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Fake news contribuem para a queda da vacinação no país

Em meio à disseminação de boatos, fake news e à propagação de pesquisas científicas duvidosas que se espalham rapidamente na internet, especialistas alertam para o iminente ressurgimento de doenças erradicadas no Brasil. O descrédito no retorno de infecções como a poliomielite, sarampo, caxumba e rubéola se deve, em muito, ao desconhecimento da sua gravidade e das consequências que tiveram nas gerações anteriores no país.

O sarampo foi considerado erradicado desde 2016 no Brasil pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Entretanto, até 30 de outubro deste ano, 2.564 novos casos e 14 mortes foram confirmados pelo Ministério da Saúde em todo território nacional. O Norte do país concentra o maior número de eventos, onde também ocorre o principal fluxo migratório de venezuelanos, o que explica a presença do vírus com genótipo (D8) no Brasil, o mesmo que circula na Venezuela desde 2017. Esse crescimento de casos confirma a baixa adesão da população nas campanhas de vacinação, especialmente, à tríplice viral.

Foto: reprodução/internet

A cobertura vacinal no Brasil está em queda em, pelo menos, três tipos de vacina, desde o ano de 2015. Segundo relatório divulgado pela Unicef em julho deste ano, a tríplice viral, que previne contra sarampo, caxumba e rubéola, alcançou, em 2017, 85% do público-alvo, contra 100% no ano de 2014. Em Salvador, as campanhas de vacinação contra o sarampo e a poliomielite deste ano atingiram respectivamente 83,33% e 79,7% em relação a meta nacional de 95%.

Segundo a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS), não é possível fazer comparação destes números com os indicadores de anos anteriores, pois os dados não estão disponíveis. Por e-mail, a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) informou que, “por conta de atrasos e/ou inconsistências na exportação de dados desse sistema para a base de dados nacional”, as informações devem ser consultadas diretamente com a SMS. No portal da Sesab e do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), só há atualizações até os anos de 2015 e 2014, respectivamente.

Doiane Lemos, subcoordenadora de Doenças Imunopreveníveis do Complexo Municipal de Vigilância à Saúde, órgão ligado à Secretaria Municipal de Saúde de Salvador, atua na imunização há dez anos. Lemos salienta que a causa da baixa na vacinação das crianças é multifatorial e destaca a realidade social como importante elemento de análise do problema. “Hoje a mãe tem que se desdobrar para encontrar horários e levar os filhos para serem vacinados no posto de saúde, sempre conciliando com o período do trabalho. Esse é mais um fator que ocasiona a queda na cobertura vacinal”, diz Doiane. O problema é reforçado porque nem sempre o pai auxilia nos cuidados dos filhos, cenário que não contribui para a maior proteção das crianças.

Desinformação perigosa

O eletromecânico Eliel Guimarães acredita que a alimentação é suficiente para fortalecer o organismo, sem as reações adversas que as vacinas podem provocar. “Acho que só tomei [vacina] quando meus pais me levavam quando criança, e na empresa que trabalhei tomei a H1N1, depois dessa, eu tive reações colaterais, fiquei uns dias com gripe, febre. Eles dizem que isso é normal, né?”, relembra. “Mas comecei a pensar nos alimentos saudáveis que podemos ingerir e fazer com que nosso corpo fique imune. Eu acredito mais no poder da alimentação do que das vacinas hoje”, acredita.

A subcoordenadora Lemos ressalta que, apesar da alimentação saudável ser importante para o sistema de defesa do corpo, as doenças imunopreveníveis são provocadas por vírus ou bactérias, elas ainda têm uma capacidade de replicação rápida. Ela explica que não existem garantias científicas que coloquem a boa alimentação como estratégia de substituição da vacina.

Dra. Jacy Andrade associa a baixa adesão vacinal às fake news nas redes sociais – Foto: Fernando Franco

Jacy Andrade, imunologista do Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais, do Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos (HUPES), associa a falta de adesão vacinal também às fake news nas redes sociais. “A notícia impactante contra a vacina pode não ser verdade, mas aquilo desperta nas pessoas uma curiosidade imensa. Então, essas fake news têm a intenção de desinformar, é um desserviço à população”, afirma.

Mesmo com os alertas sobre os riscos para a saúde da família, o produtor musical Rhenato Costa faz parte da população descrente da importância da vacina. “Tenho duas filhinhas que não foram vacinadas”, conta, apesar de o Estatuto da Criança e do Adolescente definir como dever dos pais vacinar os filhos. Rhenato diz ter encontrado informações na internet, de grupos que se dizem profissionais da saúde e que questionam a eficiência, a inovação tecnológica na produção de vacinas e, até mesmo, a existência de perigosos vírus como o sarampo. Na Europa, investigadores médicos tiveram seus registros cassados por publicarem informações de saúde não comprovadas cientificamente. Um exemplo foi o caso do médico britânico Andrew Wakefield, que devido a uma pesquisa que associava a vacina do sarampo-papeira-rubéola com autismo em 1998, perdeu seu registro.

Reações adversas, presença de substâncias químicas e conservantes na produção das vacinas são outras críticas feitas por Rhenato. “A grande maioria das pessoas que fazem uso da vacina acabam contraindo também todas essas doenças [das vacinas] […] o que é uma coisa bem estranha”, opina. Para Rhenato, a higiene é importante como prevenção de doenças e, assim como Eliel Guimarães, optou por uma vida voltada mais para a alimentação saudável.

Avanços tecnológicos

Considerada a maior instituição de pesquisa e tecnologia em saúde na América Latina, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, produz e exporta vacinas com alto rigor de qualidade internacional, como a da febre amarela. “O Brasil tem um parque tecnológico fantástico de produção de vacina reconhecido internacionalmente”, conta Jacy Andrade, que argumenta que a segurança das vacinas está garantida pelas inovações nos modos de produção. Um exemplo desses avanços tecnológicos na produção está na diferença entre o antigo método da vacina da coqueluche e o atual. Hoje “são identificados antígenos que fazem parte da bactéria, assim a vacina fica quimicamente mais purificada”, diz. O antígeno é uma partícula capaz de estimular a produção de anticorpos no corpo.

Andrade acredita que acontecimentos pontuais contribuem para o exacerbado medo da vacinação. “Como as pessoas não conhecem o impacto da doença, o que é que impressiona?” O impacto de um evento adverso, tal como alguma reação típica após a vacinação, deveria ser muito menor do que a doença, pondera a médica. “Na minha época de estudante, a gente tinha um pavilhão de suporte para casos com poliomielite, de crianças com dificuldades, que não andavam por conta da doença, e isso só foi controlado com a vacina. A mesma coisa com o sarampo, e toda vez que há uma baixa vacinal, coloca-se em risco a população, porque pode voltar”, explica.

*Texto de Fernando Franco e Ellen Chaves, originalmente publicado no Jornal da Facom (2018.2)

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ABI BAHIANA

Palestra na ABI expõe impactos das fake news turbinadas pelas redes sociais

“O mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito para ser insignificante”. Quem nunca viu essa frase circulando na Internet com a assinatura do ator e diretor Charles Chaplin, mesmo anos depois de o escritor brasileiro Augusto Branco reivindicar a autoria do poema “Vida”? Segundo a jornalista Suely Temporal, sócia da empresa de comunicação integrada Agências de Textos, a poeta Clarice Lispector, o Papa Francisco e até o deputado Tirica também vivem “assinando” textos que nunca escreveram. Temporal expôs os impactos das notícias falsas espalhadas na rede – desde a atribuição equivocada de autoria até crimes de maior potencial ofensivo – durante palestra sobre as chamadas “fake news”, nesta quarta-feira (11). O evento inaugura o projeto “Temas Diversos”, uma série de debates idealizada pela diretoria da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), para discutir assuntos relevantes da relação entre a imprensa e a sociedade.

Suely Temporal destaca papel do jornalismo na apuração dos fatos – Foto: Joseanne Guedes/ABI

Suely Temporal abordou a crise dos modelos de negócios tradicionais, com a fuga de audiência, as novas ferramentas que servem para buscar a verdade, e o papel do jornalismo na apuração rigorosa dos fatos. Ela reconhece os principais desafios da profissão em tempos de notícias falsas, pós-verdade e polarização política globalizada. “Hoje em dia, é ‘creio, logo existe’”, afirmou a jornalista, em alusão à célebre frase do filósofo francês René Descartes (“Penso, logo existo”, do original “Je pense, donc je suis”). “Não tem como parar esse fenômeno. Precisamos criar mecanismos e não acredito que nos próximos 50 anos isso vá acontecer”. Para Suely, as fake news só expõem a credibilidade do profissional. “Sou jornalista e tenho a obrigação de checar o fato antes de pensar em compartilhar. Isso é validação da informação”.

Uma checagem que, segundo pesquisa divulgada pela jornalista, ainda não se tornou um hábito. “95% dos entrevistados não costumam validar notícia, 80% não consultam outras fontes, 65% procuram via buscadores, 20% consultam amigos e parentes”. Já um estudo realizado pela agência Advice Comunicação Corporativa, por meio do aplicativo BonusQuest, em novembro do ano passado, indicou que 78% dos brasileiros se informam pelas redes sociais. Destes, 42% admitem já ter compartilhado notícias falsas e só 39% checam com frequência as notícias antes de difundi-las.

Entre os motivos que fazem uma pessoa compartilhar um boato de Internet (os conhecidos hoax), Temporal citou a ignorância, o desconhecimento e ingenuidade. “A pessoa não sabe que a informação é falsa e repassa querendo ajudar”. Ou, por outro lado, o desejo de endossar opiniões pessoais. “E tem aqueles que usam o conteúdo sabendo que se trata de uma farsa. Isso é crime”. Segundo ela, a pós-verdade já começa, inclusive, a borrar conceitos e valores necessários para a vida em sociedade. “Há pessoas que preferem mentiras confortáveis a verdades inconvenientes”, constata.

De acordo com Suely Temporal, barrar o processo de divulgação de notícias falsas na Internet é algo bastante complexo. A fonte original pode ser bloqueada, porém, outros milhares difundem. As consequências são imprevisíveis, justamente pela fluidez e descentralização da rede. Além disso, ordens judiciais podem não ser amplamente cumpridas e eficazes em todos os casos. O resultado é a proliferação de um hábito que pode destruir uma reputação e prejudicar alguém, ou causar tragédias, como nos casos de pessoas que têm seus nomes vinculados a crimes e acabam vítimas de violência. A dica é não compartilhar uma informação no calor do recebimento, agir com cautela, desconfiar do conteúdo por mais crível que pareça. Repassar sem ler? Nem pensar.

Diretores da ABI acompanham palestra sobre “fake news” – Foto: Joseanne Guedes/ABI

O presidente da ABI, Antonio Walter Pinheiro, ressaltou a seriedade do tema, principalmente porque envolve liberdade de expressão e liberdades individuais, e destacou a imprensa como fonte primária de checagem daquilo que está sendo noticiado. De acordo com ele, os meios de comunicação tradicionais têm um papel chave no combate às fake news, neste momento em que a avalanche de informações de todos os tipos está disponível. “Esse fenômeno não é uma coisa nova e os tabloides ingleses estão aí para provar isso. O caminho é recorrer aos veículos de credibilidade e acabar com a impunidade. Já existem setores nas polícias para punir autores dessa prática. Quando alguém compartilha, está contribuindo para o problema”, completa o dirigente.

Já estão programadas discussões para as três próximas reuniões da diretoria da ABI: Josair Bastos, presidente do Sindicato das Indústrias Gráficas do Estado da Bahia, dará na reunião de maio um panorama sobre o setor; em junho, o jornalista Paulo Roberto Sampaio vai compartilhar as experiências da época em que atuou como  coordenador de cobertura televisiva da Copa do Mundo, evento esportivo realizado pela FIFA; e o jornalista e poeta Florisvaldo Mattos falará na reunião de julho sobre os 220 anos da Revolta dos Búzios, movimento também conhecido como Revolta dos Alfaiates/Conjuração Baiana.

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Após escândalo do uso político de dados, Facebook “se preocupa” com as eleições no Brasil

Em meio ao escândalo do uso político de dados que derrubou o valor de mercado do Facebook, o presidente-executivo da empresa, Mark Zuckerberg, afirmou em entrevista à rede americana CNN que as eleições de 2018 no Brasil “são uma de suas preocupações”. Zuckerberg disse lamentar o que classificou como “enorme quebra de confiança” e assegurou que a rede social vai trabalhar para impedir interferência em próximas eleições, como na Índia e no Brasil. O Facebook está investigando o vazamento de dados provocado por uma empresa britânica que trabalhou para a campanha de 2016 do presidente americano, Donald Trump.

Trata-se da empresa de consultoria Cambridge Analytica, que manipulou informação de mais de 50 milhões de usuários da rede social nos Estados Unidos. A companhia obteve as informações em 2014 e as usou para construir uma aplicação destinada a prever as decisões dos eleitores e influenciar sobre elas, segundo revelaram neste sábado os jornais “London Observer” e “New York Times”. Ex-sócio da Cambridge Analytica no Brasil, André Torretta, diz que empresa não tinha banco de dados de brasileiros.

Segundo Zuckerberg, será necessário um trabalho “muito duro” para dificultar que nações como a Rússia interfiram em eleições e que trolls espalhem notícias falsas. “Temos a responsabilidade de fazer isso, não só para as eleições de meio de mandato nos EUA. Há uma grande eleição na Índia nesse ano, há uma grande eleição no Brasil. Pode apostar que estamos muito comprometidos em fazer tudo o que pudermos para garantir a integridade”. Questionado sobre o impacto do Facebook na eleição presidencial de 2016 nos EUA, Zuckerberg disse que não consegue fazer uma avaliação sobre o tamanho do impacto que teve.

Consequências

Após dias de queda de suas ações na bolsa dos Estados Unidos, o Facebook perdeu mais de US$ 49 bilhões em valor de mercado em dois dias. Parlamentares do Reino Unidos convocaram Mark Zuckerberg para prestar esclarecimentos sobre o vazamento de dados de 50 milhões de usuários.

Este é um dos maiores vazamentos de dados na história do Facebook. Além da queda na Bolsa, a revelação do acesso indevido de dados já provoca repercussões em outros campos. Legisladores britânicos e americanos pediram explicações à empresa. A procuradora-geral do estado de Massachusetts, Maura Healey, abriu uma investigação contra a empresa. O caso poderia gerar também uma multa multimilionária ao Facebook. A suspeita é que a empresa teria violado uma regulação da Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC, na sigla em inglês) que protege a privacidade dos usuários de redes sociais.

O vazamento

Segundo a rede social, Aleksandr Kogan, um professor de psicologia russo-americano da Universidade de Cambridge, acessou os perfis de milhões de usuários que baixaram um aplicativo para o Facebook chamado “This is your digital life” e que oferecia um serviço de prognóstico da personalidade.

Com esse acesso, ele encaminhou mais de 50 milhões de perfis à Cambridge Analytica. Desses, 30 milhões deles tinham informações suficientes para serem exploradas com fins políticos. Ele conseguiu esses dados apesar de somente 270 mil usuários terem dado seu consentimento para que o aplicativo acessasse sua informação pessoal, segundo o “NYT”. Ao compartilhar esses dados com a empresa e com um dos seus fundadores, Christopher Wylie, Kogan violou as regras do Facebook, que eliminou o aplicativo em 2015 e exigiu a todos os envolvidos que destruíssem os dados coletados.

Entre os investidores na Cambridge Analytica estão o ex-estrategista-chefe de Trump e ex-chefe da sua campanha eleitoral em 2016, Steve Bannon, e um destacado doador republicano, Robert Mercer. A campanha eleitoral de Trump contratou a Cambridge Analytica em junho de 2016 e pagou mais de US$ 6 milhões a ela.

*Com informações da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

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Conselho de Comunicação cria comissão para avaliar projetos sobre fake news

O Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional criou uma comissão de relatoria para analisar os projetos de lei que tramitam na Câmara e no Senado sobre o combate às fake news (notícias falsas). A reunião desta segunda-feira (5) foi iniciada sob a expectativa de que o conselho elaboraria um anteprojeto sobre o tema, a ser submetido aos parlamentares. Devido a controvérsias em torno da competência do conselho para elaborar propostas legislativas e da possibilidade de os primeiros rascunhos do texto proporem a censura de notícias na internet sem decisões judiciais, o presidente do colegiado, Murillo de Aragão, negou a intenção de formular um projeto.

Depois de negar que elaborariam uma nova proposta sobre o tema, os conselheiros aprovaram o nome de seis membros da comissão, que deverá apresentar um relatório após ouvir os autores das propostas. Após a reunião, Murillo de Aragão, chegou a dizer a jornalistas que o anteprojeto é “apenas um estudo inicial”. Ele afirmou, ainda, que a comissão criada nesta segunda vai apresentar pareceres sobre as propostas em debate. A expectativa é que esses relatórios sejam analisados na reunião de abril.

Relacionada: Fake news e controle na internet: Senado quer retirada de notícia falsa sem autorização da Justiça

Durante a reunião, organizações que fazem parte da Coalizão Direitos na Rede divulgaram nota contra projetos de lei que visem remover conteúdos da internet e de aplicativos sem uma decisão judicial prévia. “De acordo com a referida proposta, conteúdos classificados como fake news devem ser removidos pelas plataformas em até 24 horas, contadas a partir do recebimento de mera notificação. Caso a remoção, ou bloqueio do conteúdo, não seja atendida no prazo estipulado, o ato implicaria na responsabilidade civil dos provedores de aplicação de Internet. A ideia de remoção automática de conteúdo deve ser imediatamente repelida em qualquer projeto de lei deste porte”, diz a nota.

Liberdade de imprensa

No início da semana, veículos de comunicação informaram que o conselho havia preparado um anteprojeto de lei que altera o Marco Civil da Internet com o objetivo de obrigar provedores a retirar do ar, em um prazo de até 24 horas do recebimento da reclamação, conteúdos considerados “fake news”. No texto, constam alterações ao Código Penal para prever detenção para quem criar ou divulgar notícia que sabe ser falsa e possa distorcer, alterar ou corromper gravemente a verdade sobre tema relacionado à saúde, à segurança pública, à economia nacional ou a outro interesse público relevante.

A divulgação das informações gerou repercussão a ponto de o presidente do Congresso, senador Eunício Oliveira (MDB-CE), divulgar uma nota afirmando que “não solicitou e que não está em elaboração qualquer projeto de lei para alterar o Código Penal, a Lei Eleitoral ou o Marco Civil da Internet com o objetivo de criar mecanismos à livre manifestação e informação na Internet”.

Especialistas ouvidos pelo G1 se posicionaram contra os projetos em tramitação na Câmara e no Senado que inserem, no Código Penal, o crime de divulgação de “fake news”. As propostas preveem, inclusive, prisão para quem divulgar na internet notícia “que sabe ser falsa”. Para esses estudiosos, os projetos violam as liberdades de expressão e de imprensa. Eles também argumentam que já existem mecanismos legais para combater a propagação de notícias falsas. Já os defensores das propostas argumentam que a rápida circulação de noticiário falso poderá interfir diretamente na disputa eleitoral de 2018, desequilibrando o pleito e prejudicando candidatos e partidos.

Atualmente, há no Congresso oito projetos de lei sobre o tema. Geralmente as comissões do Conselho de Comunicação Social são formadas por apenas três membros, mas, como o tema é complexo, os conselheiros aprovaram a designação de seis integrantes: dois representantes das empresas de comunicação, dois trabalhadores da área e dois indicados pela sociedade civil. O objetivo da comissão criada ontem (5) será avaliar se há a necessidade de alterar a legislação atual para que as fake news não se tornem um fenômeno que possa atrapalhar a democracia e o exercício da cidadania no Brasil.

*Informações da Agência Brasil e do G1.

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