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ABI lamenta morte do cineasta Guido Araújo

O diretor de cinema e professor aposentado da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Guido Araújo, faleceu nesta quarta-feira (27), aos 83 anos. A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) manifesta profundo pesar pela morte de tão importante personalidade para o cineclubismo e o cinema nacional. O velório de Guido começa hoje, a partir das 17h, e a cremação será às 10h desta quinta (28), no Cemitério Jardim da Saudade.

Guido Araújo na sede da ABI, durante cerimônia de doação do acervo de Walter da Silveira - Foto: Joseanne Guedes
Guido Araújo na sede da ABI, durante cerimônia de doação do acervo de Walter da Silveira – Foto: Joseanne Guedes

Durante mais de cinco décadas, Guido Araújo lutou e contribuiu para a afirmação da cultura na Bahia e no Brasil. O cineasta iniciou sua trajetória em junho de 1950, quando participou da primeira sessão do Clube de Cinema da Bahia, cineclube fundado por Walter da Silveira. Formador de gerações de cineastas baianos, Guido Araújo idealizou e sustentou por 39 edições a Jornada Internacional de Cinema da Bahia, que se tornou um dos acontecimentos cinematográficos mais importantes do país, dando visibilidade aos filmes de curta metragem e às produções locais.

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Notícias

UFRB garante funcionamento do Museu do Cinema em Cachoeira

A Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) vai realizar um termo de cooperação entre o Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL/UFRB) e o Instituto Roque Araújo de Cinema e Audiovisual (IRA), para salvar o Museu de Equipamentos Cinematográficos (Museu do Cinema), situado na cidade de Cachoeira. Um encontro realizado na última sexta-feira (07) atendeu a um movimento iniciado nas redes sociais para expor o estado do equipamento, um patrimônio cultural de valor imensurável que estava prestes a se perder por falta de apoio. O museu, que conta a história do cinema em solo baiano, dispõe de um robusto e valioso acervo com o total de 4.990 equipamentos doados por cineastas, empresas produtoras de cinema e colecionadores.

Foi através de um desabafo do coordenador da unidade, o cineasta Roque Araújo, que os baianos ficaram sabendo da grave situação. O historiador e cineclubista Luiz Araújo (“Lu Cachoeira”) compartilhou, no dia 4, um vídeo em que Roque faz um apelo para manter vivo o maior museu de equipamentos cinematográficos do Brasil. Segundo Roque, depois da descontinuidade da parceria com a Prefeitura de Cachoeira, além de arcar com sua passagem, hospedagem e alimentação, ele seguia pagando funcionários com o próprio dinheiro. O cineasta também alegou a possibilidade de instalar o museu em qualquer parte do país, mas preferiu a Bahia porque “quis que os baianos tivessem o único museu específico de cinema e audiovisual”.

De acordo com Roque Araújo, a única instituição que continuava apoiando o IRA era o IPAC – Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural, através da cessão do imóvel para a instalação do museu, que em três anos registrou nos livros de frequência aproximadamente 50 mil visitantes. “Eu faço o que posso para demonstrar a essa geração os equipamentos que geraram a sétima arte e falta suporte para mim”, afirmou o cineasta, que acompanhou todas as produções do Cinema Novo realizadas por Glauber Rocha, tornando-se um guardião e confidente de Glauber. Em quase seis décadas de ofício, ele guarda equipamentos usados em clássicos como “Redenção” e “Barravento”.

O vídeo levou ao engajamento de centenas de internautas, que comemoraram nas redes sociais a notícia da parceria entre o IRA e a UFRB. Segundo o diretor do CAHL, Jorge Cardoso Filho, o Museu servirá como fonte auxiliar na formação dos alunos dos Cursos de Cinema e Audiovisual, Museologia, Artes Visuais, Comunicação Social, História e demais cursos instalados na instituição. “Para nós, é importante que as ações que são realizadas pelo Instituto [IRA] se consolidem e continuem. Vamos construir um documento que atenda às demandas”, afirmou Jorge Cardoso, diretor do CAHL. Os trabalhos para viabilizar a reabertura do museu começaram já na manhã desta segunda (10).

*Com informações do Recôncavo Online

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TVE exibirá série que homenageia o cineasta Guido Araújo

Um tributo à trajetória do cineasta e criador da Jornada Internacional de Cinema da Bahia, Guido Araújo, será exibido pela TV Educativa da Bahia, a partir deste domingo (04/6), às 19h. A série semanal “O Senhor das Jornadas”, dirigida pelo cineasta Jorge Alfredo Guimarães, autor do longa documental “Samba Riachão” (2001), trará, em cinco episódios de 26 minutos, a história de uma força viva do cineclubismo e do cinema nacional.

A obra acompanha Guido desde o início na cidade de Castro Alves (BA), onde nasceu, passando pelo período em que foi estudar na Tchecoslováquia, até o regresso ao Brasil, quando dedicou-se à carreira de documentarista e se tornou professor da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Formador de gerações de cineastas baianos, Guido Araújo idealizou e sustentou por 39 edições a Jornada, que se tornou um dos acontecimentos cinematográficos mais importantes do país, dando visibilidade aos filmes de curta metragem e às produções locais.

“Guido sempre esteve presente na trajetória de todos nós, cineastas independentes, desde que criou a Jornada”, ressaltou Jorge Alfredo, que encontrou na vida de Guido o gancho para narrar como se desenvolveu o cinema na Bahia, durante a segunda metade do século XX. Em entrevista à ABI, o diretor contou que quando lançou, em 2012, o Caderno de Cinema online, a Jornada da Bahia estava com muitas dificuldades para acontecer. Então, ele teve a ideia de pedir um artigo a Guido e levou “um choque” ao receber o texto intitulado Ponto final da Jornada de Cinema da Bahia.

A partir daí, Jorge passou a se encontrar com Guido. “Eu sempre trazia pra casa um monte de coisas que Guido me dava, entre elas, cópias de seus filmes”. Ele percebeu que o cineclubista, responsável pela formação de tantos profissionais, havia deixado em segundo plano a sua própria obra, para se dedicar à Jornada. “Resolvi telecinar sete desses curtas e editar um livreto que viria acompanhado com um DVD com os filmes”, contou o diretor. A grande oportunidade para fazer o documentário sobre Guido surgiu com um edital da Ancine/Irdeb, em 2014.

“Quando começamos as filmagens, em 2014, Guido já estava com problemas de saúde, mas nas gravações de 2015 e 2016 ele estava bem mais debilitado. Felizmente, conseguimos realizar quase tudo que podíamos. Só não fomos na Tchecoslováquia por falta de verba”. Segundo ele, um Guido ativo e participante foi visto nos bastidores. “Guido sempre superou as adversidades e cumpriu todos os compromissos assumidos com a produção. Muito bom trabalhar com ele. Homenagear Guido é homenagear o cinema independente”, afirmou Jorge Alfredo, idealizador da campanha “S.O.S Jornada da Bahia”, que contou com grande adesão das classes artísticas e do audiovisual brasileiro.

Força viva

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Aos 83 anos e mais de cinco décadas de luta pela afirmação da cultura na Bahia e no Brasil, Guido Araújo se diz realizado e agradece a Jorge Alfredo por ter levado a tarefa adiante. “A série é muito gratificante porque é uma maneira de resgatar o meu trabalho. Fico feliz em estar vivo para presenciar o reconhecimento e a preservação”.

Guido revela que, apesar de tudo, tem a sensação de dever cumprido. “Não fiz tudo o que eu gostaria porque as dificuldades foram imensas, tanto do ponto de vista financeiro quanto da liberdade de expressão. Não podemos esquecer que a Jornada sobreviveu à ditadura, com ideais democráticos, lutando por um mundo mais humano”, afirmou, relembrando o período em que reuniões da Jornada eram realizadas na ABI.

Questionado sobre um possível retorno da Jornada, mesmo sua voz cansada e pausada não conseguiu esconder o entusiasmo. “Seria uma alegria muito grande. Gostaria de ver os jovens com aquele mesmo sentimento de liberdade e autonomia em fazer um trabalho cinematográfico. Eu não tenho mais vigor, mas os jovens podem. Sobretudo, o Brasil precisa desse incentivo a produções independentes, autorais, que refletem liberdade de criação”.

O diretor Jorge Alfredo também lamenta a descontinuidade da Jornada e espera que o panorama mude. “É um absurdo a Bahia descartar um evento cultural de quatro décadas. Quero muito que divulguem a série, comentem cada episódio e repercuta bastante. Minha esperança é que a série cutuque o coração e as mentes dos gestores da cultura”.

Se depender do ator e diretor baiano Bertrand Duarte, essa história está longe do ponto final. O publicitário, que é gestor da Diretoria de Audiovisual (DIMAS), da Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB), salienta a grandeza da obra de Guido e a necessidade de se investir e incentivar a produção audiovisual. “Minha história com Guido vem do início dos anos 80, quando comecei a fazer teatro”. Ele conta que a Jornada foi o seu primeiro contato com o cinema baiano. “O olhar de Guido para determinados momentos históricos da Bahia é muito interessante. Uma observação aguçada se debruça sobre transformações que foram importantes no processo social da Bahia. Com sensibilidade e de forma poética, ele abordou, por exemplo, a decadência dos saveiros com a construção das estradas. Ele é um grande homem e um grande promotor do cinema brasileiro e mundial”.

Bertrand revelou que existe uma movimentação para o retorno da Jornada. “Nós estamos buscando meios para trazer de volta esse projeto. A exibição da série ajuda a fazer com que a juventude, que não teve acesso a essa poesia do cinema e não assistiu a produções locais, tenha conhecimento de sua importância”.

Confira o vídeo de abertura da série “O Senhor das Jornadas”:

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ABI recebe acervo do jornalista Berbert de Castro

A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) recebeu a doação de centenas de livros, quadros, prêmios de imprensa e documentos que pertenceram ao jornalista baiano José Augusto Berbert de Castro. O acervo, que foi doado pelos familiares do jornalista, já se encontra na ABI. Berbert de Castro faleceu em 22 de julho de 2008, aos 82 anos.

Para que os livros sejam disponibilizados para consulta, é imprescindível que passem por um processo de quarentena – período necessário para que reagentes químicos façam o controle de pragas. Segundo a bibliotecária da ABI, Valésia Vitória, e a museóloga Renata dos Santos, só após este período serão higienizados, restaurados (caso necessário), e acondicionados.

De acordo com Ramiro Senna Berbert de Castro, filho de Berbert, o acervo precisava ser doado para uma instituição que não só pudesse cuidar de todo o material, mas que colocasse à disposição de estudantes e pesquisadores. “A população e os profissionais da área vão poder ter acesso aos livros através da biblioteca da ABI. O acervo estava guardado, sem uso, e já sofria por causa disso. Por isso eu e minha irmã Liliana Senna Berbert de Castro decidimos que o melhor lugar para fazer a doação seria a ABI, entidade da qual ele foi membro por muitos anos”, disse.

Ramiro ainda destacou o apego que Berbert tinha pelos livros. “A cada viagem que o amigo dele, o escritor Jorge Amado fazia, ele trazia oito, dez exemplares. Ele comprava e presenteava meu pai. Ou seja, os livros tinham um valor muito grande pra ele”, completou.

Referência

O valor do acervo foi ressaltado pela professora da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Izabel de Fátima Cruz Melo. Para ela, o material é uma importante fonte de informação para os estudiosos de cinema. “O acervo composto por livros e revistas tem um valor inestimável. Berbert foi um crítico, ou como ele mesmo diria, um comentarista sobre cinema. Ele teve muito material e pra quem pesquisa cinema, ter acesso a esse material é importante”, disse.

Ainda de acordo com Izabel de Fátima, que atualmente faz doutorado em Meios e Processos Audiovisuais, na Universidade São Paulo (USP), há um ganho pra ABI em termo de acervo e de reconhecimento. “A ABI é um lugar de referência pro jornalismo e para a história do cinema na Bahia. Pra nós pesquisadores esse material significa muito”.

Biblioteca de Comunicação

Depois do processo de quarentena e restauração, o acervo vai ser disponibilizado para estudantes, pesquisadores e para o público em geral na Biblioteca de Comunicação Jorge Calmon, que funciona na sede da ABI, localizada no Edifício Ranulfo Oliveira, 2º andar, Praça da Sé . A biblioteca, inaugurada em 1º de setembro de 1972, tem como objetivo incentivar e aprimorar os conhecimentos dos profissionais da área de comunicação.

O espaço dispõe de materiais especializados em teorias da comunicação, jornalismo, semiologia, publicidade e propaganda, marketing, relações públicas, cinema, fotografia, rádio, televisão, além de biografias de atores e cineastas.

Outra parte do acervo do “comentarista de cinema” será incorporada ao Museu da Imprensa, que a ABI pretende reabrir em agosto.

José Augusto Berbert de Castro foi colunista do Jornal A Tarde desde 1956, onde publicou cerca de sete mil artigos sobre cinema. Berbert, além de jornalista, era formado em medicina pela Universidade Federal da Bahia (Ufba).

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