A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) festejará o Dia do Jornalista (celebrado em 07 de Abril) lançando na próxima sexta-feira (6), o volume 2 da série “Memória da Imprensa Baiana”. Sob o título “A luta pela liberdade de expressão”, o vídeo registra o depoimento do poeta, jornalista e professor João Carlos Teixeira Gomes, “Joca” (82 anos) – reconhecido paladino em favor da Liberdade, cuja luta contra o arbítrio da Ditadura Civil-militar e em favor da sobrevivência do Jornal da Bahia o distingue entre os seus pares.
A exibição do filme será a partir das 9h30, no auditório da ABI (8º andar do Edifício Ranulpho Oliveira, na Praça da Sé). A sessão é aberta ao público e contará com a presença de Joca. O filme, dirigido pelo documentarista Roberto Gaguinho, tem duração de 50 minutos.
A série Memória da Imprensa Baiana, idealizada pelo jornalista Agostinho Muniz, foi lançada em 2007 e o volume 1 exibe o depoimento do jornalista Jorge Calmon (1915-2006), saudoso e lendário baiano que dirigiu A Tarde em toda a metade do século XX e nos primeiros anos do século XXI. Assim como esse volume, o volume dois que estreia na véspera do Dia do Jornalista contou com o apoio técnico do IRDEB.
DIA DO JORNALISTA
O Dia do Jornalista “foi criado pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI) como uma homenagem a Giovanni Battista Libero Badaró, importante personalidade na luta pelo fim da monarquia portuguesa e Independência do Brasil”, segundo informações do site Calendarr. De acordo com o sítio eletrônico, Libero Badaró “foi médico e jornalista, e foi assassinado no dia 22 de novembro de 1830, em São Paulo, por alguns dos seus inimigos políticos. O movimento popular que se gerou por causa do seu assassinato levou D. Pedro I a abdicar do trono em 1831, no dia 7 de abril, deixando o lugar para seu D. Pedro II, seu filho, com apenas 14 anos de idade”.
O site acrescenta que “foi só em 1931, cem anos depois do acontecimento, que surgiu a homenagem e o dia 7 de abril passou a ser Dia do Jornalista”. Sobre a data, o site informa também que “foi também no dia 7 de Abril que a Associação Brasileira de Imprensa foi fundada, em 1908, com o objetivo de assegurar aos jornalistas todos os seus direitos”.
O sonho de cursar uma universidade era algo considerado distante por Daiane Rosário. A jovem de 25 anos, filha de ex-empregada doméstica, foi a primeira de sua família a ingressar em uma instituição pública de ensino superior. Moradora de uma comunidade desprestigiada de Salvador, ela está no 5º semestre de Jornalismo na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom/UFBA). Essa trajetória vai ficar conhecida nacionalmente com o lançamento da série documental “Travessias Negras”, que estreia nesta quinta (24), às 18h30, no Teatro ISBA (Ondina), com entrada franca. Com cinco episódios, o projeto dirigido pelo cineasta Antonio Olavo (Paixão e Guerra no Sertão de Canudos, 1993) apresenta histórias de vida de estudantes negros que entraram na UFBA pela Política de Cotas, adotada pela instituição desde 2005.
Na série, os jovens narram suas próprias histórias, estimulados a compartilhar suas experiências de vida. Daiane Rosário foi convidada inicialmente para trabalhar na produção e montagem da obra, mas logo o diretor enxergou o potencial de sua história. “Eu fiquei receosa pela dificuldade de me distanciar para conseguir editar o meu próprio episódio. Foi um grande desafio”, disse em entrevista à ABI. A cotista chegou à UFBA em 2011 para cursar o Bacharelado Interdisciplinar (BI) de Artes com ênfase em Cinema e Audiovisual. Depois, seguiu para o Jornalismo.
“Fiz Cinema à noite, era outro público. Não que não seja um curso elitista, porque também tinha o baque de constatar que a maioria de seus colegas era branca. Mas Jornalismo é bem pior. O curso diurno segrega, o estudante que trabalha não pode estar lá. A universidade te coloca para fora o tempo todo”. Segundo a estudante, o ambiente universitário pode ser hostil. “São muitas dificuldades lá dentro. Existe um racismo velado, que está presente nos discursos de alguns professores, de colegas, ou na presença ainda tímida de alunos negros”.
Tomada por um misto de ansiedade e felicidade, ao ver sua história retratada pelo projeto, Daiane revela o seu combustível para continuar sua jornada na academia. “Uma travessia negra também representa amor. É o ingrediente que faz com que a gente resista a esse processo que abala emocionalmente. Amor porque o nosso acesso à universidade pública não vem apenas como um objetivo individual. Eu sei o que representa para minha família eu estar nesse espaço”, ressalta. Em busca de identificação e novas narrativas de raça e gênero nas produções cinematográficas, ela já trabalhou em TV, séries e filmes – como o documentário “Revolta dos Búzios” – e integra grupos que pautam uma nova perspectiva das demandas sociais nas grandes telas.
Além de Daiane Rosário, na Comunicação, a série traz as histórias de Andre Luís Melo (Medicina), Hilmara Bitencurt (Letras) e Vitor Marques (Direito), que também tiveram o futuro transformado ao ingressarem na UFBA através de critérios sociorraciais.
Afirmação
O diretor Antonio Olavo afirma que o objetivo é aprofundar a discussão sobre as relações raciais no Brasil, através da abordagem sobre a inserção da população negra no ensino superior. “A série é a afirmação da juventude negra na universidade, conquistando o que lhe é de direito”. De acordo com ele, a intenção é fazer valer a voz e a identidade desse público formado por negros e negras, para ajudar a construir um entendimento sobre as trajetórias educacionais no Brasil e os bloqueios impostos para o não acesso à educação. Para ele, o sistema de cotas é uma política ainda questionada, mas que resiste e amplia essa participação. “Buscamos com o filme trazer um pouco dos anseios, tensões, preocupações dessa turma. Sem dúvida, um projeto prazeroso e muito intenso”.
Ele destacou que a série só foi possível por causa de um edital promovido em 2015 pela Agencia Nacional de Cinema – ANCINE. “Seu lançamento ocorre em um momento político muito peculiar onde efetivamente nos deparamos com um cenário nacional de extinção e questionamentos de conquistas sociais. Travessias Negras faz parte de um processo mais geral de posicionamento”, explicou em entrevista ao Portal Soteropreta. Para tomar partido, ele aposta em criar obras cujos conteúdos se colocam “em prol de uma sociedade democrática justa e diversa e isso somente será possível sem preconceito, sem racismo”, defendeu ele, que está há 25 anos a frente de projetos que contribuem com a valorização da memória negra. “Quero que adolescentes e jovens negras e negros se identifiquem, se reconheçam nas histórias narradas”, completa.
Na manhã da última sexta-feira (12), foi exibido na Sala cinematográfica Roberto Pires, da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), o documentário “O que é ser negro na Bahia?”. Dirigido por Nelson Costa da Mata e Elismar Carvalho Lima, o projeto foi viabilizado pelo Governo do Estado, através de um edital da Secretaria de Promoção e Igualdade Racial (Sepromi).
O documentário, gravado em bairros de Salvador como Cajazeiras 10, Plataforma, Barra, Engenho Velho da Federação, entre outros, apresenta depoimentos de pesquisadores sobre a temática étnico-racial, além de opiniões e relatos de homens e mulheres negras da periferia da cidade sobre a discriminação racial.
Segundo Nelson da Mata, o documentário surgiu de um projeto de pesquisa chamado “Racismo no Carnaval de Salvador”, realizado juntamente com outros dois pesquisadores do Centro de Estudos dos Povos Afro-Índio-Americano (Cepaia), vinculado à Uneb. “Este trabalho resultou em um documentário com 52 minutos, que inclusive foi exibido aqui nessa casa. Nele nós tratamos o racismo do ponto de vista mais teórico. Ficou então a necessidade de enxergar como o cidadão percebe no seu cotidiano o racismo”.
Para Nelson, o filme tem a finalidade de impulsionar elementos disparadores de atitudes. “Nós estamos acostumados em ser negro nessa cidade por aquilo que existe de cultura imaterial, cidade da festa, mas precisamos ver o outro lado, aquilo que não é tão alegórico, aquilo que é encoberto tradicionalmente, e deu pra ver o que pensa o negro nessa cidade. Era essa a contribuição que nos queríamos dar a essa cidade, aos pensadores, aos homens e mulheres que constroem essa cidade todos os dias”, completou, destacando ainda a importância da parceria com a TV Pelourinho, que proporcionou a formação de 22 jovens em técnicas de audiovisual durante a elaboração do documentário.
A representante do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Nildete Costa da Mata ressaltou as contribuições do documentário para a sociedade. “Uma das contribuições é provocar o cidadão, seja ele branco ou negro, mais, ainda mais a estância negra precisa estar se revendo, resgatando sua identidade, se empoderando. Que esse filme não seja assistido apenas em dias específicos como o da Consciência Negra, mas que seja um documento de discussão cotidiana”, disse.
Presente à atividade, o presidente da ABI, Walter Pinheiro, falou da satisfação em promover a exibição do documentário. “Eu parabenizo o professor Nelson e Elismar pelo projeto, e acredito que ele seja de uma valia muito grande para debater o racismo. A Bahia é uma nação negra. Nós já evoluímos em relação há outros tempos. A presença dos negros sempre foi muito marcante e o Brasil sabe disso. Este documentário alerta para o que precisa ser valorizado”, disse o presidente, destacando ainda o papel da ABI, “que surgiu para a defesa da liberdade de imprensa, mas foi evoluindo e hoje ela entra na defesa dos Direitos Humanos, meio ambiente e uma série de valores que são extremamente importantes para o ser humano”.
Há três décadas, Muhammad Ali não luta mais no ringue. A lenda, porém, permanece. Um pouco da história do obstinado pugilista está contada no documentário “Eu Sou Ali – A História de Muhammad Ali”, de Claire Lewins. O filme segue em cartaz até esta quarta-feira (24), na Sala Walter da Silveira, às 15h. Narrado em primeira pessoa, a partir das gravações que Ali costumava fazer sobre diversos assuntos de sua vida, o filme apresenta um retrato íntimo e exclusivo do esportista, hoje com 72 anos. Somado a isso, há entrevistas de amigos e familiares, além de outras estrelas da comunidade do boxe, como Mike Tyson e George Foreman.
Em tratamento contra o Mal de Parkinson desde a década de 80, Ali recusa ser nocauteado pela doença. E, mesmo com dificuldade de se comunicar, ainda permanece com o mesmo espírito engajado e combativo que o motivou a negar participação na Guerra do Vietnã e a militar pelo fim do racismo.
Serviço:
Documentário “Eu Sou Ali – A História de Muhammad Ali”
Onde: Sala Walter da Silveira (Endereço: R. Gen. Labatut, 27 – Barris, Salvador – BA, 40070-100)