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Redes sociais e redações se unem contra notícias falsas na internet

Boatos espalhados em sites e aplicativos de mensagens colocam vidas em risco

Uma série de tweets ou um vídeo ao vivo no Facebook pode levar pessoas para a cena de um tiroteio, a explosão de uma bomba, um terremoto. Hoje, as primeiras imagens a emergir de um evento foram capturadas por uma testemunha; as injustiças que talvez nunca fossem relatadas tornam-se notícias globais porque um espectador pegou seu smartphone. A instantaneidade da informação na rede impõe novos desafios para profissionais da comunicação e da área da segurança, que alertam sobre os perigos da divulgação sem checagem. As redes sociais e redações de grandes veículos já começam a pensar formas de combater os chamados hoaxes (boatos de internet) maliciosos e as notícias falsas, publicados em formas cada vez mais convincentes e sofisticadas.

Vítima de um desses boatos, o motorista Valfredo Pereira de Souza, 39 anos, foi à 1ª Delegacia de Polícia (Barris) nesta terça (18), para dizer que não é o “maníaco da seringa”. No início do mês, o suspeito já havia atacado dois homens em Salvador. Na tarde de ontem, fez a terceira vítima. Ele atinge as vítimas com seringas supostamente contaminadas com doenças sexualmente transmissíveis.

De acordo com o Correio*, Valfredo contou que teve o seu perfil do Facebook invadido há meses e agora sua foto está sendo espalhada por meio do aplicativo Whatsapp junto com o alerta sobre o maníaco. “Tenho muito medo da reação das pessoas. Daqui que tente convencer de que não sou eu, já terei apanhando muito ou até ser morto”, declarou ao jornal. As autoridades policiais pedem que a população aguarde a divulgação do retrato-falado e não repasse imagens de suspeitos.

Da descoberta à verificação

Por que as pessoas compartilham notícias falsas? Para alguns, espalhar essas informações é uma brincadeira ou um trote para a era digital, por vezes até praticado pelos sites de sátiras de notícias. Para outros, é um esforço narcisista para acumular “likes” e seguidores. Outros veem oportunidade política ou comercial.

O jornalista Josh Stearns acredita que, entender esta questão pode ajudar a promover uma cobertura mais confiável. Ele é diretor associado do projeto First Draft Coalition, um projeto dedicado à melhoria dos padrões da comunicação e partilha de informação que emerge on-line, uma espécie de guia da descoberta à verificação.

fake-collageStearns explica que uma das hipóteses é que os boatos surgem para ajudar a preencher as lacunas de conhecimento e informação. Outra teoria aponta para o fato de que as pessoas querem para compartilhar não é a informação, mas o gatilho emocional. Então, a rede social seria o local de encontro entre esses dois elementos.

“Em face de uma tragédia, as pessoas querem dizer a seus seguidores o que está acontecendo, repassar informações importantes, compartilhar fotos que ajudam a adicionar contexto para o caos”, afirma. As mensagens são ainda acompanhadas de avisos, conselhos de segurança e chamadas específicas aos amigos e seguidores que possam ser afetados.

Golpistas virtuais (scammers) sabem disso e tiram vantagem do desejo das pessoas de ajudar em mídia social através de curtidas e ações. Por isso, ele alerta que uma corrida para compartilhar, sem verificar a legitimidade das informações, pode atrapalhar muito mais do que ajudar.

Combate

A boa notícia é que as redes sociais e redações globais começam a se articular para combater a desinformação online, através de coligações e recursos que checam a veracidade das notícias. Facebook e o Twitter, por exemplo, decidiram integrar a rede First Draft Coalition, que conta com a participação de mais de 30 empresas de tecnologia e mídia para tentar combater notícias falsas, entre elas o New York Times e Washington Post, além do BuzzFeed News, Agence France-Presse e CNN. A rede possui um código voluntário de práticas que promove a instrução sobre notícias dentro das redes sociais e prepara uma plataforma em que os usuários podem verificar histórias questionáveis.google-ferramenta1

O Google também lançou um recurso que verifica os dados das notícias classificando-as como verdadeiras ou não por meio do “Fact Check”. De acordo com o TechTudo, a ideia é que quem navegue pelo Google Notícias possa separar com mais facilidade informação de qualidade de boatos e notícias falsas. O mecanismo funcionará por meio de uma tag que criadores de conteúdo poderão aplicar às informações que liberam na Internet. Segundo o Google, haverá o monitoramento do uso do recurso para garantir que fontes falsas de informação não utilizem o “fact check” para enganar o leitor. Mas, o recurso de checagem do Google por enquanto só está disponível nos domínios news.google.com dos EUA e Reino Unido, mas poderá chegar ao Brasil em breve.

*Com informações do First Draft, Correio* e Portal IMPRENSA.

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Era da internet fixa ilimitada acabou, diz Anatel

O presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) afirmou em coletiva nesta segunda-feira (18) que a era da internet ilimitada acabou no Brasil. Ele diz que não existe mais possibilidade das operadoras de banda larga oferecerem esse serviço sem limitação, o que fará com que o sistema agora passe por uma migração usando franquias, de modo parecido com o que acontece com a internet móvel. A Anatel publicou uma medida cautelar suspendendo por 90 dias mudanças no modelo de internet. No período, as empresas devem informar à Anatel um plano de comunicação com os usuários (confira aqui as regras), que devem receber explicações sobre as mudanças, as franquias, pacotes e possíveis mudanças de contratos.

Depois que a Anatel aprovar o plano, as empresas poderão colocar em prática as franquias na banda larga fixa. A determinação publica no Diário Oficial é uma resposta à polêmica da última semana, quando entidades de defesa do consumidor, além de uma grande mobilização nas redes sociais, alertaram para os prejuízos que um regime de franquia (limitação mensal de uso de dados) geraria para os usuários.

Com esse novo modelo, o usuário vai contratar um determinado volume de dados e, quando este se encerrar, a operadora poderá cortar a internet até o novo ciclo ou diminuir a velocidade da conexão. A Anatel informou que só aguarda os planos de comunicação das operadoras que vão aplicar o novo modelo de serviço. “A oferta tem que ser aderente à realidade”, explicou Resende, segundo a Folha.

Uma das principais obrigações que as empresas terão que atender, conforme determinação da Anatel, é criar ferramentas que possibilitem ao usuário acompanhar seu consumo. Se a opção for criar um portal, o cliente poderá saber seu perfil e histórico de consumo, para saber que tipo de pacote é mais adequado. Além disso, a empresas terão que notificar o consumidor quando estiver próximo do esgotamento de sua franquia e informar todos os pacotes disponíveis para o cliente, com previsão de velocidade de conexão e franquia de dados.

Vivo, NET e Oi decidiram estabelecer um limite de consumo de dados mensal para os assinantes de banda larga fixa. É uma limitação similar à que se tem no celular. Em alguns casos, ao atingir a franquia, a velocidade da banda larga cai a níveis mínimos. Em outros, a conexão será interrompida. Especialistas alegam que o problema não está na cobrança de franquias em si, prática adotada por algumas operadoras de outros países, mas no limite de dados definido por algumas delas. As da Vivo, por exemplo, começam em 10 GB, o suficiente para assistir três episódios de uma série em HD no Netflix. O estouro regular do limite de dados, todo mês, torna muito difícil ou impossível para o usuário controlar o orçamento com serviços de comunicação.

A medida cautelar abrange as empresas Algar Telecom S.A, Brasil Telecomunicações S.A, Cabo Serviços de Telecomunicações Ltda, Claro S.A., Global Village Telecom Ltda, OI Móvel S.A., Sky Serviços de Banda Larga Ltda, Telefônica Brasil S.A, Telemar Norte Leste S.A, TIM Celular S.A., Sercomtel S.A Telecomunicações e OI S.A. Essas prestadoras contavam com mais de 50 mil acessos em serviço ao final de fevereiro de 2016 e, de acordo com o Regulamento Geral de Direitos do Consumidor de Serviços de Telecomunicações, não podem ser consideradas empresas de pequeno porte, conferido a elas mais obrigações.

*Com informações do Correio*, da Agência Brasil,  Folha de S.Paulo e Bruno Ferrari (Época).

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CPI de Crimes Cibernéticos propõe leis que ferem liberdade de expressão e violam privacidade

O relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de Crimes Cibernéticos, que concluiu seus trabalhos nesta quinta-feira (31), não foi bem recebido por especialistas. O documento de mais de 250 páginas traz pontos polêmicos que ferem o Marco Civil da Internet, violam a liberdade de expressão e instauram um perene estado de vigilância na rede. A votação da CPI está prevista para o dia 7 de abril e o encerramento dos trabalhos da comissão estão programados para o dia 12.

Há oito anteprojetos de lei que a rigor promovem graves retrocessos e cerceamentos. Um deles prevê condenação de até dois anos de prisão pra quem desrespeitar os “termos de uso” – aquela página que você diz concordar sem nem ter lido – de sites e aplicativos. Outra lei obriga a remoção de qualquer ofensa a político (mesmo denúncias) a pedido do próprio em 48 horas, sob pena de a empresa ser enquadrada como coautora. Provedores de internet são obrigados a revelar de imediato o dono de cada endereço de IP na rede, cedendo às forças policiais o nome e endereço do usuário, sem que seja necessário passar pela Justiça. Falar mal de governos ou de políticos poderá fazer o usuário ser visitado em casa por um policial.

“A amplificação do dano advém da característica das redes sociais que permitem a replicação e a continuidade das postagens de forma impessoal e com pouco ou nenhum esforço”, justificam os deputados. “Deve-se considerar a impossibilidade prática do direito ao esquecimento. Bastam alguns cliques para que postagens sejam revividas e o pesadelo das vítimas seja reiniciado”, concluem. Um PL atribui competência à Polícia Federal para qualquer crime praticado usando um computador ou celular, o que pode incluir o download de músicas e filmes. A polícia teria acesso a dados sensíveis de uma pessoa, como nome e endereço domiciliar através de seu computador.

O professor e advogado Carlos Afonso Souza, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS-Rio), alerta para o perigo de dispensar a intervenção do Poder Judiciário. “Ao ter uma ferramenta jurídica legal, que dá a cada um o direito de pedir a remoção de conteúdos a cada 48 horas, certamente não é nada salutar quando o Brasil está justamente trabalhando no amadurecimento das ideias políticas na Internet. O uso político da Internet no Brasil está amadurecendo nesse momento a duras penas, com debates pós-eleição para presidente”.

Para ele, a alteração proposta pela CPI vem a recrudescer esse cenário. “Ao invés de amadurecer,a gente vai dar um passo atrás e impedir que a Internet seja um campo de amadurecimento, de construção, de crítica política. Por que a gente percebe que é através da rede que a gente complementa muito das informações que vemos na mídia impressa e televisiva. Não é o momento de restringir o acesso às informações”, alerta Souza.

Marco Civil

Marcocivilcamara__625O Marco Civil da Internet é uma lei aprovada em 2014 que afirma que os provedores de aplicações (como redes sociais e aplicativos de mensagens) apenas podem ser responsabilizados pelo conteúdo postados pelos seus usuários se descumprirem uma ordem judicial que determine a remoção de um conteúdo ilícito. Em outras palavras, o Marco Civil não obriga provedores de internet a tirarem algo do ar só por que alguém mandou – a menos que seja algo pornográfico ou efetivamente criminoso. Pela nova proposta, numa discussão política, as pessoas do partido contrário vão sempre alegar que as publicações do outro partido atingem a honra do seu candidato. O mesmo vale qualquer comentário mais crítico.

Para o diretor do ITS-Rio, a remoção de conteúdo por violação à honra “cai como uma luva em tempos onde a Internet está tão dividida politicamente” e se aprovada se tornaria a ferramenta perfeita para abafar o discurso político contrário. “Bastará notificar que o provedor deverá remover o conteúdo. É um duro golpe para a liberdade de expressão. Certamente será uma medida também muito usada por políticos para impedir que críticas sejam feitas à sua atuação”, avalia o professor.

Neutralidade de rede

Outro projeto de lei estabeleceria a possibilidade de bloquear serviços conectados a partir de ordens judiciais. Isso permitia que provedores de internet fossem obrigados pela Justiça a barrar o acesso a aplicações da internet consideradas ilegais. A prática iria tornar corrente o mecanismo que, no ano passado, fez o Whatsapp ficar inacessível no Brasil por pouco mais de 12 horas. Os deputados assumem que a medida será uma violação ao princípio da neutralidade de rede, estabelecido pelo Marco Civil da Internet. Ele prega a transmissão de qualquer conteúdo enviado pela internet com igual velocidade e condições técnicas. A ideia é tirar do radar dos brasileiros na internet serviços que, por exemplo, ofereçam conteúdos que violem os direitos autorais ou pornografia infantil.

Invasão de perfis em redes sociais

A proposta altera a legislação de crimes eletrônicos, que ficou conhecida como Lei Carolina Dieckmann (Lei nº 12.737, de 2012), que pune a invasão de computadores com a intenção de obter dados particulares. A proposta é ampliar e transformar em crime o acesso não permitido a qualquer sistema informatizado ou aparelho eletrônico que cause prejuízo econômico, alteração de dados, instalação de vulnerabilidades, obtenção de conteúdo ou o controle remoto da plataforma ou aparelho em questão.

Seriam incluídas invasões a smartphones e redes sociais. Essa conduta poderia dar até dois anos de cadeia. A pena aumentaria para até quatro anos se cometida contra presidentes da República, do STF, da Câmara, do Senado, das Assembleias Legislativas estaduais e distrital, Câmaras municipais e administradores públicos. Caso o acesso ocorra graças à violação de um mecanismo de segurança do sistema, o período de reclusão aumenta de dois a três terços da pena. O argumento dos deputados é que, quando aprovada, a lei Carolina Dieckman não especificou atitudes que poderiam incorrer em crime.

Recursos públicos

Para subsidiar as atividades da polícia judiciária, os deputados sugerem a criação de uma lei para destinar os recursos de um fundo bilionário voltado atualmente à fiscalização das telecomunicações. Assim, para legislar a internet, os membros da CPI sugerem que é preciso obter mais verba, ignorando o fato de que o Brasil é um país já notabilizado pela má gestão de recursos públicos. A ideia é usar até 10% do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (Fistel). O dinheiro do fundo advém das taxas de fiscalização cobradas pela Anatel, de parte dos valores pagos por empresas que querem operar no Brasil e de multas aplicadas pela agência. Não é pouca coisa: entre 2001 e 2015, o Fistel arrecadou R$ 63,5 bilhões. Os deputados argumentam que os recursos ajudariam as polícias judiciais a se estruturarem para combater o crime cibernético.

Sem rumo

Instaurada em julho de 2015, a CPI tinha objetivo de investigar a prática de crimes cibernéticos e seus efeitos sobre a economia brasileira, mas, de acordo com o jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais Alexandre Inagaki, perdeu o rumo e saiu do escopo inicial. “A internet e os avanços tecnológicos atropelam as legislações sem parar pra prestar socorro. Os projetos de lei sugeridos pela CPI chegam a ser pueris na tentativa vã de quererem controlar algo que se move tão rapidamente”. Durante nove meses, a Comissão ouviu 103 especialistas em criminalística, em direito digital, representantes da Polícia Federal, da Abin, do CDCiber do Exército, de provedores de internet (Oi, Claro, Vivo e TIM) e de serviços conectados (Google, Facebook, WhatsApp, Yahoo e Twitter, Microsoft).

*Com informações de Carla Matsu para o IDGNOW! e Helton Gomes (G1-SP) e Gustavo de Almeida (EXTRA).

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Cibercriminosos usam e-mails para ter acesso a jornalistas latinos

Um grupo de cibercriminosos tem usado Trojans (Cavalos de Tróia) para ter acesso a políticos, jornalistas e figuras públicas em diversos países da América do Sul, segundo apontamento feito por investigadores do Citizen Lab da Munk  School of Global Affairs, da Universidade de Toronto. De acordo com os estudiosos, o grupo criminoso, que foi apelidado de “Packrat”, usa e-mails fraudados com temas políticos para distribuir RATs (sigla em inglês para “Trojans”) e obter acesso às contas das vítimas. Os pesquisadores ainda apontaram que os cibercriminosos têm interesse em grupos políticos e pessoas influentes em países como Argentina, Equador e Venezuela. No Brasil, há evidencias de entradas entre 2008 e 2013.

Entre algumas das vítimas que tiveram seus nomes divulgados estão o jornalista Jorge Lanata, o promotor Alberto Nisman e Maximo Kirchner, filho dos ex-presidentes da Argentina Néstor Kirchner e Cristina Kirchner, todos argentinos. “Acreditamos que o destinatário final das informações coletadas pelo Packrat provavelmente seja um ou mais governos da região”, apontaram os pesquisadores.

“O Packrat destaca a extensão que campanhas de ataque podem rodar usando técnicas limitadas e muito criativas. De uma perspectiva técnica, eles dependem quase inteiramente de RATs novos para evitar a detecção antivírus. Eles se sobressaem é no tempo e esforço gastos para criar detalhadas e convincentes organizações falsas para alimentar seu malware”, descreveu um dos investigadores.

*informações do Portal IMPRENSA

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