A Associação Bahiana de Imprensa (ABI-Bahia) manifesta apoio aos amigos e familiares do cinegrafista da Rede Bandeirantes, Santiago Ilídio Andrade, de 49 anos, que teve morte cerebral anunciada na manhã desta segunda-feira (10). Andrade estava internado desde a última quinta-feira (6), quando foi atingido na cabeça por um rojão, enquanto registrava a manifestação contra o aumento da passagem de ônibus no Rio.
“A ABI-Bahia solidariza-se com os companheiros da TV Bandeirantes pela morte do cinegrafista Santiago Andrade, ao mesmo tempo em que se une às demais entidades representativas da imprensa brasileira para exigir das autoridades a punição dos responsáveis e a adoção de providências que coíbam a repetição de fatos tão lamentáveis”, afirmou Walter Pinheiro, presidente da entidade.
Tradicionalmente, os estados localizados no Norte e no Nordeste do Brasil são os mais críticos no quesito violência contra jornalistas, que são expostos à insegurança, à presença do narcotráfico e a uma pressão política muito forte. A situação da impunidade no Brasil, talvez, seja menos grave do que em outros países onde os crimes não são investigados, mas, muitas vezes, os executores dos crimes são presos e os autores intelectuais não. Aproximadamente 70% dos assassinatos de jornalistas registrados no Brasil nos últimos vinte anos ficaram impunes, segundo levantamento da organização americana CPJ (Comitê para a Proteção dos Jornalistas). Mais comuns que os assassinatos são os casos de intimidação, ameaças e agressões, que atingem o direito de informação e restringem a liberdade de expressão e de imprensa no Brasil.
O caso mais recente é o do repórter de política e blogueiro Décio Sá. Foi encerrado na madrugada desta quarta-feira (5) o julgamento da dupla acusada de assassinar o jornalista maranhense. O assassino confesso de Décio Sá, Jhonathan Silva, e o piloto da motocicleta que deu fuga ao pistoleiro, Marcos Bruno Silva, foram considerados culpados pelo crime, ocorrido em abril de 2012, em um bar da Avenida Litorânea, na orla marítima de São Luís. A sentença, lida após veredicto do júri popular, condenou o assassino, que é réu confesso, a 25 anos e três meses de prisão em regime fechado. Já o piloto da motocicleta foi condenado a anos 18 anos e três meses de prisão.
De acordo com informações da polícia, o jornalista, que era repórter da editoria de política do jornal O Estado do Maranhão há 17 anos, foi morto porque teria publicado, no Blog do Décio, reportagem sobre o assassinato do empresário Fábio Brasil, o Júnior Foca, envolvido em uma trama de pistolagem com os integrantes de uma quadrilha encabeçada por Glaucio Alencar e José Miranda, suspeitos de praticar agiotagem junto a mais de 40 prefeituras no estado.
Bahia
No interior da Bahia, outro caso de violência ganhou repercussão após um jornalista e seu filho de 15 aos serem agredidos dentro de casa por denunciar advogado que cobrava R$ 3.500 para aposentar idosos. O jornalista e radialista Ribeiro Sousa, da rádio Paiaiá FM, no município de Saúde, na região da Chapada Diamantina (BA), acusa o advogado Joel Caetano da Silva Filho Neto de agressão e ameaças. De acordo com Ribeiro, que também é diretor da RF Notícias, o advogado teria invadido sua casa, no último domingo (2), por volta das 22h, acompanhado de mais dois homens.
Segundo Ribeiro, a denúncia veiculada na semana passada pelo jornal A Hora da Verdade, que circula na região, não mencionou o nome do acusado na rádio. As cobranças indevidas acontecem há cerca de três anos na cidade. “Fui procurado por pessoas humildes, que não tem nem o que comer. Conversando em casa, descobri que a minha sogra também era vítima do advogado e resolvi denunciá-lo”, explicou o jornalista.
De acordo com o radialista, Joel Caetano trabalha com mais uma pessoa, que seria a responsável por ir à casa dos idosos para obrigá-los a adquirir o empréstimo. O comparsa do advogado trabalha em uma empresa de empréstimos e recebe comissão por contrato, segundo a denúncia do radialista. O radialista contou ainda que o advogado foi até a rádio em que ele trabalha, na manhã desta segunda-feira (03), e falou para o secretario que estava arrependido pelas agressões. A vítima prestou queixa da delegacia de Saúde e foi encaminhado para o município vizinho de Jacobina, onde será instalado inquérito policial.
Na matéria postada no site RF Notícias, ele explica a prática cometida pelo advogado. “A postura do advogado em cobrar valores altíssimos para encaminhar aposentadoria e forçar os idosos a tomar empréstimos, vem ocorrendo a três anos na cidade de Saúde e Região, de acordo com a apuração feita pelo radialista que ouviu de alguns aposentados. A imposição arbitrária do advogado faz com que o aposentado fique endividado pagando o dobro do valor cobrado pelo serviço. De acordo a lei que rege honorários advocatícios, o advogado teria de cobrar somente 20% do valor do benefício, em primeira instância, podendo chegar a 30% em instâncias superiores”.
Para Mario Augusto Jakobskind, presidente da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), afirma que o ocorrido é um eco do passado coronelista baiano. “Infelizes ainda somos nós profissionais da comunicação, onde as desgraças do passado continuam se proliferando no estado da Bahia e gerando descendências, só mudam os personagens das barbáries praticadas contra a imprensa baiana, independente do veiculo, sejam de emissoras de rádios ou TVs , jornais,ou mídias alternativas”, disse em comunicado.
Mapa da violência
Em seu relatório anual sobre crimes contra a liberdade de imprensa, a organização Repórteres Sem Fronteira (RSF) registrou em 2013 o assassinato de cinco jornalistas no Brasil, o mesmo número de 2012. Foram onze jornalistas assassinados no Brasil, sendo que cinco dos casos têm relação direta com a profissão. Outra causa de mortes são as vinganças políticas. Muitos jornalistas no Brasil fazem militância política, e é difícil saber onde está o limite entre a atividade de jornalista e de político.
Em entrevista concedida à Deutsche Welle, Benoît Hervieu, especialista e diretor da RSF, criticou a censura prévia no Brasil. “Esta é uma herança do coronelismo brasileiro. Muitos jornalistas me contaram que no Maranhão, por exemplo, falar mal da família Sarney é quase impossível. Se isso ocorrer, você terá que fechar o seu jornal ou vai sofrer censura dos juízes. Essa concentração local de poderes faz com que seja muito difícil existir um contra poder por parte dos veículos de informação”. Para Benoît Hervieu, a possibilidade de políticos calarem jornalistas com ordem judicial prejudica liberdade de imprensa.
*Com informações do site RF Notícias, Deutsche Welle, Último Segundo (iG) e Associação Brasileira de Imprensa (ABI).
Associação Bahiana de Imprensa homenageou ontem três jornalistas baianos, coincidentemente todos com carreiras ininterruptas desde que iniciaram no então vespertino A Tarde. Jorge Calmon, Samuel Celestino e July Isensée. Jorge Calmon, o terceiro a ser homenageado, foi de fato o primeiro. Falecido e com homenagens programadas para o seu centenário em 2015, estava presente na cabeça dos dois outros homenageados como o grande inspirador e paradigma das lides jornalísticas.
Segundo o presidente da ABI, Walter Pinheiro, os objetivos da entidade foram os de prestar reconhecimentos à Bahia, a imprensa e a cultura baiana, em uma data tão importante quanto a de hoje, 5 de novembro – Dia Nacional da Cultura e também o dia do nascimento de um grande jornalista, político e advogado Rui Barbosa.
Jorge Calmon foi um dos maiores jornalistas da Bahia. Foi presidente da ABI por dois anos, afastando-se para ser chefe da Casa Civil do governo Lomanto Jr., deputado estadual duas vezes, inclusive constituinte em 1946, membro da Academia de Letras da Bahia, na qual ocupou a cadeira 23. Por coincidência, após a sua morte, foi eleito para ocupá-la o jornalista Samuel Celestino. Nas palavras de agradecimento das homenagens pelo seu filho Mario Calmon, o seu pai empreendeu uma multiplicidade de tarefas e organizações para outras entidades fora do campo jornalístico.
Para homenagear Jorge Calmon, pelo seu centenário a ser comemorado em 2015 junto com outras entidades, a ABI constituiu uma comissão, presidida pelo presidente da entidade, Walter Pinheiro, Samuel Celestino, Sérgio Matos e Nelson José de Carvalho. Os membros suplentes, Florisvaldo Mattos, Eliezer Varjão e Ernesto Marques.
Ao agradecer a homenagem da ABI de denominar o auditório localizado no 8º. Andar com seu nome, Samuel Celestino disse que se sentia honrado em receber as homenagens da entidade que presidiu por 25 anos. “É uma honra muito grande que a mim foi dada pelos meus companheiros de instituição. Daqui, dá para ver o Centro Histórico e contemplar 23 torres de igrejas antigas, além da bela vista da Baia de Todos os Santos”. No passado, o local onde hoje está o auditório já funcionou a sala do cafezinho da Assembléia Legislativa que Samuel frequentava como repórter de política. Suas palavras finais foram: “dedico também as minhas homenagens ao jornalista e amigo Jorge Calmon que eu muito ouvia e me acompanhou no jornalismo diário”.
Juliteta Isensée (July) recebeu das mãos do presidente Walter Pinheiro a Medalha Ranulfo Oliveira pelo seu reconhecido pioneirismo na crônica social. Emocionada lembrou de fatos da sua trajetória no jornal A Tarde e mais uma vez não esqueceu da figura de Jorge Calmon. “A homenagem trouxe lembranças da minha vivência em A Tarde, onde trabalhei com pessoas como Jorge Calmon, que considero o maior jornalista baiano”.
Fonte: Tribuna da Bahia/Associação Bahiana de Imprensa
O cartunista Quinho, do Estado de Minas, foi o vencedor da 10ª edição do Prêmio Líbero Badaró, na categoria Ilustração, com a charge “Millôr e Deus”, publicada no Jornal da ABI em homenagem ao desenhista, jornalista, dramaturgo e escritor Millôr Fernandes. Com bom humor e perspicácia, Quinho ilustra o encontro de Deus com Millôr Fernandes, morto em março de 2012, no Rio de Janeiro, em decorrência de falência múltipla de órgãos.
O chargista baiano de A Tarde, Cau Gomes, obteve o quinto lugar com a charge “Mata-Mata”.
A cerimônia de entrega do Prêmio Líbero Badaró de Jornalismo, organizado pela revista Imprensa, aconteceu na noite do dia último dia 25, no Itaú Cultural, na capital paulista, quando foram anunciados os vencedores das categorias Jornalismo Impresso, Telejornalismo, Radiojornalismo, Webjornalismo, Fotojornalismo, Reportagem Cinematográfica, Ilustração, Primeira Página, Jornalismo Universitário, Cobertura Internacional, Grande Prêmio Líbero Badaró de Jornalismo.
Nesta 10ª edição da premiação, sob o patrocínio da Souza Cruz, e apoio institucional da ABI, Instituto Internacional de Ciências Sociais-IICS, Instituto Palavra Aberta e ONG Artigo 19, foram homenageados o empresário e jornalista Roberto Civita, in memorian, como “Destaque do Ano”. Filho de Victor Civita, fundador do Grupo Abril, Roberto Civita acumulava os cargos de presidente do Conselho de Administração, diretor editorial do Grupo Abril, e presidente do Conselho da Abril Educação. Ele participou da fundação das revistas Realidade, Veja, Nova, Quatro Rodas, Exame e Playboy, entre outras. Morreu no dia 26 de maio último, aos 76 anos, com quadro de falência múltipla dos órgãos.
A ABI, como entidade apoiadora, foi representada pela jornalista Rosani Abou Adal, que destacou a parceria com a revista Imprensa e a relevância da premiação:
— A importância do Prêmio Líbero Badaró de Jornalismo é em razão das mudanças promovidas por Líbero Badaró na imprensa brasileira.
Jurados
Os cinco trabalhos finalistas na categoria Ilustração foram, além de “Millôr e Deus” (Jornal da ABI – RJ), de Quinho, “A peça esquecida de Renato Russo” (Correio Braziliense – DF), de Kleber Soares de Sales; “O trovador sem fim” (Correio Braziliense – DF) , de Kleber Soares de Sales; “Cartum” (Diário da Região – SP), de Lezio Custodio Junior, e “Mata-Mata” (A Tarde – BA), de Cau Gomez.
O júri desta edição foi formado por Ana Brambilla (Editora Globo), Alaor Filho (Fotógrafo), Alcy Linares (Ilustrador e cartunista), Ana Carolina Fernandes (Fotógrafa), Claudius Ceccon (Cartunista), Filomena Salemme (Jornalista), Flávia C. Martelli (Unaerp), Guto Nejaim (SporTV), Jairo Marques (Folha de S.Paulo), João Theodoro (Jornalista), Jorge Araújo (Folha de S.Paulo), Jorge Tarquini (ESPM), José Armando Vannucci (Crítico de TV), Marcio Baraldi (Cartunista), Milton Jung (CBN), Mônica Miranda (Rádio Itatiaia), Orivaldo Perin (O Globo), Pedro Ortiz (USP), Ricardo Anderáos (Editora Abril), e Sérgio Lüdtke (IICS).