da Rádio Itapoan), Demilson Barreto (ex-goleiro do Vitória – campeão baiano de 1985 e ex-árbitro de futebol), Jorge Maia (conselheiro do Bahia) e Selma Morais (jornalista, apresentadora do programa Bahia Motor da TVE, apresentadora do programa Mulheres na Copa da rádio Transamérica e presidente da Federação de Automobilismo da Bahia).
Em mais de 80 anos de história, a Associação Bahiana de Imprensa (ABI-Bahia) luta pela liberdade de expressão e acompanha as transformações sociais, políticas e econômicas da Bahia e do país. No dia 31 de março, o Brasil ‘descomemorou’ um triste episódio da sua história: os 50 anos do golpe civil-militar. Para não deixar cair no esquecimento os crimes cometidos pela ditadura, a Associação reuniu, na manhã de ontem (3), jornalistas em um debate sobre imprensa e censura. O evento realizado na sede da entidade recebeu depoimentos dos jornalistas Valter Lessa, Nelson Cerqueira, Emiliano José e Samuel Celestino, que narraram suas experiências ao longo dos 21 anos em que o país esteve sob o comando de generais.
No Auditório Samuel Celestino, o presidente da ABI-Bahia, Antonio Walter Pinheiro, agradeceu a presença de todos e conduziu o debate organizado pelo jornalista Luis Guilherme Pontes Tavares, diretor de Cultura da instituição. Walter Pinheiro, que também é presidente do jornal Tribuna da Bahia, lembrou as dificuldades do diário na época dos “anos de chumbo” do regime militar iniciado em março de 1964 e extinto em 1985, período em que jornalistas foram perseguidos, assassinados ou desapareceram, e os jornais foram ocupados por censores oficiais, escrevendo uma das mais tristes páginas da História do Brasil.
Walter Pinheiro ressaltou que esse não foi o único período em que houve severas restrições à ordem pública e às liberdades individuais. Já no ano de seu nascimento, a ABI enfrentaria um fato político que perturbava o país. Era a chamada “Revolução de 30”, que trazia a decretação do estado de sítio, seguida da ditadura de Getúlio Vargas, de 1937 a 1945. A ABI surge para defender a liberdade de expressão.
Para ele, o jornalista sofre com a autocensura, entre outras pressões. “A censura não se extingue com o restabelecimento da democracia. Ela muda de forma e a ABI está sempre atenta a identificar os momentos em que ela se manifesta. Que esse evento possa fortalecer nossas convicções sobre os processos democráticos, porque sem imprensa não há democracia. Sem imprensa não há justiça. O que se deseja é uma imprensa livre, responsável e que priorize o interesse público”, defendeu o dirigente.
O jornalista Valter Lessa, experimentado fotojornalista brasileiro, iniciou a mesa questionando os motivos que impediram a derrubada do então governador da Bahia, Lomanto Júnior, que foi “convidado”, após o golpe, a adequar-se ao novo regime. Na ocasião, o ex-chefe da Casa Civil do Governo Lomanto Júnior, o administrador e professor João Eurico Matta, adicionou informações ao relato de Lessa, revelando que o então governador estava informado sobre o golpe. Lessa narrou os episódios que ocorreram no Palácio da Aclamação entre março e abril de 1964, quando o prédio foi cercado, e destacou a importância do telefone como meio de comunicação que contribuiu para o curso dos acontecimentos.
Emocionado, Nélson Cerqueira, presidente da Faculdade Zacarias de Góes, lembrou-se da noite de 31 de março de 1964. Ele era diagramador do Jornal da Bahia e um dos poucos que restavam na redação quando houve a invasão do jornal pelos militares. “O jornal se preparava para rodar quando o Exército chegou. O comandante pediu para ver a edição cuja manchete era ‘Rebelião contra o governo’ e disse: ‘Tá errado. Vamos trocar agora!’. E mudou para: ‘A nação que se salvou a si mesmo do julgo comunista’. [Risos] Eu respondi que não havia espaço”. No outro dia, o jornal circulou com a manchete em branco. “Esse episódio simplório foi o primeiro registro formal de censura explícita e declarada em 1964. Depois disso, apareceu a figura do censor físico, que ia às redações com um carimbo para aprovar ou não as matérias”. De acordo com Cerqueira, os redatores recebiam uma lista de coisas que não podiam ser publicadas, que, se seguida à risca, não existiria jornal.
Um dos autores fundamentais da historiografia sobre a ditadura, o jornalista Emiliano José depôs a respeito das torturas e perseguições sofridas nos anos 70, quando esteve preso por quatro anos, e refletiu sobre a participação da imprensa brasileira no golpe. “Acho extremamente rico que a ABI proponha esse debate corajoso, porque é muito difícil as instituições dizerem ‘eu errei’. Na minha condição de sobrevivente, falo em nome dos mortos e desaparecidos que foram vítimas dessa noite de terror e sombras que foi a ditadura. Havia uma determinação do Estado para torturar, conseguir informações e matar, como confirmam os arquivos a que teve acesso o jornalista Elio Gaspari. Mas a mídia brasileira foi golpista e parte do golpe. Cúmplice do regime ‘terror e sangue’”.
Cronista político de A Tarde, além de editor do site Bahia Notícias, o jornalista Samuel Celestino também enfrentou dificuldades com os órgãos de repressão e viveu no exterior durante um período da ditadura militar. Ele relatou o cerco da Faculdade Direito da Universidade Federal da Bahia (UFBA), no dia 1º de abril. Para o ex-presidente da ABI e atual presidente da Assembleia Geral da instituição, “é importante deixar claro que a ditadura não deixou o poder, mas foi derrotada pelas manifestações da sociedade civil brasileira”.
Após os depoimentos da mesa, os diretores da ABI, Ernesto Marques e Agostinho Muniz, propuseram que a entidade avalie seu comportamento durante o regime militar e, se constatadas as omissões, faça uma retratação pública. “Precisamos corrigir esse erro histórico, porque a ABI de 64 não é a de hoje”, afirmou Agostinho Muniz.
Para Ernesto Marques, “passado não é o que passou, mas o que ficou do que passou. É muito importante que a nova geração de jornalistas tenha orgulho da ABI e entenda que aqui é sua casa. Nós erramos sim e devemos desculpas à sociedade”. A sugestão de avaliação da proposta foi acolhida como ponto de pauta da reunião da diretoria, que será realizada na próxima quinta-feira (10).
A Assembleia Legislativa da Bahia aprovou por unanimidade projeto de resolução que concede a Comenda Dois de Julho ao diretor-presidente da Tribuna da Bahia e presidente da Associação Bahiana de imprensa (ABI), Antonio Walter Pinheiro, “não só pelos seus serviços às comunidades menos favorecidas como integrante de várias instituições filantrópicas e de beneficência, mas, sobretudo, como uma maneira de o Poder Legislativo homenagear toda a imprensa baiana na passagem do Dia do Jornalista”.
Assinado pelo deputado Euclides Fernandes, o projeto tem a seguinte justificativa: “Em 1931, a Associação Brasileira de Imprensa decidiu que o dia Sete de Abril será considerado como o Dia do Jornalista, como uma forma de homenagear o jornalista e médico Libero Badaró, assassinado no dia 22 de novembro de 1830, em São Paulo, por alguns dos seus inimigos políticos.
O movimento popular que se gerou por causa do seu assassinato levou a que D. Pedro I abdicasse em 1831, no dia 7 de abril. Este Projeto de Resolução além de homenagear o presidente da ABI, jornalista Walter Pinheiro, em reconhecimento ao seu intenso e incansável trabalho como integrante de entidades filantrópicas e beneficentes e o lídimo representante da classe jornalistica, o que pretendemos, também, é que o Poder Legislativo homenagei todos os integrantes da categoria profissional também denominada de Quarto Poder.
Para isso, precisamos do apoio e participação de todos os meus pares para que esta proposição esteja aprovada a tempo de ter sua solenidade de entrega marcada para o dia Sete de Abril, Dia do Jornalista. Além de presidente da Tribuna da Bahia, Walter Pinheiro já integrou a diretoria da Santa Casa da Misericórdia, o Conselho Definidor da Casa Pia e colégio de Órfãos de São Joaquim, é membro do Instituto Movimenta Salvador e dos conselhos da Associação Brasil-Portugal, da FIEB e do conselho de Desenvolvimento Econômico e social do Estado da Bahia.
Em reconhecimento às suas atividades já foi agraciado com a Ordem do Mérito rio Branco; Medalha Tomé de Souza; além de agraciado pelas três Forças Armadas e mais a Polícia Militar da Bahia”.
FONTE: Tribuna da Bahia