O Curso de Paleografia, oferecido de forma gratuita pelo Museu de Imprensa da ABI – Associação Bahiana de Imprensa, tem início nesta segunda-feira (17), às 14h. A atividade integra a programação da 12ª Primavera dos Museus, ação promovida pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) entre os dias 17 a 23 de setembro. O curso (ementa aqui) emitirá certificado.
As aulas serão ministradas nos dias 17, 18 e 19 de setembro, das 14h às 16h30, pelos professores Lívia Borges Souza Magalhães e Rafael Barbosa Magalhães, ambos doutorandos pelo Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia (UFBA) – (currículos aqui).
A programação (aqui) do Museu de Imprensa conta também com a “Exposição Berbert de Castro”, que segue montada na sede da entidade até o dia 20 de setembro, exibição de filmes e uma mesa-redonda sobre “Diversidade nas Escolas”.
Do grego παλαιός (antigo) e γραφή (escrita), paleografia é o estudo de textos manuscritos antigos e medievais estuda a origem, a forma e a evolução da escrita, independentemente do tipo de suporte físico onde foi registrada, do material utilizado, do lugar, do povo, ou dos sinais gráficos adotados na linguagem.
Educação – A cada edição da Primavera dos Museus, o Ibram lança um tema para fomentar as discussões e inspirar os eventos propostos pelos museus ou instituições culturais. Este ano o tema é Celebrando a Educação em Museus, que tem como embasamento o Caderno da Política Nacional de Educação Museal (PNEM), lançado no último mês de junho. A publicação aborda o processo de criação da PNEM, bem como os princípios e diretrizes dessa política, que visa nortear gestores, educadores e demais interessados na prática da educação museal. Para a entidade, os museus devem ser reconhecidos como espaços plurais, que propiciam vivências diversas e trocas constantes de conhecimentos e experiências e, nesse sentido, a educação permeia todos os seus cantos. Para saber mais sobre o tema, clique aqui.
Para dar continuidade ao projeto “Temas Diversos”, série idealizada pela diretoria da ABI, com o intuito de discutir assuntos relevantes da relação entre a imprensa e a sociedade, a entidade abrigou na reunião desta quarta-feira (12) uma palestra sobre a história da imprensa no Brasil e o papel da Gazeta do Rio de Janeiro, fundadora e patrona da chamada imprensa áulica no Brasil. A palestra mediada por Luís Guilherme Pontes Tavares (leia aqui o texto “O pioneirismo da Bahia na indústria gráfico-editorial privada brasileira”), diretor da ABI, foi proferida pelos jornalistas Nelson Cadena e Jorge Ramos.
Jorge Ramos, diretor de Cultura da ABI, fez um resgate histórico sobre a invenção da imprensa – ainda no início do Século XV, pelo alemão Gutenberg -, o nascimento da imprensa no Brasil e a fundação da Gazeta do Rio de Janeiro. Segundo ele, a censura sempre esteve presente, principalmente nos países católicos. “Em Portugal ela foi maior ainda, nada podia ser impresso sem a autorização dos órgãos censórios. Isso foi inibidor do jornalismo lusitano, e, consequentemente, do aparecimento da imprensa no Brasil”, explicou. (Confira o texto “Pequena contribuição ao estudo da história da imprensa“, de Jorge Ramos)
Nelson Cadena falou da expressividade da Gazeta e sua importância para a história da imprensa no Brasil. “Durante muito tempo o Dia da Imprensa era celebrado em 10 de setembro, em referência à fundação da Gazeta. Mas isso mudou”. De acordo come ele, houve “um lobby muito poderoso entre a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas) e a ANJ (Associação Nacional de Jornais)”. (Leia o texto “Um baiano foi o primeiro jornalista brasileiro”, de Nelson Cadena
“A ANJ era presidida por Paulo Cabral, então diretor do Correio Braziliense.Ele tinha muito interesse em vincular o nome de seu jornal à publicação original de Hipólito da Costa. Por isso esse lobby foi tão bem sucedido. Pressionaram o presidente Fernando Henrique Cardoso e ele sancionou em 1999 a lei que transferiu o Dia da Imprensa para 1º de junho, que é a data de fundação do Correio Braziliense“, explicou.
Ele ressaltou “a presença de um jornalista baiano, o primeiro jornalista brasileiro, de fato: Manuel Ferreira Araújo Guimarães”. Segundo ele, o militar da marinha brasileira cursou matemática em Portugal, tendo ensinado astronomia ao regressar ao Brasil. Como jornalista, Manuel começou a atuar na Gazeta e, 1812 e foi o fundador do jornal literário O Patriota, em 1813. “Ele é considerado o primeiro jornalista profissional do Brasil”. Nelson Cadena destacou também o aspecto tecnológico da Gazeta, que, segundo ele, usava maquinário de ponta, semelhante ao da Europa. “Quando surgiu, era um jornal compatível com qualquer jornal do mundo”.
Pioneirismo – Lançada a 10 de setembro de 1808, no Rio de Janeiro (RJ), a Gazeta do Rio de Janeiro foi o órgão oficial do governo português durante a permanência de Dom João VI no Brasil. Tendo circulado às quartas-feiras e aos sábados, foi editada primeiro pelo frei Tibúrcio José da Rocha e, depois, redigida pelo primeiro jornalista profissional do Brasil, Manuel Ferreira de Araújo Guimarães. Precursora do Diário Oficial da União, foi o segundo jornal da história da imprensa brasileira, sendo, no entanto, o primeiro a ser redigido e publicado totalmente no Brasil, pela Impressão Régia, com máquinas trazidas da Inglaterra – o primeiro periódico nacional, o Correio Braziliense, editado por Hipólito José da Costa em postura contrária à Coroa, foi lançado cerca de três meses antes, totalmente editado em Londres. Até a década de 1820, apenas publicações da Impressão Régia e de poucos impressores ligados ao poder tinham licença para circular no Brasil. Todavia, com a Independência, a publicação da Gazeta do Rio de Janeiro acabou sendo suspensa, sendo sua edição nº 157, de 31 de dezembro de 1822, a derradeira. Manuel Ferreira de Araújo Guimarães não atuou na Gazeta do Rio de Janeiro até o período final do jornal. Com a eclosão do movimento constitucionalista português, em meados de 1821, ele abandonou a publicação para criar O Espelho, suspenso após um ano e meio de atividades. (Saiba mais no site da Biblioteca Nacional).
A Associação Bahiana de Imprensa – ABI realizou, na manhã desta quarta-feira (12), uma cerimônia para formalizar a doação do acervo do jornalista, comentarista e cinematógrafo José Augusto Berbert de Castro, falecido em 2008. A assinatura do termo aconteceu durante a reunião mensal da ABI. A solenidade foi simultânea a uma mostra de acervos que compõem o Museu de Imprensa da ABI: João Falcão, Walter da Silveira, Fernando Rocha, Jorge Calmon e a “Exposição Berbert de Castro”. A última segue montada até o dia 21 de setembro, pois integra a programação do Museu de Imprensa da ABI durante a Primavera dos Museus.
O presidente da ABI, Walter Pinheiro, ressaltou a importância do gesto e agradeceu a doação feita pela família de Berbert. “Existe uma preocupação com a preservação deste material. Temos a certeza do seu valor e queremos ampliar a possibilidade de acesso”, afirmou. “É um dia marcante para nossa ABI, visto que oficializamos o ingresso de importantíssimo acervo”. Pinheiro destacou a presença de Kátia Silveira, filha de Walter da Silveira, cuja doação feita em 2015 também “enriquece sobremaneira o acervo da ABI”.
Liliana Berbert, filha de Berbert de Castro, representou a família e expressou sua satisfação com a entrega de cerca de 500 itens do pai, lembrando da relação do jornalista com a associação. “Ele trabalhou durante muito tempo aqui na ABI, principalmente na época de Afonso Maciel. Tinha a maior dedicação, gostava do que fazia, era grato à ABI. Com o falecimento dele, a família resolveu doar o acervo. Lá, não tínhamos condições de conservar os arquivos e objetos. Eu fiquei muito satisfeita, muito feliz. Tenho mais itens e vou trazer”, afirmou Liliana, que esteve acompanhada por Marta Lopes Pontes, sobrinha de Berbert.
Acervo
O acervo cedido pela família é composto por quase 500 itens, entre medalhas de honra ao mérito, cds e artigos publicados no jornal A Tarde, nos mais de 50 anos de atuação de Berbert de Castro como colunista. O destaque fica por conta dos mais 470 livros raros, a maioria recebida como presentes de viagem de seu amigo Jorge Amado.
“São, em sua maioria, biografias de cineastas, atores, atrizes e diretores, como Alfred Hitchcock, Anthony Quinn, Brigitte Bardot, Charlie Chaplin, biografia das pessoas da época de Hollywood, Liz Taylor, Frank Sinatra. Títulos como a “Filmographie Mondiale de la Révolucion Française”, de 1989, todos dentro desse nível, material riquíssimo”, afirma Valésia Oliveira, bibliotecária da ABI.
Segundo Valésia, a importância e raridade do acervo são notórias, pois não foram encontrados exemplares, em sua pesquisa, dos títulos recebidos pela ABI em outras instituições de salvaguarda. Além das excelentes condições de conservação, os livros se apresentam no idioma em que foram escritos originalmente, muitos deles com dedicatórias de seus autores. “Em alguns títulos serão realizados pequenos restauros, outros vieram ótimos, em condições de pesquisa e consulta nas dependências da biblioteca”, disse.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) acaba de lançar o portal Publique-se, uma plataforma que permite consultar políticos citados em processos judiciais. O site bastante útil na busca por informações relacionadas a candidatos a cargos nas próximas eleições, em outubro, tem mais de 9 mil nomes mencionados em 30 mil processos e é considerado pela Abraji o maior com número de ações relacionadas a candidatos a cargos públicos no Brasil.
A ferramenta é gratuita, pode ser usada por qualquer pessoa e visa facilitar a vida do jornalista na investigação sobre nomes que pedem votos da população nas Eleições 2018.
A partir de downloads automatizados dos bancos de dados de processos eletrônicos do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o Publique-se identifica o CPF de cidadãos que se candidataram a qualquer eleição desde 2006. Desta maneira, é possível encontrar qualquer político citado em processos apenas digitando o nome dele.
“Houve um imenso esforço de captura e tratamento de dados para possibilitar a busca dentro desses documentos. O que você vai achar ali não são apenas processos que têm determinado político como réu ou investigado, mas todas as referências àquele político dentro de documentos em diferentes processos – mesmo que ele não seja parte naquele processo. Certamente há muita pauta escondida ali”, diz Tiago Mali, coordenador do projeto.
*As informações são do Portal IMPRENSA e da Abraji.