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Jornalista lança site com mapeamento de escritoras negras da Bahia

Uma importante ferramenta de fomento à produção literária na Bahia está disponível a partir desta sexta (7). O mapeamento Escritoras Negras, que é produto de um levantamento feito pela jornalista baiana Calila das Mercês, de 28 anos, traz um diagnóstico das escritoras negras no estado e do acesso de grupos minoritários à arte e literatura. O site reúne o trabalho de escritoras em diversos segmentos literários, como poemas, contos, artigos e romances.

Segundo a doutoranda em literatura pela Universidade de Brasília (UnB), o projeto “nasce de um desejo de evidenciar os trabalhos e as artes de tantas mulheres que, através das palavras escrita e oral, transformam o mundo”. Todas as escritoras citadas terão livre acesso para alterar e acrescentar informações sobre elas, além de alimentar o espaço com produções e textos literários próprios, notícias e espaço para novas cadastradas.

A jornalista afirmou à Agência Brasil que o mapeamento é uma segunda etapa de outro projeto – Escritoras da Bahia -, realizado de forma independente em 2012, quando identificou mais de 50 escritoras na Bahia. Não tem, portanto, ligação direta com sua tese de doutorado, a ser defendida na UnB. Ao longo da pesquisa, ela sentiu a necessidade de levantar quantas são negras e como é a realidade do mercado literário para essas mulheres.

Realidade dura

Segundo o estudo realizado este ano, nenhuma das escritoras negras teve uma obra publicada por uma grande editora do estado ou do país. “Eu fiquei abismada com a quantidade de mulheres negras que não conseguem publicar e quando publicam é em livros de antologias – não são livros próprios. Então, elas precisam pagar para publicar, quando acontece, e têm dificuldade de divulgar o trabalho. É uma realidade muito dura para as mulheres negras”.

Calila das Mercês é baiana natural de Conceição do Jacuípe. Ela conta que cresceu tendo como referências sua avó, dona Carlinda da Conceição, uma mulher negra que nasceu em 1922, em são Bento, viveu em região quilombola, no Recôncavo, e, depois, em Salvador. Ela reflete sobre o momento que o Brasil atravessa e reforça a importância da representatividade. “Eu queria que as meninas negras e de periferia tivessem esse entendimento de compreender que não vamos esquecer as histórias delas. O projeto é de termos um lugar para registrar as nossas escrevivências, como diz Conceição Evaristo, no nosso modo de olhar o mundo”.

Apoiado pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, o projeto contempla três produtos: a) o site lançado hoje; um ciclo de oficinas, entre os dias 7 e 20 de julho, voltadas a mulheres de comunidades afro-indígenas, nas cidades de Alcabaça, Caravelas e Prado; b) e duas palestras – uma na Universidade do Estado da Bahia (UNEB), no Campus Teixeira de Freitas, e outra no Fórum de Cultura, em Caravelas; c) e um e-book bilingue (português e inglês), com textos acadêmico-culturais relacionados à negritude e à autoria negra, perfis de escritoras e intervenções artísticas na Bahia.

No dia 25 de julho, é comemorado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e o Dia Nacional do Escritor. O estudo vem também como forma de evidenciar a arte de mulheres negras baianas e reforçar a Década Internacional de Afrodescendentes, decretada pela ONU entre 2015 e 2024.

*Com informações da Agência Brasil e do Blogueiras Negras

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ABI BAHIANA Notícias

ABI promove mesa sobre os seis meses do governo Trump

Debate abordará investidas do presidente estadunidense contra a imprensa

Por Luís Guilherme Pontes Tavares*

A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) promoverá na manhã de 20 de julho (quinta-feira), a partir das 9h30, a mesa redonda “Os primeiros seis meses da administração Donald Trump”. O evento será realizado na Sala de Reunião Afonso Maciel, no 2º piso do edifício-sede da instituição (Rua Guedes de Brito, 01, esquina da Praça da Sé). Será aberto ao público, mas é necessário o contato prévio com a secretaria (3322 6903), devido ao limite de lugares.

Estão confirmados, como debatedores, os jornalistas Ranulfo Bocayúva e Tony Pacheco, ambos comentaristas da cena internacional. Os dois divulgam suas análises em veículos impressos e radiofônicos. Está prevista, também, a participação do cartunista Osmani Simanca, ocasião em que exibirá as charges que elaborou sobre o personagem desde a campanha eleitoral norte-americana de 2016.

TRUMP E A IMPRENSA

trump_liberdade_charge SIMANCAO presidente Donald Trump assumiu em 20 de janeiro deste ano após surpreendente vitória contra a candidata, que pontuava como favorita, do Partido Democrata, Hillary Clinton. Desde a campanha e ao longo desses seis meses de administração, Trump tem se confirmado com fenômeno midiático, exibindo-se com provocações através das mídias sociais, sobretudo pelo Twitter. Desde o ano passado, esse personagem tem afligido o mundo com bravatas que ameaçam a paz e o meio-ambiente.

Donald Trump, nova-iorquino de 71 anos de idade, é bilionário que multiplicou a herança paterna e possui negócios, sobretudo imobiliários, espalhados pelo mundo. É o patriarca de família de empresários e, no quadro de auxiliares diretos de seu governo, figuram sua filha e o marido dela. O presidente norte-americano é filiado ao Partido Republicano, porém, tem colecionado antagonistas também no âmbito dessa agremiação política.

Os jornalistas Bocayúva e Pacheco, assim como Simanca, não desconhecem que Trump tem investido contra a imprensa com gestos e palavras que contrariam a tradição liberal dos EUA. A Constituição desse país protege a ação da imprensa e os poderes constituídos a encaram como um dos pilares que garantem a governabilidade, o progresso e o bem-estar do povo norte-americano.

*Luís Guilherme Pontes Tavares é diretor da ABI

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Exército admite que provas do caso Vladimir Herzog podem ter sido destruídas

A história do jornalista Vladimir Herzog, o Vlado, é icônica para entender os métodos adotados pelos militares durante a Ditadura Militar. Suspeito de manter ligação com o PCB (Partido Comunista Brasileiro) — que atuava ilegalmente na época, ele se apresentou ao DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informação — Centro de Operações de Defesa Interna) espontaneamente na manhã do dia 25 de outubro de 1975, um sábado. Horas depois o SNI (Serviço Nacional de Informações) anunciou seu suicídio.

O caso de tortura que mudou o curso da ditadura militar - Foto: Reprodução
O caso de tortura que mudou o curso da ditadura militar – Foto: Reprodução

A foto emblemática de seu corpo, feita por Silvaldo Leung Vieira, mostra Vlado pendurado por um cinto em uma cela. Suas pernas estão dobradas, o que impossibilita o suicídio. Além disso, o cinto — que o Exército alegou ser o instrumento usado para a prática — não fazia parte do uniforme, um macacão. A família, há quase 42 anos, questiona a versão apresentada pelo Exército brasileiro. Eles questionam a falta de informação sobre a morte de Vlado. Não sabe quem colheu o seu depoimento e muito menos quem o matou. No mesmo ano da morte de Herzog, o jornalista Rodolfo Konder também estava preso em uma cela no DOI-CODI. Quando foi solto, foi o primeiro a denunciar o assassinato do amigo, enquanto o regime militar tentava emplacar a versão de suicídio.

Em 2012, o juiz Márcio Martins Bonilha Filho, da 2ª Vara de Registros Públicos do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), determinou a retificação do atestado de óbito de Vlado, para fazer constar que sua “morte decorreu de lesões e maus-tratos sofridos em dependência do II Exército – SP (Doi-Codi)”, atendendo a um pedido feito pela Comissão Nacional da Verdade. A família de Herzog foi quem solicitou que fosse retirada da causa da morte a asfixia mecânica, constava no laudo necroscópico e no atestado.

Agora, uma matéria do portal R7 indicou que Exército do Brasil pode ter destruídos provas que poderiam incriminar os responsáveis pelo assassinato do jornalista. Através da Lei de Acesso à Informação, o veículo pediu informações sobre funcionários que estariam no DOI-CODI, em São Paulo, na data da morte de Vladimir Herzog. A proposta era, a partir dos dados dos militares presentes, fazer uma possível análise do culpado pelo crime.

Em resposta, o Exército invoca o decreto nº 79.099, de 6 de janeiro de 1977, e afirma que tal determinação “permitia a destruição de documentos sigilosos, bem como os eventuais termos de destruição, pela autoridade que os elaborou ou pela autoridade que detivesse a sua custódia.” A declaração acrescenta que “não foi localizado qualquer registro da documentação solicitada no Comando do Exército” e completa afirmando que “tais documentos, se existiram, foram destruídos pelas razões acima expostas.”

O filho mais velho de Vlado — e diretor executivo do Instituto em homenagem — Ivo Herzog comenta a resposta. “Eu acho que é covardia do Exército não ter coragem de assumir os atos que cometeu no passado. Uma instituição madura deve reconhecer o que fez no passado, se ela fez um julgamento, certo ou errado, que ela assuma esse julgamento.”

Ao lado da mãe, Clarice Herzog, Ivo foi em maio deste ano à Corte Interamericana de Direitos Humanos para exigir uma resposta. A expectativa da família é de que o Estado brasileiro seja penalizado pela prisão arbitrária, tortura e morte do jornalista. “A sentença deve sair até o final do ano”, explica. Ivo Herzog completa. “A gente tem que andar pra frente e a gente só vai andar pra frente quando reconhecermos o que aconteceu no passado. E essa recusa do Exército e do próprio Estado brasileiro não colabora em nada para o aprimoramento da sociedade.”

Vladimir Herzog foi jornalista, professor e cineasta brasileiro. Nasceu em 27 de junho de 1937 na cidade de Osijsk, na Croácia (na época, parte da Iugoslávia), morou na Itália e emigrou para o Brasil com os pais em 1942. Foi criado em São Paulo e naturalizou-se brasileiro. Estudou Filosofia na Universidade de São Paulo (USP) e iniciou a carreira de jornalista em 1959, no jornal O Estado de S. Paulo. Nessa época, achou que seu nome de batismo, Vlado, não soava bem no Brasil e decidiu passar a assinar como Vladimir.

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*As informações são de Peu Araújo, do R7, e do site Memórias da Ditadura

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Agências se unem para lançar site de jornalismo de dados

A produção de informações digitais, o movimento de transparência e as leis de acesso à informação  tem feito o jornalismo de dados avançar a passos largos. O termo “dado”, que antes era comum apenas a analistas de marketing, estatísticos e profissionais ligados à área econômica ou tecnológica, invadiu de vez o universo jornalístico. Nesta segunda-feira (3), as agências de notícias AFP (França), Ansa (Itália) e DPA (Alemanha) lançaram um site gratuito que oferece conteúdo multimídia sobre a União Europeia. De acordo com o grupo, a proposta do European Data News Hub (EDNH) é “informar e estimular o debate sobre questões da vida cotidiana na Europa”.

Foto: reprodução/internet
Foto: reprodução/internet

Para isso, o portal tem como foco fatos e números, incluindo pesquisas com base estatística, sobre temas cotidianos e de interesse do bloco, além de matérias em cinco línguas: inglês, alemão, italiano, francês e espanhol). “EDNH recebe uma subvenção da Comissão Europeia e goza de total independência editorial, a chave para a sua credibilidade, como exigido pela carta publicada no site e acessível a todos. No futuro, outros especialistas e agências de notícias europeias serão convidadas a contribuir para o EDNH, ampliando esta plataforma europeia de informação”, anunciou a AFP.

Um levantamento feito pela jornalista Natália Mazotte, diretora da revista Gênero e Número e coordenadora da Escola de Dados, afirma que, no Brasil, redações tradicionais e novas iniciativas independentes também vêm apostando no trabalho guiado por dados para suas narrativas jornalísticas. “Do lado das novas iniciativas, o jornal Nexo aposta na apuração e no formato do jornalismo de dados para trazer suas notícias com contexto e precisão. A revista digital Gênero e Número traz mensalmente narrativas guiadas por dados para qualificar o debate de gênero, aportando os números das assimetrias”. Para ela, ampliar a oferta de capacitações e romper com a resistência à liberação de dados de interesse público são os principais desafios da área. “É preciso estar em dia com o que é tendência em uma área em constante e rápida mudança”.

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